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Nova onda de violência desloca quase 50 mil pessoas na República Centro-Africana

Comunicados à imprensa

Nova onda de violência desloca quase 50 mil pessoas na República Centro-Africana

Nova onda de violência desloca quase 50 mil pessoas na República Centro-AfricanaACNUR nformou esta semana que uma nova onda de violência na República Centro-Africana forçou o deslocamento de quase 50 mil pessoas desde o início do ano.
24 Fevereiro 2015

BANGUI, República Centro-Africana, 24 de fevereiro de 2015 (ACNUR) - A agência da ONU para refugiados informou esta semana que uma nova onda de violência na República Centro-Africana forçou o deslocamento de quase 50 mil pessoas desde o início do ano.

Isso inclui cerca de 30 mil pessoas que fugiram de suas casas e encontraram refúgio em outras partes do país e mais de 19.200 que cruzaram para a província de Equateur, na vizinha República Democrática do Congo.

Em coletiva de imprensa em Genebra, a porta-voz do ACNUR, Karin de Gruijil, disse que desde janeiro estes deslocados na República Centro-Africana foram principalmente para a cidade de Batangafo, no norte, e Bambari, no centroeste do país. Muitos estavam fugindo da violência associada a movimentos sazonais de gado e dos confrontos entre pastores e populações agrícolas locais com a milícia anti-Balaka, predominantemente cristã.

A situação se agrava porque alguns agricultores têm buscado proteção do grupo rebelde Seleka, de maioria muçulmana. Além disso, as operações militares recentes pressionaram as forças ex-Seleka a saírem dos edifícios públicos em Bria, a leste da cidade de Bambari, levando a represálias em aldeias vizinhas. Os civis ficaram no meio dos ataques e viram as suas aldeias, casas e pertences serem incendiados. As pessoas chegaram a Bambari sem nada e traumatizadas. A maioria é formada por mulheres e crianças, algumas passaram dias escondidas no mato.

De Gruijil disse que o ACNUR distribuiu itens de ajuda humanitária para mais de 1.170 famílias recentemente deslocadas em Bambari, enquanto 800 famílias em Batangafo receberam kits de emergência. "Enquanto a segurança continuar precária as necessidades humanitárias serão enormes", disse a porta-voz, acrescentando: "Pessoas armados entram nos abrigos de deslocados em Bambari e Batangafo fazendo ameaças e extorquindo dinheiro".

Alguns dos deslocados vivem a apenas alguns metros de suas antigas casas, mas eles não podem voltar por medo de perder suas vidas. Enquanto a maioria das autoridades locais está ausente, muitos edifícios públicos em Bambari são controlados por forças ex-Seleka. "É urgente e necessário reforçar a presença policial para proteger os civis e evitar novos assassinatos, assim como retaliações", diz De Gruijil, do ACNUR.

Ela acrescentou que do outro lado da fronteira, na República Democrática do Congo, o ACNUR registrou mais de 19.200 refugiados que chegaram ao território Bosobolo, ao norte de Equateur, como resultado da recente violência no distrito Kouango, na República Centro-Africano, na prefeitura de Ouaka.

"Nossas equipes em campo relatam a chegada contínua de refugiados que nos dizem ter fugido de  confrontos entre as milícias anti-Balaka e ex-Seleka em suas aldeias. Eles dizem que suas casas estão sendo queimadas e eles não têm outra escolha a não ser fugir. Se permanecessem em suas aldeias corriam o risco de serem torturados ou mortos, e as mulheres de serem violentadas ", disse De Gruijil.

Novas informações também foram relatadas no território de Mobayi. Por volta de 2.400 refugiados atravessaram a fronteira para a República Democrática do Congo, usando novos pontos de entrada nos territórios dos Mobayi e Bosobolo, desde o dia 15 de fevereiro. A maioria é formada por crianças. Eles disseram que haviam fugido por medo da violência por parte de combatentes ex-Seleka após uma operação de desarmamento em Bria.

O ACNUR e seus parceiros estão mobilizando e criando um novo local para acolher refugiados na área de Bili, afastado da fronteira. Atualmente, os recém-chegados vivem em assentamentos humanitários na margem do rio Oubangui, fronteira entre a República Democrática do Congo e República Centro-Africana, com acesso limitado a cuidados médicos, água potável e alimentos. As crianças não têm acesso à educação.

De Gruijil disse que o ACNUR estava organizando assistência emergencial, incluindo clínicas móveis e acesso à água potável, enquanto prepara a transferência dos refugiados. A falta de serviços e desafios logísticos nesta parte remota do norte da República Democrática do Congo estão tornando este trabalho ainda mais difícil. O hospital em Bili tem apenas 15 camas e carece de equipamentos.

"Nossas equipes têm recebido relatórios alarmantes de violência sexual por homens armados da CAR [República Centro-Africana]", disse De Gruijil, citando o caso de três meninas refugiadas raptadas e estupradas. "Tememos que haja muitos outros casos que não sejam comunicados. Por isso, a mudança dos refugiados para longe da fronteira é crucial e apelamos a todos os parceiros e autoridades congolesas a enviar todos os esforços necessários para permitir que esta transferência seja feita com urgência", acrescentou.

Quase 900 mil pessoas foram deslocadas pela violência na República Centro-Africana. Outros 442 mil estão deslocados no interior do país, incluindo mais de 50 mil em Bangui, cerca de 35 mil pessoas fugiram para Bambari e 33.700 para Batangafo. Cerca de 451 mil são refugiados, principalmente em Camarões, Chade, República Democrática do Congo e da República do Congo (24 mil).