Novo relatório do ACNUR revela que deslocamento forçado no mundo é o maior em 18 anos
Novo relatório do ACNUR revela que deslocamento forçado no mundo é o maior em 18 anos
GENEBRA, 19 de junho de 2013 (ACNUR) – Relatório global do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) lançado hoje revela número recorde de pessoas refugiadas ou deslocadas internas no mundo desde 1994, ressaltando que a crise na Síria é o novo grande fator de deslocamento global.
O relatório anual “Tendências Globais” engloba os deslocamentos que ocorreram em 2012, com base em dados de governos, ONGs parceiras e relatórios do ACNUR. O documento mostra que, no final de 2012, mais de 45,1 milhões de pessoas estavam em situação de deslocamento - em comparação aos 42,5 milhões no final de 2011. Essas estatísticas incluem 15,4 milhões de refugiados, 937 mil solicitantes de asilo e 28,8 milhões de pessoas forçadas a fugir dentro das fronteiras de seus próprios países.
A guerra permanece a causa dominante do deslocamento forçado. 55% dos refugiados vêm de apenas 05 países, todos afetados pela guerra: Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão. O relatório traz ainda gráficos sobre deslocamentos vindos do Mali, na República Democrática do Congo e do Sudão para o Sudão do Sul e Etiópia.
“São números verdadeiramente alarmantes. Eles refletem o sofrimento individual em grande escala, e também as dificuldades da comunidade internacional em prevenir esses conflitos e em promover soluções duradouras para eles”, disse o chefe do ACNUR e Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
O relatório destaca têndencias preocupantes em diversas áreas, entre elas a taxa de deslocamento atual. Em 2012, cerca de 7,6 milhões de pessoas foram forçosamente deslocadas, 1,1 milhões delas como refugiadas e 6,5 milhões como deslocados internos. Isto significa um novo refugiado ou deslocado interno a cada 4,1 segundos.
Evidencia-se também a lacuna contínua entre os países mais ricos e os mais pobres quando se trata de quem está acolhendo refugiados. Dos 10,5 milhões de refugiados sob o mandato do ACNUR, metade reside em países com PIB per capita é inferior a US$ 5.000 – outros dos 4,9 milhões de refugiados palestinos estão sob o mandato da UNRWA, uma agência da ONU que cuida apenas dessas populações no Oriente Médio. Ao todo, os países em desenvolvimento hospedam 81 por cento dos refugiados comparados aos 70 por cento de uma década atrás.
Crianças menores de 18 representam 46% de todos os refugiados do mundo. Além disso, em 2012, um número recorde de 21.300 solicitações de refúgio foi apresentado por crianças desacompanhadas ou separadas de seus pais. Esse é o maior número já registrado pelo ACNUR em toda sua história.
Para produzir o relatório, o ACNUR soma os novos deslocamentos com aqueles permanecem irresolutos, subtraindo os deslocamentos resolvidos (por exemplo, pessoas que retornaram para seus locais de origem ou que foram instaladas definitivamente fora de seu país por meio de nova cidadania ou outra solução duradoura).
Em 2012, a agência registrou a solução do deslocamento para cerca de 2,7 milhões de pessoas, entre elas 526 mil refugiados, 2,1 milhões de deslocados internos e 74,8 mil pessoas reassentadas pelo ACNUR em terceiros países.
No último ano, houve poucas mudanças em relação a 2011 quanto ao rank dos países com maiores populações de refugiados. O Paquistão permanece em primeiro lugar (1,6 milhão de refugiados), seguido pelo Irã (868.200) e Alemanha (589.700).
O Afeganistão permanece como o principal país de origem de refugiados, posição que ocupa por 32 anos. Em média, um em cada quatro refugiados no mundo é do Afeganistão, com 95% residindo no Paquistão ou no Irã. A Somália, outro país em conflito prolongado, foi o segundo principal país de origem de refugiados em 2012. No entanto, a taxa de saída dos refugiados diminuiu. Iraquianos foram o terceiro maior grupo (746.700 pessoas), seguido por sírios (471.400)
Com mais pessoas deslocadas dentro dos seus próprios países, o número de 28,8 milhões em 2012 é um dos maiores das últimas duas décadas. Isso inclui 17,7 milhões que estão sendo ajudados pelo ACNUR. A assistência para estes deslocados internos não é automática, ocorrendo com o pedido dos governos. Novos deslocamentos internos significativos foram assistidos na República Democrática do Congo e na Síria.
Lançado anualmente, o relatório “Tendências Globais” é o principal documento do ACNUR sobre deslocamentos forçados e está disponível na Internet, com materiais adicionais, na página http://unhcr.org/globaltrendsjune2013