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Número de somalis deslocados na actual onda de violência aproxima-se dos 120.000

Comunicados à imprensa

Número de somalis deslocados na actual onda de violência aproxima-se dos 120.000

Número de somalis deslocados na actual onda de violência aproxima-se dos 120.000O ACNUR condenou na passada terça-feira a vitimização...
9 Junho 2009

GENEBRA, 9 de junho de 2009 (ACNUR) – O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados condenou na passada terça-feira a vitimização de civis somalis em Mogadíscio, depois de um fim de semana de combates intensos que causaram a fuga da cidade de milhares de pessoas. Calcula-se que este último êxodo fez com que o número de pessoas que se deslocaram da capital subisse de 100.000 para 117.000 desde as batalhas de rua que irromperam desde o passado 8 de maio.

"O ACNUR está seriamente preocupado com a violência e com o facto de que é mais uma agravante para a já desesperante situação humanitária no terreno", disse o porta-voz do ACNUR, William Spindler em Genebra na passada terça-feira.
Os combates entre forças governamentais e os grupos da oposição Al-Shabaab e Hisb-ul-Islam, em várias zonas do noroeste de Mogadíscio mataram mais de 200 pessoas durante os últimos meses, sobretudo civis, e fizeram centenas de feridos que se encontram nos hospitais locais.

"A maneira como os civis estão a ser transformados em vítimas por este conflito é inaceitável. As partes envolvidas no conflito em Mogadíscio lutam sem mostrar nenhuma consideração pela segurança dos civis sendo uma clara violação dos princípios humanitários internacionais e dos direitos humanos", disse Spindler. "O ACNUR apela aos beligerantes para que garantam a protecção e a segurança da população civil".

Em Nairobi, o representante do ACNUR na Somália, Guillermo Bettocchi incitou as forças rivais a respeitar os direitos dos civis. "O sofrimento que os civis estão a passar é inaceitável. Todas as partes beligerantes nesse conflito devem ser lembradas das suas obrigações no âmbito humanitário internacional e da lei dos direitos humanos sobre a protecção dos civis, e devem também evitar os ataques indiscriminados contra os mesmos, limitando para isso os seus ataques a alvos militares", disse Bettocchi.

A maioria dos deslocados são mulheres e crianças, muitos fogem com poucos pertences, e têm de suportar circunstâncias extremamente difíceis. As mulheres são particularmente vulneráveis. Há relatos de violações e exploração sexual durante o seu caminho e em locais de refúgio. Estes riscos são agravados pela ausência de assistência humanitária.

Uma mulher de 21 anos, que leva o seu bebé nos braços depois de fugir de Mogadíscio de autocarro, disse ao pessoal de um dos parceiros locais do ACNUR que o seu marido tinha sido morto no último combate, e que ela queria seguir o seu caminho através do Golfo de Aden rumo ao Iémen. "Eu não dei dinheiro ao motorista do autocarro, mas ele usou o meu corpo", ela alegou, acrescentando: "Eu nunca mais vou regressar à Somália."

Os relatórios recebidos por parte das nossas ONG´s sociais no local, que apoiam um hospital em Dayniile, indicam que das 218 pessoas feridas e tratadas nesse mesmo hospital, 81 eram mulheres e crianças com idade inferior a 14 anos, entre eles um bebé de seis meses.

Inúmeras famílias foram, alegadamente, separadas devido ao conflito. Os acontecimentos de Maio têm piorado num padrão de violência indiscriminada que viu, pelo menos 34 escolas temporariamente ocupadas por grupos armados desde o início do ano, e pelo menos seis escolas foram invadidas ou bombardeadas, nos últimos 12 meses.

Relatórios indicam também que as pessoas desesperadas para fugir se encontram aprisionadas durante dias nas suas casas, sem comida ou água e sem acesso aos serviços básicos, à espera de uma trégua nos combates de modo a poderem fugir da cidade.

Um hospital situado em Yaaqshiid no distrito de Mogadíscio, temendo pela segurança do pessoal médico já escasso, foi obrigado a encerrar as operações temporariamente e limitando assim o acesso aos cuidados médicos por parte dos civis feridos.