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ONU precisa de US$ 951 milhões para ajudar refugiados Rohingya em Bangladesh

Comunicados à imprensa

ONU precisa de US$ 951 milhões para ajudar refugiados Rohingya em Bangladesh

21 Março 2018
A mãe solteira Laila Begum, de 25 anos, segura seu filho Josna Bibi de 10 meses. © ACNUR/Roger Arnold

Quando foram forçados a fugir da violência em Mianmar há seis meses, Mohammad Islam e sua família não tinham nada para comer e dormiam ao ar livre durante o período das monções.

Agora, morando em uma cabana coberta por um toldo do ACNUR, o refugiado Rohingya de 45 anos fala sobre o auxílio que recebeu e que transformou uma luta desesperada pela sobrevivência em uma vida para sua esposa e cinco filhos.

“Agora temos abrigo, comemos duas vezes por dia, e somos livres para nos locomovermos pelo assentamento”, diz o ex-vendedor ambulante do norte do estado de Rakhine, agachado no chão de cimento de sua casa.

As cordas amarradas às raízes das árvores prendem a lona nas hastes de bambu. A barraca está equipada com tapetes, cobertores, mosquiteiros e uma lanterna solar. Ele e sua esposa, Kala Banu, de 25 anos, têm dois potes de arroz e cinco pratos e utensílios.

Eles estão entre as 2.531 famílias realocadas desde o final de outubro para novas instalações no assentamento de Kutupalong, onde o governo de Bangladesh, apoiado pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e seus parceiros, forneceram uma variedade de materiais, instalações e serviços.

Além dos abrigos, construídos pelos próprios refugiados em ruas informais, onde as comunidades desalojadas podem viver juntas no exílio, o ACNUR e a agência não-governamental bengali BRAC forneceram privadas para homens e mulheres, poços tubulares e iluminação solar.

“A iluminação faz eu me sentir muito mais segura quando vou ao banheiro durante a noite”, diz Kala. As instalações estão distribuídas por toda a área de 87 acres, cujo relevo é constituído por cumes e vales rasos.

“Aquilo salvou sua vida. Ele se recuperou”.

Quando o filho de Mohammad, Ayatullah, de 11 anos, desenvolveu uma dor de garganta, com glândulas inchadas e febre, a equipe médica de um centro de saúde nas proximidades, apoiado pela ONG OBAT Helpers Inc., tratou-o com suspeita de difteria, doença que afetou mais de cinco mil pessoas no assentamento e que causou muitas mortes.

“Aquilo salvou sua vida. Ele se recuperou”, disse Mohammed sobre o jovem, que está entre as 30 crianças que frequentam um centro de aprendizado com um único cômodo e que fica a poucos metros de distância. Com o apoio de ONGs e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o local ajuda a desenvolver a leitura, a escrita e as habilidades matemáticas e conta com outras atividades como aulas de canto.

Os 10.128 residentes da área também têm acesso a pontos de informações que os aconselham sobre os serviços disponíveis, como espaços para crianças e centros comunitários e de bem-estar para mulheres, que oferecem atividades destinadas à melhoria da qualidade de vida.

“Eu gosto de costurar e eu preciso de uma renda”, diz Laila Begum, de 25 anos, uma mãe solteira que participa de uma oficina de costura administrada pela BRAC e que ensina dezenas de mulheres a fazer redes de pesca e bonecos de oração para venda.

 

Seu marido ainda está em Mianmar. Contando com a assistência alimentar básica do Programa Alimentar Mundial, Laila cuida dos três filhos pequenos do casal e de três órfãs. “Eu quero variar nossa dieta”, diz, “para que não tenhamos somente arroz e lentilhas para comer”.

A melhoria das condições pode ser vista em todos os lugares. Alguns residentes agora cultivam alimentos, como abóbora, feijão e berinjela em terras vazias, e chegam até mesmo a criar galinhas.

Espaços seguros para as crianças, aconselhamento e outros serviços garantem que meninos e meninas uma vez silenciados por traumas, agora brinquem e recebam visitantes com sorrisos estampadas nos rostos.

Transformações positivas podem ser vistas em toda a vasta cidade que surge rapidamente e que abriga a maioria dos mais de 600 mil refugiados Rohingya que, desde o final de agosto, foram forçados a fugir da violência no estado de Rakhine, em Mianmar.

 

Enquanto grandes passos estão sendo dados para ajudar os moradores no assentamento - divididos em mais de 20 campos - as necessidades de dezenas de milhares de famílias que vivem no maior assentamento de refugiados do mundo são vastas.

As agências da ONU, incluindo o ACNUR, e seus parceiros lançaram um apelo conjunto na sexta-feira para arrecadar US$ 951 milhões a fim de atender as necessidades de cerca de 900 mil refugiados Rohingya e de mais de 330 mil bengalis vulneráveis ​​nas comunidades de acolhimento.

“As soluções para esta crise estão dentro de Mianmar”.

O apelo foi apresentado em Genebra pelo Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, pelo Diretor Geral da Organização Internacional para as Migrações, William Swing e pela Coordenadora Residente da ONU em Bangladesh, Mia Seppo.

“Estamos falando de necessidades verdadeiramente críticas tanto por parte das comunidades de Bangladesh que tão generosamente abriram suas portas, quanto de uma população apátrida e refugiada que, mesmo antes desta crise, estava entre as mais marginalizadas e ameaçadas do mundo”, disse Grandi.

“As soluções para esta crise estão dentro de Mianmar, e condições que permitam que os refugiados retornem para casa devem ser estabelecidas. Mas hoje estamos pedindo ajuda para suprir as necessidades imediatas, e essas necessidades são vastas”.

Em Kutupalong, mais espaço é necessário para expandir o assentamento e aliviar a superlotação, que afeta desde a saúde pública até a segurança. À medida que as monções trazem riscos de inundações e deslizamentos de terra, há uma necessidade urgente de realocar as pessoas que estão em áreas de risco.

O trabalho para abrir novos setores no assentamento está em andamento. O acampamento 4 pode ser ampliado para 123 acres a fim de aliviar a pressão em outros lugares. Para torná-lo protegido contra deslizamentos de terra, as inclinações estão sendo reduzidas e as estradas são construídas usando equipamentos de terraplanagem.

O governo de Bangladesh disse que disponibilizará mais de 500 acres de terra para ajudar a realocar as famílias mais vulneráveis que possam estar em risco com as possíveis inundações e deslizamentos de terra, embora o terreno possa não ser suficiente para acomodar todos os que precisam se mudar.