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Paquistão: "O espírito do Ramadã é o da solidariedade"

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Paquistão: "O espírito do Ramadã é o da solidariedade"

Paquistão: "O espírito do Ramadã é o da solidariedade"Na véspera do mês santo do Ramadã, Nazie e seu marido, Sheraz, cozinheiro profissional, estão tentando desesperadamente achar uma forma de se prepararem ...
12 Agosto 2010

TAROO JABBA, Paquistão. 11 de agosto (ACNUR) – Na véspera do mês santo do Ramadã, Nazie e seu marido, Sheraz, cozinheiro profissional, estão tentando desesperadamente achar uma forma de se prepararem para o mês que começa. Eles perderam a sua casa e o restaurante de Sheraz nas inundações devastadoras que assolam o Paquistão.

Agora a família não tem comida para poder quebrar o jejum e celebrar a ocasião mais importante do ano. Amigos da comunidade, na província de Khyber Pakthunkhawa, que antes tomavam a iniciativa de ajudar uns aos outros no tempo de necessidade, dispersaram-se quando as inundações destruíram não só sua comunidade, mas também suas vidas.

 “Nós não éramos ricos”, diz Sheraz, descansando ao lado de Nazia sob a sombra de uma árvore ao lado da estrada em Taroo Jabba, uma pequena cidade próxima a Peshawar. “Mas nós tínhamos a nossa própria casa: uma casa de lama”.

“Eu nunca imaginei que um dia nós estaríamos na rua.”

 “O espírito do Ramadã é o de solidariedade,” sua esposa explica tristemente. “Nossos vizinhos trocam comida, mesmo se nós tivéssemos a refeição mais simples para a quebra do jejum. Mas agora, eles todos se dispersaram. Eles estão vivendo em tendas ou com seus parentes em áreas distantes.”

Nazia continua traumatizada pela perda da sua casa: “Eu acordei à meia noite porque as pessoas estavam gritando,” ela me disse. “Eu segurei os meus filhos e saí da casa. Era muito difícil continuar andando na água que subiu até a altura do peito. A água era tão intensa que eu senti que alguém estava me empurrando muito forte. Eu não conseguia manter o equilíbrio e caí com o meu filho”. Felizmente, o marido dela pode resgatá-la e guiá-la até um terreno mais alto.

Em todo o Paquistão, milhões de sobreviventes das enchentes estão encarando o mês sagrado com preocupações muito semelhantes. Muçulmanos abstêm-se de beber e comer durante o dia, durante o Ramadã, mas tradicionalmente quebram o jejum com uma refeição de comidas fritas e doces, quando o sol se põe. Além da significância ritual da refeição, não ter comida o suficiente pode prejudicar a saúde daquele que já estão estressados por não ter abrigo e nem lar, dizem os profissionais de saúde. O Ramadã deve começar na quinta-feira no Paquistão.

Abdul Karim, de 35 anos, por exemplo, teve mais sorte. O pai de quatro crianças que tem vivido num campo de deslocados que foi danificado, mas não destruído pelas inundações, conseguiu hoje um pacote especialmente preparado. O pacote de comida do Ramadã possui chá, arroz, açúcar, sal, dátiles, temperos, sucos e leite em pó, farinha para pão e material para pakora. Está entre os 20.000 distribuídos pelo ACNUR e financiados pelo governo da Arábia Saudita, e estão sendo entregues em três campos: Jalozai, Togh Sarai, e o Complexo de Benazir, na Província Khyber Pakhtunkwa.

Karim está se sentindo tão bem que até me contou os seus sonhos de retornar para a sua casa e celebrar o Eid, a festa que marca o fim do Ramadã, na sua vila natal. “Eu estou rezando que esse seja o nosso último Ramadã nesse campo.”

Até o momento, o ACNUR providenciou mais de 41.000 lonas, 14.500 tendas para famílias, 70.000 cobertores, 40.000 sacos de dormir, 14.800 kits de cozinha, 26.600 galões, 18.600 baldes de plástico 17.700 mosquiteiros e 13,3 toneladas de sopa entre o povo afetado pela inundação no Paquistão. Na primeira entrega, na província de Sindh, a Autoridade Provincial de Gerenciamento de Desastres sobrevoou 1.000 tendas do ACNUR até Sukkar.

Rabia Ali em Taroo Jabba, Paquistão