Pessoas LGBTI são forçadas a se deslocar na linha de frente do conflito da Ucrânia
Pessoas LGBTI são forçadas a se deslocar na linha de frente do conflito da Ucrânia
DONETSK, Ucrânia, 06 de outubro de 2017 - Quando Viktor*, um homem gay de 27 anos, abriu sua porta para a polícia uma manhã, ele sabia: seu segredo foi descoberto. Quando afirmou que tinha uma namorada, a polícia reagiu com desprezo - um de seus vizinhos já havia lhes contado tudo. A menos que Viktor pudesse apresentar a suposta mulher dentro de 24 horas ou pagar um suborno, que ele não poderia pagar, ele seria preso.
Em pânico, Viktor arrumou suas coisas em uma mochila e fugiu durante a noite.
Tragicamente, a história de Viktor é familiar para muitas pessoas gays, bissexuais, trans e intersex (LGBTI) que vivem na Ucrânia, onde a homossexualidade foi legalizada apenas em 1991 e ainda é considerada tabu.
A discriminação é ainda mais exacerbada nas regiões do leste do país, como Donetsk, onde um conflito devastador forçou dois milhões de pessoas a se deslocarem e já causou mais de 10 mil mortes.
Muitas pessoas LGBTI enfrentam estigma, assédio e ataques violentos. Em alguns casos, o próprio lugar onde vivem tornou-se um lugar tão aterrorizante que a única opção é fugir.
Juntamente com outros deslocados internos LGBTI, de territórios não controlados pelo governo na Ucrânia, a Viktor encontrou ajuda de uma organização chamada Insight, que administra um abrigo e oferece assistência jurídica para aqueles que não possuem os meios para se sustentar.
"Não é fácil ser LGBTI no Oriente", diz a diretora, Olena Shevchenko. "Eles podem te espancar, eles podem te estuprar. Não é possível ser aberto, porque você nunca tem certeza do que pode acontecer em seguida. Você precisa levar uma vida escondida ".