Pessoas refugiadas celebram o orgulho LGBTQIA+ em Brasília
Pessoas refugiadas celebram o orgulho LGBTQIA+ em Brasília
Para externar todo o seu agradecimento ao Brasil, país que o recebeu há cinco anos, ele decidiu tatuar a expressão em português no pescoço. “Estou orgulhoso e agradecido ao Brasil por acolher todos os refugiados como uma família. O Brasil é o meu segundo país”, disse ele no domingo (9), durante a 24ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Brasília.
Em parceria com a Associação Brasília Orgulho, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) levou 12 pessoas venezuelanas para participarem do festival que promove a diversidade LGBTQIA+ no Distrito Federal. Foi Angel que subiu no trio elétrico para representar seus companheiros de jornada e pedir, para uma Esplanada dos Ministérios lotada, “não à homofobia e à xenofobia”.
Angel foi interiorizado voluntariamente de Boa Vista para Brasília com apoio do ACNUR, e hoje trabalha como cozinheiro. “Adoro morar aqui, nós temos direitos e qualidade de vida. Eu consegui trazer toda a minha família e dar um futuro melhor a eles”, contou Angel.
Há um ano e nove meses no Brasil, a venezuelana Narcirys, 40 anos, também é grata pelas portas abertas que encontrou no país. “Me sinto acolhida pelo apoio que tenho aqui. É a primeira vez que participo de um evento como este, e vejo que estamos entre amigos. A união faz a força, e queremos estar unidos hoje, amanhã e sempre”, disse.
O representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, explica que pessoas LGBTQIA+ deslocadas à força, independentemente de terem fugido por causa de sua identidade de gênero ou orientação sexual, muitas vezes enfrentam discriminação e outros obstáculos no acesso a direitos básicos, como educação, saúde e empregabilidade. “Por isso, eventos como esse são muito importantes para que elas se sintam verdadeiramente incluídas e integradas, e possam se expressar com liberdade”.
Empreendedorismo
O tema da inclusão econômica de pessoas LGBTQIA+ foi um dos norteadores dos eventos do festival Brasília Orgulho. No sábado (8), o ACNUR também apoiou a participação de refugiados na feira de empreendedorismo “Mercado Borboleta”.
O casal de venezuelanos Yeifrank, 23 anos, e Michael, 27, participou do evento com seu negócio de produção e venda de arepas, empanadas e sucos, o Buenos Días, que já tem um ano de existência no Distrito Federal. Empreender foi o caminho encontrado pelos dois para proporcionar uma vida digna aos filhos, de 7 e 9 anos. Além do empreendimento, Yeifrank trabalha em um emprego formal de atendente de lanchonete. Mas Michael depende apenas dos rendimentos do negócio próprio da família. O fato de não terem rede de apoio no cuidado com os meninos dificulta que os dois estejam empregados. “Tive entrevistas de emprego, mas não fui aceito, pois estavam procurando pessoas solteiras e sem filhos”, disse.
Há quase cinco anos no Brasil, o refugiado venezuelano Víctor trabalha como garçom, mas empreende em uma paixão: a maquiagem. Ele teve oportunidade de estudar para ser maquiador no Programa Qualifica DF, do Governo do Distrito Federal, que oferece vagas em cursos de qualificação profissional. Casado com um brasileiro, Víctor diz que é muito feliz hoje e demonstra esperança para o futuro: “Quero me tornar um grande maquiador neste país, e maquiar para casamentos, formaturas e festas”.