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Pessoas refugiadas produzem e distribuem alimentos para população em vulnerabilidade

Comunicados à imprensa

Pessoas refugiadas produzem e distribuem alimentos para população em vulnerabilidade

15 Dezembro 2020
Pessoas de diferentes nacionalidades receberam refeições produzidas por refugiados em São Paulo, como o refugiado nigeriano Ulthan. © ACNUR/Miguel Pachioni
São Paulo, 15 de dezembro de 2020 (ACNUR) – A pandemia da COVID-19 segue adicionando dificuldades na vida das pessoas que foram forçadas a deixar seus locais de origem para buscar proteção internacional em outros países. No Brasil, cerca de 50 mil pessoas já foram reconhecidas como refugiadas e, na busca de recomeçar suas vidas, estão tendo seu processo de integração afetado pelos impactos do novo coronavírus.

A segurança alimentar é uma das necessidades mais básicas das pessoas refugiadas, especialmente neste momento de pandemia – que limitou oportunidades de geração de renda e trouxe de volta esta questão.

Para responder a esta situação, ao longo de 2020 a organização não-governamental IKMR (parceria do ACNUR – Agência da ONU para Refugiados – no Brasil) tem fomentado a compra de marmitas produzidas por 21 refugiados que são chefs de cozinha, distribuindo-as para pessoas em situação de vulnerabilidade nas cidades de Campinas e São Paulo – entre elas, refugiados e brasileiros. A iniciativa tem o apoio de instituições culturais e da iniciativa privada.

“A companhia de teatro Nissi e o artista Kobra contribuíram ao promover a compra de refeições prontas, feitas por pessoas refugiadas para serem entregues para pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua. A proposta segue atuante até o momento, atendendo a diversos públicos em diferentes regiões da cidade”, afirma Vivianne Reis, diretora da IKMR.

Na primeira semana de dezembro, o grupo de chefs refugiados produziu meia tonelada de refeições que foram distribuídas no Centro de Integração e Cidadania do Imigrante de São Paulo, estrutura do governo estadual que atende e promove capacitações para pessoas de distintas nacionalidades. Cerca de 500 refeições foram distribuídas nesta ocasião. Na semana passada, seis cozinheiros produziram mais de 2.300 refeições que foram distribuídas em Campinas. O secretário da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Fernando José da Costa, acompanhou e parabenizou a ação realizada pela IKMR, em parceria com o ACNUR.

Desde abril de 2020, quando se iniciou, a iniciativa da IKMR já distribuiu mais de 40 mil refeições feitas por refugiados e refugiadas em regiões de elevado índice de moradores de rua e em situação de vulnerabilidade nas cidades de Campinas e São Paulo.

Entre os beneficiados pela ação da IKMR está o refugiado nigeriano Ulthan, de 34 anos. “Cheguei ao Brasil há um ano. Deixei meu país por causa das perseguições que sofria lá. Aqui, comecei a dar aulas de inglês e fui crescendo com isso, me sustentado e ajudando minha família. Porém, com a pandemia, as escolas fecharam. E como eu não falo fluentemente português, não consegui manter meu emprego e mesmo outro trabalho”, afirma Ulthan, que exemplifica o efeito da pandemia na população refugiada.

“Os alimentos que estamos recebendo são para sanar essa questão mais imediata, de fome que estamos sentindo. É uma ajuda muito necessária para também nos dar mais segurança para estarmos tranquilos, seguindo em busca de emprego”, disse.

Se por um lado o projeto da IKMR beneficia esta população, também cria a oportunidade para que pessoas refugiadas se somem à iniciativa e apliquem seus conhecimentos para ajudar quem está em situação de extrema vulnerabilidade.

É o caso o caso de Razan, refugiada síria de 31 anos que comercializa pratos da culinária árabe pelas redes sociais, empreendimento que sustenta a sua família. Ela teve seu negócio afetado pela pandemia, mas conseguir se adaptar aos novos tempos e manteve sua atividade em funcionamento. Desde abril, ela participa do projeto da IKMR com sua especialidade como chef de cozinha.

“Tivemos que nos adaptar nesse contexto de pandemia, mas seguimos produzindo nossos pratos e satisfazendo nossos clientes. Por toda a nossa trajetória, sabemos que podemos e devemos retribuir para quem está em dificuldades e assim faremos, de coração”, disse a refugiada síria.

O secretário estadual de Justiça e Cidadania de São Paulo, Fernando José da Costa, acompanhou a distribuição dos alimentos no CIC do Imigrante. © ACNUR/Miguel Pachioni

Outra beneficiada é a venezuelana Cavelinar, enfermeira de 53 anos que vive em um abrigo público e que está atualmente desempregada. “É um alívio em nossa vida poder contar com essa ajuda, pois é um olhar humano para manter firme a dignidade de cada um de nós. Não tem sido um período fácil em nossas vidas e conseguir chegar ao Brasil e contar com esse apoio é muito importante”, afirma a enfermeira.

Interiorizada de Boa Vista (RR) para São Paulo (SP) há quatro meses por meio da Operação Acolhida (resposta governamental ao fluxo de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela para o Brasil), Cavelinar pretende se mudar para uma casa com sua filha, que conseguiu manter seu trabalho.

“Sigo buscando emprego, idealmente em minha área de formação. Como fonte de renda, trabalho como doméstica, mas para conseguir ter um cantinho com minha filha, preciso ter mais segurança no trabalho”, afirma.

“Este é um dos muitos exemplos de como as pessoas refugiadas contribuem para a sociedade brasileira. As dificuldades que essas pessoas enfrentaram e a resiliência que construíram reafirmam o comprometimento em ajudar a quem precisa, sem qualquer distinção”, afirma Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR de São Paulo.

O ACNUR e seus parceiros seguem provendo ajuda emergencial às pessoas em necessidade, agregando todo o potencial de conhecimentos e comprometimento social que as pessoas refugiadas têm. No contexto de pandemia, o ACNUR segue apoiando o programa de interiorização voluntária de pessoas refugiadas, distribuindo ajuda financeira para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade e apoiando uma série de projetos de capacitação e empregabilidade junto ao setor privado.


A alimentação é um direito humano e o ACNUR segue atuando no Brasil e no mundo para garantir que pessoas refugiadas tenham esse direito assegurado.

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