Programa de 33 milhões de dólares premia décadas de hospitalidade em Bangladesh
Programa de 33 milhões de dólares premia décadas de hospitalidade em Bangladesh
TEKNAF, Bangladesh, 20 de julho (ACNUR) – Para as mulheres de Bangladesh com complicações na gravidez, uma ida de emergência ao hospital, nessa região atingida pela pobreza, vai além do orçamento doméstico e pode ser até mesmo perigoso.
Elas têm que escolher entre pagar a gasolina da corrida de 3 horas da ambulância do governo para o hospital da cidade grande mais próxima, Cozx’ Bazar, ou arriscar uma longa corrida sobre estradas esburacadas num riquixá motorizado – por vezes perigoso demais para ser levado em consideração.
Entretanto, no mês passado, duas mulheres que tiveram problemas com a gravidez foram levadas para o hospital de Cox's Bazar Sadar com todo conforto e segurança. Isto se deu graças às novíssimas ambulâncias providenciadas pelo ACNUR para o uso dos centros de saúde de Teknaf e Ukhiya.
O fornecimento de ambulâncias é apenas uma das ações desenvolvidas pela Agência para Refugiados das Nações Unidas para as comunidades locais que têm recebido há décadas refugiados Rohingya provenientes de Mianmar.
“O governo e a população de Bangladesh têm fornecido abrigo a refugiados de Mianmar por cerca de 19 anos e têm demonstrado grande hospitalidade” – Diz Craig Sanders –representante do ACNUR em Bangladesh. “Nós queremos ter certeza de que estamos aqui não apenas para ajudar os refugiados, mas também a comunidade que os recebe”, ele acrescenta.
Sanders diz que qualquer um que precise de ambulância deve ter acesso aos dois veículos, os quais também são usados para transportar refugiados gravemente doentes que não podem ser tratados nos dois campos de refugiados que abrigam 28.500 pessoas.
Como parte dos eforços para melhorar a vida da comunidade local, o ACNUR gastou 200 mil dólares para reformar seis escolas para a população de Bangladesh que mora perto dos dois campos ao sudoeste de Cozx’ Bazar. Este é o mais recente dos 140 projetos de infra-estrutura que o ACNUR tem desenvolvido para a população local desde 1993.
A equipe da ONU também decidiu que muito mais precisa ser feito para tirar esta população da pobreza.
“Quando verificamos objetivamente todos os indicadores econômicos, constatamos que os sub-distritos de Ukhiya e Teknaf, que abrigam a maioria dos refugiados, ficam muito atrás do padrão nacional”, diz Carel de Rooy, representante da Unicef em Bangladesh. “Por causa disso a ONU tem criado um intenso e abrangente programa para combater a pobreza nestes sub-distritos”.
A iniciativa conjunta das Nações Unidas para o combate da pobreza nos distritos que abrigam refugiados, liderado pela UNICEF e lançado em fevereiro, terá o investimento de 33 milhões de dólares nesta area até o final de 2011.Outras agências que também participam deste projeto são: o Programa Mundial de Alimentos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Fundo de População da ONU, todos apoiados pelo ACNUR.
Essa iniciativa visa reduzir a pobreza em 5% ao ano, nos próximos dois anos. Essa redução se dará pela melhoria das condições médicas, sanitárias e de acesso à água potável, assim como pela promoção de melhorias nas escolas, redução da falta crônica de comida e geração de empregos.
“Apoiar as áreas atingidas pelos refugiados não é responsabilidade exclusiva do ACNUR“, comenta Arthur Erkem, Coordenador Residente da ONU e Chefe do Escritório do Fundo de População em Bangladesh. “Todos nós temos a responsabilidade de utilizar nossos conhecimentos para apoiar Bangladesh, cuja população, apesar da sua própria pobreza, tem acolhido 200 mil pessoas de Mianmar.
Quanto à saúde, os mais pobres não precisarão mais se preocupar em ter dinheiro pra pagar as corridas de emergência às modestas clínicas de saúde em Teknaf e Ukhiya. Ao menos até o fim desse ano, o ACNUR pagará as contas destas ambulâncias.
“Estamos muito felizes com essas ambulâncias” afirma o médico oficial do governo na área de Kajul Barua, sediado em Cox's Bazar. “Essa é uma grande oportunidade para o nosso povo. Na maioria das vezes os mais pobres não têm como pagar a gasolina das nossas ambulâncias, por isso ficamos muito felizes com a ajuda do ACNUR.”
Arjun Jain e Kitty McKinsey em Teknaf, Bangladesh