Projeto Caleidoscópio conclui formação da primeira turma de profissionais refugiados
Projeto Caleidoscópio conclui formação da primeira turma de profissionais refugiados
A colombiana Mirta, 48, foi forçada a deixar seu país devido a perseguição política, em decorrência de sua atuação como advogada na área de direitos humanos. Formada em Direito e Ciências Políticas pela Universidade de Cartagena com Mestrado em Direito Público, chegou ao Brasil há 15 anos e em breve dará continuidade aos seus estudos, tendo sido aprovada no doutorado em Relações Internacionais pela San Tiago Dantas, em São Paulo. Na opinião de Mirta, o Projeto Caleidoscópio foi muito importante para sua contínua formação pessoal e profissional, com destaque para o conhecimento dos facilitadores do projeto.
“A doação de cada um deles e a preocupação em transmitir experiência me comoveu. Foi uma troca, um enriquecimento mútuo”.
Além de Mirta, outros 14 profissionais refugiados de sete nacionalidades diferentes, todos com pós-graduação concluída, participaram do projeto que tem como foco a integração social e laboral destes profissionais.
"O ganho com a presença de pessoas refugiadas no mercado pode ser enorme”.
A idealizadora e coordenadora acadêmica do projeto, Ana Paula Candeloro, lembrou da necessidade de incorporar a multiculturalidade e a diversidade no cotidiano empresarial, agregando valores, conhecimentos e inovação.
“Nós demos um passo para dizer ao mundo que não podemos nos fechar em cada uma de nossas bolhas individuais, e que devemos trabalhar para abrir nossas mentes e braços para novas culturas, ideias e pessoas”.
A entrega dos diplomas representa o reconhecimento dos conhecimentos adquiridos, mas também reflete a capacidade e o interesse das pessoas em situação de refúgio em dar continuidade às suas formações para que possam alcançar oportunidades de se tornarem gestores nas empresas.
“A certificação é o primeiro passo de uma longa caminhada. A interculturalidade e a experiência que o projeto viveu precisa ser ampliada dentro do país. O ganho com a presença de pessoas refugiadas no mercado pode ser enorme”, afirmou o presidente da empresa EMDOC e idealizador do PARR, João Marques.
O refugiado palestino Khaled, de 38 anos, também esteve presente na cerimônia de entrega dos diplomas. Graduado em Engenharia Biomédica com Especialização em Equipamentos Médicos pela Universidade de Damasco, Khaled trabalhou com manutenção de equipamentos médicos na Síria e atualmente é supervisor de assistência técnica de equipamentos médicos em uma empresa brasileira. Para ele, o curso foi marcante pelos novos conhecimentos adquiridos. “Aprendemos sobre riscos, como fazer consultas para empresas e como resolver problemas. O conteúdo foi muito válido e todo o esforço foi recompensado”, disse.
Em 2018 o projeto será implementado para uma nova turma e seguirá a mesma estrutura, com aulas presenciais ministradas por diferentes gestores, assessoramento de coaches de carreira e experiência de imersão para análise de casos reais de empresas.
Dentre os mais de 10 mil refugiados de mais de 80 nacionalidades diferentes que vivem no Brasil, muitos são profissionais já formados, com ampla experiência profissional nos mais variados setores e ramos no mundo empresarial. O ACNUR e seus parceiros, como o PARR e o Instituto Yiesia, seguem buscando parcerias para o fortalecimento de ações que visam a integração das pessoas em situação de refúgio de forma digna, plena e responsável.
Ao valorizar as experiências e os conhecimentos das pessoas refugiadas, iniciativas como esta parceria evidenciam a relevante contribuição que os refugiados trazem para a sociedade, agregando inovação e novas oportunidades às empresas.