Recorde de 33 milhões de deslocados pela guerra no mundo
Recorde de 33 milhões de deslocados pela guerra no mundo
Na Síria, uma família se desloca dentro do país a cada 60 segundos.
GENEBRA, 14 de maio de 2014 (ACNUR) - Um novo informe do Observatório de Deslocamento Interno (IDMC) indica que 33.3 milhões de pessoas se encontravam internamente deslocadas no final do ano de 2013 como consequência dos conflitos e da violência. Isto significa um aumento assombroso de 4.5 milhões em relação ao final de 2012, representando o nível mais alto pelo segundo ano consecutivo.
Hoje, o IDMC, que faz parte do Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), apresentou seu Informe Global de 2014 na ONU em Genebra, junto com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O informe, que abarca o deslocamento interno em 2013, destaca que, a cifra sem precedentes de 33.3 milhões de deslocados internos em todo o mundo o mundo, aproximadamente 63% são provenientes de apenas cinco países afetados por conflitos: Síria, Colômbia, Nigéria, República Democrática do Congo (RDC) e Sudão. O informe que aponta, pela primeira vez, dados sobre a Nigéria, indica que um grande número de nigerianos, 3.3 milhões se deslocou devido ao conflito.
“Estes números, sem precedentes, de pessoas que se viram forçadas a se deslocar dentro de seu próprio país, confirmam uma tendência inquietante dos deslocamentos internos desde que o IMDC começou a monitorar e analisar pela primeira vez os deslocamentos nos anos de 1990”, disse Jan Egeland, Secretário Geral da NRC.
“Este drástico aumento dos deslocamentos forçados em 2013 e o fato de que o tempo médio das pessoas que vivem em condições de deslocamento em todo o mundo chegou aos 17 anos, sugere que algo está muito errado na maneira com a qual estamos nos focando e abordando o problema”, enfatizou Egeland.
O Alto Comissário do ACNUR, António Guterres, acrescentou: “Todos deveríamos estar preocupados com estes números, pois a tendência é aumentar. Temos uma responsabilidade comum em atuar para dar um fim a este sofrimento massivo. A proteção imediata e a assistência às pessoas deslocadas internas se configuram como um imperativo humanitário”.
No fim de 2013, o número de pessoas deslocadas no decorrer do ano alcançou 8.2 milhões, um aumento de 1.6 milhões de pessoas em comparação com o ano anterior. Um dado impressionante é que 43% de todas as pessoas que se deslocaram mundialmente em 2013 foram os deslocados dentro da Síria.
“O informe do IDMC destaca a realidade espantosa dentro da Síria, que representa, atualmente, a maior crise de deslocamento interno do mundo”, disse Egeland. “O problema não é apenas que os grupos armados controlam as áreas onde se encontram os campos de deslocados internos, mas também há o fato de que estes campos são mal administrados, não proporcionam refúgio adequado, carecem de serviços de saneamento apropriados, além de a entrega da ajuda ser limitada”. Ademais, o informe do IDMC indica que grandes concentrações de deslocados internos têm sido objeto de bombardeios de artilharia e de ataques aéreos.
Com 9.500 pessoas por dia (aproximadamente uma família a cada 60 segundos) deslocadas de seus lugares dentro do país, a Síria continua representando a maior crise de deslocamento e a que mais se agrava no mundo.
Os três países que mostram os piores níveis de novos deslocados (Síria, República Centro- Africana e República Democrática do Congo) representam, em conjunto, 66% dos 8.2 milhões de novos deslocados no ano.
“O fato de que estes países que encabeçam a lista do IDMC, constitui uma realidade alarmante”, disse Alfredo Zamudio, Diretor do IDMC. “Não se trata somente daqueles que se veem obrigados a fugir de crises relativamente novas, como na Síria e na República Centro- Africana, mas também reflete a terrível situação que ainda enfrentam pessoas inocentes que se encontram presas em meio a um conflito prolongado, como na República Democrática do Congo, um país que tem sofrido distúrbios constantes desde meados da década de 1990”.
Para isso, acrescenta Egeland: “Estas tendências não preveem nada bom para o futuro. Devemos nos sentar, escutar e atuar, colaborando mais próximos para por fim a esta miséria que afeta milhões de pessoas; o pessoal humanitário por si só não pode fazer isso”.“O deslocamento interno mundial é um problema de todos, desde políticos até empresas privadas, passando por atores do desenvolvimento e advogados. Todos têm um papel a desempenhar”, disse Egeland.
- O informe está disponível no site do Observatório de Deslocamento Interno (IDMC).