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Rede solidária de voluntários atende refugiados e migrantes nas fronteiras

Comunicados à imprensa

Rede solidária de voluntários atende refugiados e migrantes nas fronteiras

Rede solidária de voluntários atende refugiados e migrantes nas fronteirasNa fronteira de mil quilômetros que separa a Guatemala do México, está El Ceibo, uma pequena comunidade onde, a cada dia, transitam muitos refugiados e migrantes que deixam a Guatemala com destino ao México.
6 Dezembro 2016

EL CEIBO, Guatemala, 06 de dezembro de 2016 (ACNUR) - Em uma pequena tenda com paredes de madeira mal-acabada e teto laminado que deixa pouquíssima luz entrar, vive Andrés, um jovem guatemalteco com um longo histórico de trabalho humanitário. Há oito anos ele coloca sua casa à disposição, que conta somente um quarto, para distribuir comida para as pessoas que deixaram seu país para salvar a própria vida. 

Andrés trabalha como voluntário na Pastoral Social, um parceiro do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, na casa dos migrantes de Santa Elena, na Guatemala. O local e seus voluntários fazem parte de uma rede nacional de albergues e centros de acolhida que fornecem informação, assistência humanitária básica e hospedagem.

“Levou um tempo para eu convencer as autoridades migratórias e a comunidade local que eu estava ajudando essas pessoas sem pedir nada em troca”, contou Andrés. O trabalho nem sempre é fácil e, em algumas ocasiões, grupos criminosos locais têm abordado sua casa, ameaçando-o e também sua família para que acabem com a assistência e passem a trabalhar como informante.

Andrés é mecânico e eletricista, mas ainda mantém uma tenda de comida e outros artigos de necessidade com a ajuda de sua esposa. Os recursos econômicos não são abundantes, mas sua generosidade e solidariedade com as pessoas que chegam desesperadas, com quase nada, é um exemplo único de humanidade.

Nos últimos dois anos, os arredores da fronteira de Ceibo se tornaram uma rota de passagem para os migrantes de ambos lados da fronteira. “O fluxo migratório cresceu, é por isso que o ACNUR tem aumentado a presença no departamento de Petén, na Guatemala, com a abertura de um escritório em setembro do ano passado, o que fez com que o monitoramento da fronteira ficasse mais sistemático e regulamentado, melhorando assim a identificação de pessoas que necessitam de proteção internacional”, afirmou o Representante do ACNUR na Guatemala, Enrique Valles.

Os esforços de Andrés têm servido de exemplo a outros voluntários da comunidade. “Somando os esforços locais, temos mais camas para hospedar famílias inteiras que estão deixando seus países de origem porque não podem estar tranquilos e carregam as feridas feitas pelos grupos criminosos”, diz André.

Em 2016, os três voluntários atenderam cerca de 1.000 pessoas em suas próprias casas e também em uma capela da igreja da região. Deste número, 80 casos entraram com solicitação de refúgio graças à informação proporcionada pela rede de voluntários e pelo encaminhamento dessas pessoas aos diversos albergues ou ao Instituto Nacional de Migração do México.

Em resposta a esta grave situação humanitária, o ACNUR está apoiando a construção de um albergue em El Ceibo com capacidade de abrigar 16 pessoas, a ser monitorado pelos três voluntários e pela Pastoral Social.

Crianças, adolescentes e adultos costumam contar a Andrés os motivos do exílio durante os quatro ou cinco dias que ficam em sua casa. Normalmente são histórias dramáticas de extorsão, recrutamento forçado, sequestros, abuso sexual, despejo de terra por grandes mineradoras ou companhias agrícolas, entre outras. Estas formas de pressão vêm causando o desalojamento e deslocamento de muitas famílias, dentro e fora das fronteiras da Guatemala. Ao longo da rota migratória, a violência também está presente: muitas pessoas em trânsito relataram que foram roubadas, enquanto outras foram espancadas e muitas mulheres foram violentadas e vítimas de tráfico humano.

Os caminhos para sair de Honduras, El Salvador e Guatemala, região conhecida como Triângulo Norte da América Central, são áreas florestais inóspitas e muitas vezes controladas por criminosos, especialmente nas áreas fronteiriças. O número de solicitantes de refúgio no México, Panamá, Costa Rica, Belize e Estados Unidos tem aumentado, principalmente entre os hondurenhos e salvadorenhos.

Em junho de 2016, o total de refugiados e solicitantes de refúgio no Triângulo do Norte alcançou 138.000 pessoas, o que representa um aumento de 70% nos últimos 12 meses. O ACNUR tem elaborado uma estratégia de ampliação regional para atender as necessidades de proteção de pessoas deslocadas e refugiadas, trabalhando em colaboração com os governos e parceiros para apoiar países e comunidades afetadas, fortalecendo assim o sistema de refúgio e promovendo soluções duradouras.

Em 21 de novembro de 2015, a Agência da ONU para Refugiados e o Ministério das Relações Exteriores da Guatemala firmaram um Memorando de Entendimento como marco do trabalho em conjunto para fortalecer o sistema de refúgio e proteção no país.

Por Francesca Fontanini, Oficial Regional de Informação Pública.