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Refugiada usa yoga para promover saúde mental em campo de refugiados

Comunicados à imprensa

Refugiada usa yoga para promover saúde mental em campo de refugiados

29 Outubro 2020
Rita Brown, uma refugiada de Uganda e instrutora de yoga, faz uma pose no campo de refugiados de Kakuma, no Quênia © ACNUR/Samuel Otieno

Rita Brown ergue seu smartphone no ar para verificar sua conexão enquanto estende seu tapete roxo de yoga no chão. Ela então abre o aplicativo do Facebook em seu telefone e o posiciona em uma cadeira à sua frente. Em um minuto, ela estará ao vivo.


Vestida com um colete amarelo brilhante que realça seu sorriso, Rita está pronta para sua aula de yoga online que atrai centenas de refugiados e espectadores quenianos.

Ela logo é acompanhada por Sylvain, um de seus novos alunos de ioga. Eles trocam cumprimentos, aquecem e fazem a pose da montanha, uma das posições clássicas do yoga. A aula começou. Refugiados congolês, Sylvain começou a se interessar por yoga depois de assistir às aulas de Rita no Facebook, e então resolveu contatá-la para aulas individuais. “Sinto uma mudança no meu corpo”, diz. “Minha mente está sempre calma e me sinto revigorado após cada aula.”

“Minha mente está sempre calma e me sinto revigorado após cada aula”

Antes da pandemia de COVID-19, Rita dava aulas presenciais para refugiados e trabalhadores humanitários no campo de refugiados de Kakuma e no assentamento Kalobeyei, vizinho, que abriga 200.000 pessoas. Desde que foram impostas algumas medidas de distanciamento físico, ela tem feito as aulas online por meio do Zoom e do Facebook, atingindo um público ainda mais amplo e diversificado.

“Algumas pessoas pensam que as poses são feitas com Photoshop, mas não são”, diz Rita, 28, que fugiu da violência em Uganda quando criança. Ela e sua irmã gêmea, Dorine, fugiram sozinhas e órfãs, aos sete anos de idade, depois de testemunharem o assassinato de seus pais. Seu pai, ela diz, morreu defendendo a família do grupo armado que atacou sua aldeia, deixando destruição e morte pelo caminho.

Depois de participar de um desafio de yoga online denominado "Sweat Serve Share", ela passou a dar aulas de yoga e meditação para públicos em regiões tão distantes quanto os Estados Unidos. A prática tornou-se mais do que um exercício de bem-estar físico: é o que a move e a faz seguir em frente.

“O yoga me mudou espiritualmente, mentalmente e emocionalmente”, afirma Rita, explicando como a prática lhe trouxe benefícios. “O yoga me ajudou a praticar a autoaceitação e a ver, nas dificuldades que enfrentei, oportunidades de ser uma pessoa melhor.” Algumas pesquisas sugerem que o yoga melhora o bem-estar social e também pode melhorar alguns sintomas de depressão e distúrbios do sono.

Rita acrescenta que o yoga também a ajudou a lidar com as dificuldades de crescer em um campo de refugiados por muitos anos sem seus pais. Agora, mãe de um filho e com diploma em estudos sociais, ela aceitou a sua vida. “Foi aqui que comecei a estudar, onde encontrei refúgio e onde encontrei o amor”, diz. “Em vez de lamentar, decidi aceitar os desafios e obstáculos como uma oportunidade e um novo começo na minha vida.”

Depois de ter sido recrutada no ano passado para o Projeto África Yoga, uma organização de base comunitária que educa e capacita jovens refugiados na África por meio do yoga, Rita está entre os primeiros refugiados yogues profissionais no campo.

Iniciativas como a de Rita, que lidam com a saúde mental, estão alinhadas com a prioridade que o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, dá em garantir o acesso à saúde mental para os refugiados no campo. “A atenção à saúde mental não começa nas organizações, começa em casa. Começa com a forma como olhamos para nós mesmos, como começamos o nosso dia, como interagimos com os outros e as relações que mantemos”, diz Lynn Waithera, psicóloga do Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS, em inglês), parceiro do ACNUR. “É um problema universal que pode ser enfrentado por qualquer pessoa.”

Como parte da resposta à COVID-19, o ACNUR e agências parceiras como o JRS aumentaram o acesso a serviços de saúde mental para refugiados e comunidades anfitriãs em Kakuma e no assentamento integrado Kalobeyei, vizinho.

Durante a pandemia e a quarentena, os terapeutas psicossociais têm fornecido acompanhamento virtual a pessoas vulneráveis, incluindo aquelas em quarentena e isolamento. Linhas telefônicas de apoio gratuitas também estão disponíveis para garantir que as pessoas tenham acesso irrestrito a terapeutas e outros serviços de saúde mental.

“O yoga me mudou e fez eu me sentir importante, é por isso que quero mudar a vida de outras pessoas por meio dessa prática”

“Estamos cientes das necessidades de saúde mental no campo, já que muitos dos moradores tiveram experiências traumáticas que os forçaram a se deslocar”, disse Ignazio Matteini, chefe do escritório do ACNUR em Kakuma. “Encorajamos qualquer pessoa com questões de saúde mental a buscar ajuda e aproveitar os serviços oferecidos no campo”, acrescenta.

Ele enfatiza que grupos vulneráveis como idosos, pessoas com deficiência, famílias chefiadas por crianças, sobreviventes de violência sexual e de gênero e alguns refugiados LGBTI são priorizados para receber atenção específica.

Por meio de suas aulas online, Rita já está fazendo sua parte para resolver alguns desses problemas. “O yoga me mudou e fez eu me sentir importante”, disse. “É por isso que quero mudar a vida de outras pessoas por meio dessa prática.”


Com o seu apoio, o ACNUR segue fortalecendo protejos como o de Rita para proteger refugiados, ajudando-os a reconstruírem suas vidas.

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