Refugiado sírio carrega a tocha olímpica em Atenas
Refugiado sírio carrega a tocha olímpica em Atenas
ATENAS, Grécia, 26 de abril de 2016 (ACNUR) – Na última terça-feira, o refugiado sírio Ibrahim Al Hussein carregou a Tocha Olímpica num acampamento de refugiados em Atenas, como parte do revezamento da tocha para os Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.
A finalidade deste gesto simbólico foi demonstrar solidariedade com os refugiados do mundo, em um momento que milhões de pessoas fogem da guerra e de perseguições em todo o planeta.
Foi um momento de grande orgulho para o refugiado e atleta de 27 anos, que voltou a nadar e jogar basquete no ano passado na Grécia, depois de que guerra na Síria comprometeu sua promissora carreira esportiva em seu país, uma vez que ele teve parte de sua perna direita amputada na altura do joelho, devido a um bombardeio. Agora, Ibrahim caminha graças à uma prótese.
Centenas de refugiados acompanharam o jovem, que carregava ao alto a tocha, em percurso por Eleonas, onde vivem cerca de 1.500 solicitantes de refúgio. Ibrahim sorria mesmo quando as câmeras de televisão se direcionaram para ele, e não parou de tirar ‘selfies’ com outros refugiados.
“Consegui”, anunciou ele aos jornalistas. “Sou atleta há 22 anos e hoje, finalmente, realizo meu sonho de fazer parte dos Jogos Olímpicos. Para mim é uma honra carregar a tocha olímpica, é realmente uma honra”, acrescentou.
Encarregado de entregar a tocha à Ibrahim, o presidente do Comitê Olímpico Grego, Spyros Capralos, disse que este foi um dos melhores momentos de sua carreira esportiva.
“Esta chama leva paz e solidariedade às pessoas de todo o mundo”, disse Capralos. “Ibrahim com a tocha nas mãos nos demonstra que podemos fazer um mundo melhor para todos”.
A chama olímpica do Rio de Janeiro foi acesa no dia 21 de abril em Olímpia, a antiga cidade do sul do Peloponeso, berço dos jogos olímpicos e durante uma semana recorrerá 2.235 km em território grego. Entre os lugares pelos quais passará estão a histórica cidade de Maratón e as ilhas de Zante e Corfu.
No Brasil, o revezamento da tocha começará no dia 03 de maio e se prolongará por 95 dias. Sua viagem terminará com a cerimônia de inauguração dos Jogos Olímpicos do Rio, no dia 05 de agosto, no Estádio Maracanã, onde acenderá a pira olímpica.
A vida de Ibrahim, que foi criado na região síria de Deir ez Zor, girava em torno da natação, o basquete e o judô. Com a ajuda de seu pai, treinador de natação, conquistou várias vitorias em concursos locais e nacionais. Então começou a guerra. Perdeu parte de sua perna em 2012, quando uma bomba o atingiu enquanto tentava socorrer um amigo ferido. Ibrahim fugiu da Síria e passou um ano na Turquia, recuperando-se de suas feridas e aprendendo a caminhar outra vez com uma prótese.
Em 2014, chegou à ilha grega de Samos em um bote inflável. Meses depois, reconheceram seu status de refugiado. Na Grécia, conseguiu reconstruir sua vida no mundo dos esportes, seguindo um programa estrito que inclui treinamento diário de natação e campeonatos de basquete para portadores de necessidades especiais. Além disso, trabalha em uma lanchonete à noite.
"Eu estou carregando a chama por mim, mas também pelos sírios, pelos refugiados em todos os lugares, pela Grécia, pelo esporte e pelas minhas equipes de natação e basquete", disse Ibrahim. "Meu objetivo é nunca desistir. Mas continuar, sempre ir para a frente. E isso eu posso atingir através do esporte”.
Este ano, pela primeira vez, haverá uma equipe especial composta por 5 a 10 refugiados que competirão nos Jogos Olímpicos. Eles desfilarão com a bandeira olímpica.
Por Tania Karas, em Atenas (Grécia).