Refugiados indígenas fortalecem relações por meio do esporte em abrigo de Boa Vista
Refugiados indígenas fortalecem relações por meio do esporte em abrigo de Boa Vista
O Clubhouse funciona como um tipo de biblioteca desportiva e é gerido por voluntários que vivem no próprio abrigo onde a estrutura está instalada, o que incentiva o diálogo e a relação entre os pares, reforça a autonomia e desperta aprendizados sobre organização e liderança, conhecimentos que serão úteis durante o processo de integração dessas pessoas no Brasil. O abrigo Tuaranoko foi escolhido pela Klabu devido ao grande entusiasmo e paixão das pessoas indígenas pelo esporte, em suas diversas modalidades, envolvendo desde crianças até idosos.
Sr. Hermes é uma destas pessoas que adora se envolver com atividades esportivas. Aos 59 anos de idade, desde os 20 joga futebol e hoje uma das atividades que mais gosta é ensinar esse esporte aos seus netos e demais jovens do abrigo. Ele conta que já foi professor de atletismo e por muito tempo se dedicou a canoagem, tendo participado de campeonatos em diversas regiões da Venezuela, sua terra natal.
“O esporte foi o que me deu a chance de seguir em frente, foi o que me trouxe oportunidades de trabalho e experiência”, diz.
Além das aulas de futebol, Sr. Hermes utiliza sua experiência e conhecimentos para também realizar a narração de jogos, animando a torcida sempre que possível. “Para o esporte não há idade certa. Estou falando por experiência própria. Quando estamos em campo, todos têm a mesma idade”, afirma.
Mesmo com o bem-estar associado à prática de atividades esportivas, há ainda muitos desafios a serem enfrentados: as barreiras culturais e linguísticas são mais profundas, e há maiores dificuldades de acesso a meios de subsistência no longo prazo. De acordo com os dados do ACNUR, há no Brasil mais de 11 mil pessoas refugiadas e migrantes indígenas de diferentes etnias, sendo os Warao a população de maior número, acompanhados dos Pemon, Kariña, E'nepa, Wayúu, dentre outras. O esporte, portanto, é uma maneira de promover a resiliência, tolerância e oportunidades para acessar novos espaços de sociabilidade, como destaca Sara Angheleddu, chefe do escritório do ACNUR em Boa Vista.
“O esporte tem o potencial de promover valores positivos e aproximar pessoas, incentivando o trabalho coletivo e a tomada de decisões para o bem comum. Fazer parte de uma equipe, jogar junto, aumenta a confiança, não apenas em relação à técnica desportiva, mas também em outros aspectos da vida. Isso inclui uma maior autoestima em interações socais e na formação de amizades e relacionamentos, todos elementos que, em última análise, contribuem para ações colaborativas e para a autoconfiança das pessoas”, afirma Angheleddu.
Sobre o ACNUR: A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) é uma organização dedicada a salvar vidas, proteger os direitos e garantir um futuro digno a pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e comunidades devido a guerras, conflitos armados, perseguições ou graves violações dos direitos humanos e em razão das consequências das mudanças climáticas e dos desastres naturais. Presente em 135 países, o ACNUR atua em conjunto com autoridades nacionais e locais, organizações da sociedade civil, academia e o setor privado para que todas as pessoas refugiadas, deslocadas internas e apátridas encontrem segurança e apoio para reconstruir suas vidas com dignidade.
Sobre a KLABU: A KLABU usa o poder do esporte para apoiar os refugiados que estão reconstruindo suas vidas. Fundada em 2019, a organização com sede em Amsterdã trabalha com comunidades de refugiados em todo o mundo para construir seus próprios clubes esportivos que são centros de diversão, bem-estar, educação e empreendedorismo. Cada clube tem seu próprio vestuário esportivo exclusivo da KLABU, disponível para apoiadores de todo o mundo que queiram apoiar e fazer sua parte.
Sobre a AVSI: A AVSI Brasil é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, que atua há mais de 35 anos no Brasil como filial ou parceira da Fundação AVSI. A missão da AVSI Brasil é tornar as pessoas protagonistas do próprio desenvolvimento, por meio de projetos sociais em contextos de vulnerabilidade ou emergência humanitária.