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Refugiados sírios passam de 640 mil e ACNUR prevê mais de 1 milhão até o fim de junho

Comunicados à imprensa

Refugiados sírios passam de 640 mil e ACNUR prevê mais de 1 milhão até o fim de junho

Refugiados sírios passam de 640 mil e ACNUR prevê mais de 1 milhão até o fim de junhoAté 15 de janeiro, quase 640 mil sírios foram registrados como refugiados no Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Norte da África. Este total é dez vezes superior a maio de 2012.
22 Janeiro 2013

GENEBRA, 22 de janeiro (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados divulgou nesta terça-feira que, até 15 de janeiro, quase 640 mil sírios foram registrados como refugiados no Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Norte da África. Este total é dez vezes superior a maio de 2012.

Com base nas tendências recentes de deslocamento provocado pelo conflito na Síria, a agência estima que estes países abrigarão mais de um milhão de refugiados até o final de junho deste ano.

O ACNUR ampliou significativamente o trabalho de registro e de assistência aos refugiados, além de acompanhar de perto o crescente número de pessoas que diariamente cruza as fronteiras dos países da região.

Há menos de um mês da entrada em vigor do Plano de Resposta Regional para 2013, o ACNUR e seus parceiros preveem que o programa de registros ampliado e assitência financeira emergencial aos refugiados custarão mais de US$ 1 bilhão.

No entando, segundo disse nesta terça-feira o porta-voz do ACNUR em Genebra, Adrian Edwards, a agência arrecadou apenas 18% dos recursos necessários. “A menos que os fundos venham rapidamente, milhares de sírios em situação de vulnerabilidade não terão a assistência que necessitam”, disse ele.

Revendo a situação atual nos países vizinhos à Síria, o porta-voz informou que o ACNUR no Líbano está registrando uma média de 1,5 mil refugiados por dia em quatro centros espalhados pelo país, e está aumentando sua capacidade para atender a demanda crescente. Na última quarta, foram quase 1,8 mil pessoas registras, o recorde diário desde o início da resposta ao conflito.

Para atender às crescentes necessidades dos refugiados, o ACNUR abriu um novo posto de registro no Vale do Bekaa e abrirá outro em Tiro nos próximos meses. “Estamos indentifcando áreas em Beirute onde podemos expandir os registros”, afirmou Edwards. Ele disse ainda que “estes esforços reduzirão o tempo de espera para a obtenção do registro, que hoje é de aproximadamente dois meses”.

Em conjunto com autoridades libanesas, o ACNUR está identificando dois locais para estabelecer centros de trânsito que acomodarão os refugiados até que possam ser transferidos para um local mais adequado. O objetivo é garantir que os recém-chegados estejam seguros e abrigados do inverno.

O ACNUR planeja ainda expandir a assistência financeira para 18 mil pessoas até junho. As famílias mais vulneráveis receberão em média US$ 240 por mês para subsidiar o aluguel e custos de vida. A ajuda financeira permitirá aos refugiados encontrar acomodações, adquirir roupas e itens domésticos, o que contribuirá para aquecer a economia libanesa.

Está previsto para esta terça-feira, na Jordânia, um exercício para acelerar os procedimentos de registro e dar conta de 1,4 mil processos por dia no centro de registros de Amman. Esse número deverá aumentar assim que entrar em funcionamento o centro de Irbid, no norte da Jordânia. O objetivo é concluir 50 mil processos até o fim de fevereiro.

Ainda na Jordânia, o campo de Za’atri teve um aumento expressivo de recém-chegados, com 8.821 pessoas cruzando a fronteira nos últimos cinco dias. “Ao contrário do que vinha acontecendo, os refugiados não somente estão chegando à noite, mas também durante o dia”, disse Edwards.

Cerca de 7,7 mil famílias (30 mil pessoas) na Jordânia recebem ajuda financeira, mas em razão da redução nos fundos, o ACNUR não pode assistir o total de 8.523 famílias que precisam do recurso. Com 80% dos refugiados sírios vivendo em comunidades urbanas, a ajuda financeira permite que as mais vulneráveis possam custear seus gastos básicos, como aluguel.

O ACNUR também ampliou o registro de refugiados in loco, com quase 11 mil visitas domiciliares realizadas pelas equipes de campo do ACNUR e do Auxílio e Desenvolvimento Internacional na Jordânia desde abril do ano passado. “As visitas nos ajudaram a alcançar os mais vulneráveis, incluindo os refugiados idosos e com necessidades médicas, além de mulheres chefes de família”, disse Edwards.

A realidade da maioria dos refugiados urbanos é cada vez mais difícil. Muitos estão vivendo em péssimas condições dentro de sótãos e porões. Outros estão sobrevivendo graças à generosidade dos vizinhos jordanianos, que têm recursos limitados até para si mesmos.

No Iraque, mais da metade dos 73.150 refugiados sírios registrados vive nos campos, e 35% moram em áreas urbanas. O ACNUR e seus parceiros, incluindo autoridades, driblam o inverno aumentando a distribuição de coberturas plásticas, colchões, querosene, fogões, aquecedores, cobertores de lã e colchas. Outras iniciativas incluíram a troca de tendas leves por outras mais resistentes.

Na Turquia, o ACNUR já enviou 18,5 mil tendas adaptadas para o Crescente Vermelho Turco. De acordo com o governo do país, há 156.801 refugiados hospedados em 15 campos em sete províncias.

O governo forneceu  tratamento médico e educação gratuita para os refugiados sírios. Desde que a crise estourou, em 2011, o governo turco realizou mais de 600 mil atendimentos de saúde para os refugiados nas clínicas do país.

Enquanto isso, as análises dos registros de quase 280 mil refugiados sírios realizadas pelo ACNUR na Jordânia, Líbano, Iraque e Egito, mostram que mais da metade da população é constituída por crianças, 39% têm menos de 11 anos. Uma em cada cinco famílias é chefiadas por mulheres. Cerca de 90% dos refugiados sírios chegaram a estes países em 2012.