Close sites icon close
Search form

Search for the country site.

Country profile

Country website

Relatório do ACNUR mostra que travessias no Mediterrâneo matam mais do que nunca

Comunicados à imprensa

Relatório do ACNUR mostra que travessias no Mediterrâneo matam mais do que nunca

3 Setembro 2018
Sobreviventes resgatados do Mediterrâneo pelo barco Aquarius. Bote de salvamento levou 629 imigrantes presos no Mediterrâneo por conta de impasse de acolhimento entre a Itália e Malta. © Karpov/SOS MEDITERANEE
Genebra, 3 de setembro de 2018 - Três anos após as imagens chocantes do pequeno sírio Alan Kurdi sem vida em uma praia turca, um novo relatório do ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, mostra que as travessias no Mar Mediterrâneo se tornaram mais mortais do que nunca. O novo relatório do ACNUR, Desperate Journeys ("Viagens Desesperadas", tradução literal) revela que, apenas em 2018, mais de 1.600 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar chegar à Europa.

O relatório demonstra que embora o número total de pessoas que chegam à Europa tenha regredido, a taxa de mortes aumentou de maneira significativa, particularmente para aqueles que atravessam o Mar Mediterrâneo. No Mediterrâneo Central, uma em cada 18 pessoas que atravessaram para a Europa entre janeiro e julho de 2018 morreu ou desapareceu, em comparação com uma morte a cada 42 pessoas que cruzaram no mesmo período em 2017.

“Este relatório confirma, novamente, o Mediterrâneo como uma das travessias marítimas mais mortais do mundo”, afirmou Pascale Moreau, diretora do escritório do ACNUR na Europa. “Com a queda do número de pessoas que chegam à costa europeia, isso não é mais um teste para saber se a Europa pode administrar os números, mas sim se a Europa pode demonstrar humanidade suficiente para salvar vidas”, afirmou.

Nos últimos meses, o ACNUR, junto com a Agência da ONU para as Migrações (OIM), solicitou uma abordagem regional previsível para o resgate e desembarque de pessoas em perigo no Mar Mediterrâneo. O ACNUR também está pedindo à Europa que incremente o acesso a caminhos seguros e regulares para refugiados, inclusive ampliando os locais de reassentamento e que facilite o processo de reunião familiar - fornecendo alternativas às viagens potencialmente fatais.

O relatório também descreve os perigos enfrentados por pessoas refugiadas quando viajam por rotas terrestres dentro da Europa. Observando as medidas que alguns países tomaram para impedir que refugiados e migrantes acessem seus territórios, o relatório pede aos Estados a garantia que os procedimentos de solicitação de refúgio estejam facilmente disponíveis àqueles que buscam proteção internacional. Também apela aos Estados para que fortaleçam os mecanismos de proteção a crianças que viajam sozinhas e solicitam refúgio.

O autor best-seller, Embaixador da Boa Vontade do ACNUR e ex-refugiado do Afeganistão, Khaled Hosseini, publicou um novo livro ilustrado no marco do aniversário de três anos da morte de Kurdi.  "Oração do Mar" é dedicado aos milhares de refugiados que perderam suas vidas em todo o mundo enquanto fugiam de guerras, violência e perseguição.

"Quando vi essas imagens devastadoras do corpo de Alan Kurdi, meu coração se estilhaçou em pedaços", disse Hosseini. “E, três anos depois, apesar de milhares de pessoas perderem suas vidas no mar, nossa memória coletiva e senso de urgência em relação ao tema parecem ter desaparecido”.

Em junho e julho de 2018, Hosseini visitou o Líbano e a Itália e testemunhou o impacto devastador nas famílias que perderam parentes enquanto tentavam chegar à Europa.

"Na Sicília, visitei um cemitério solitário e desgrenhado cheio de túmulos de pessoas - incluindo muitas crianças - que se afogaram em viagens como a de Alan nos últimos anos", contou Hosseini. “Agora, cada uma dessas pessoas foi reduzida a apenas um número, um código em um túmulo; mas todos eram homens, mulheres e crianças que sonharam com um futuro melhor. Três anos após a morte de Alan, chegou a hora de nos unirmos para fazer mais, evitar futuras tragédias e deixar que nossos amigos, familiares, comunidades e governos saibam que estamos juntos com os refugiados”.

Acesse o relatório completo.