Saques e aldeias vazias em região controlada por rebeldes na República Centro-Africana
Saques e aldeias vazias em região controlada por rebeldes na República Centro-Africana
GENEBRA, 12 de fevereiro (ACNUR) – Missão humanitária para uma área na República Centro-Africana tomada por uma coalizão rebelde em dezembro encontrou aldeias abandonadas e com evidências de saques generalizados.
A missão conjunta do ACNUR e da ONG Mercy Corps a Bambari, a 400 quilômetros de Bagui, capital da República Centro-Africana, foi realizada no início de fevereiro. As aldeias estão praticamente desertas num rastro de cem quilômetros da rodovia entre Grimari e Bambari, a maioria dos moradores está vivendo escondida na vegetação. De acordo com o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, esta é a primeira missão à região desde que a coalizão rebelde Seleka assumiu o controle das principais cidades no norte e centro da República Centro-Africana, em meados de dezembro.Os moradores locais disseram ao ACNUR que foram submetidos à violência por parte de grupos armados em busca de dinheiro, combustível e alimentos. O líder da aldeia disse ter sido espancado no início do mês para revelar onde os moradores escondiam suas posses.
O campo de refugiados de Pladama Ouaka, localizado a dez quilômetros da cidade de Bambari, abriga cerca de 2 mil refugiados sudaneses e também foi alvo de ataques. Equipamentos comunitários, um centro de distribuição e o armazém de uma organização parceira foram saqueados, informou o porta-voz do ACNUR.
Escritórios da ONU em Bambari, incluindo os do ACNUR, e de organizações não-governamentais internacionais continuam a ser pilhados e saqueados. Itens de ajuda humanitária, como lonas, cobertores e mosquiteiros, que deveriam ser distribuídos aos refugiados e pessoas deslocadas internamente na área, estavam entre os itens roubados.
Situação semelhante foi verificada na cidade Kaga Bandoro. O ACNUR estima em US$ 300 mil o prejuízo causado às instalações e perda dos itens para assistência humanitária nas duas localidades.
"O acesso dos trabalhadores humanitários aos necessitados na República Centro-Africana continua muito limitado por conta da falta de segurança'', afirmou o porta-voz da agência". “Neste contexto, ainda é difícil prestar assistência aos refugiados e às pessoas deslocadas internamente, ou realizar atividades para a sua proteção", finalizou.
“O ACNUR faz um apelo ao governo e rebeldes Seleka para facilitar o acesso humanitário às populações necessitadas”, acrescentou Edwards.
Estima-se em 80 mil os deslocados internos na República Centro-Africana, que também abriga cerca de 17 mil refugiados, congoleses em sua maioria.