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Segundo novo relatório do ACNUR, insegurança, crise econômica, abusos e explorações na Líbia têm forçado refugiados e migrantes a fugir para a Europa

Comunicados à imprensa

Segundo novo relatório do ACNUR, insegurança, crise econômica, abusos e explorações na Líbia têm forçado refugiados e migrantes a fugir para a Europa

Segundo novo relatório do ACNUR, insegurança, crise econômica, abusos e explorações na Líbia têm forçado refugiados e migrantes a fugir para a EuropaOs últimos anos têm sido marcados pelo aumento do número de pessoas que cruzam o mar do norte da África para chegar ao sul da Europa.
3 Julho 2017

GENEBRA, Suíça, 3 de julho de 2017 (ACNUR) – De acordo com um novo estudo do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, sobre fluxos mistos de refugiados e migrantes, cerca da metade das pessoas que chegam à Líbia vêm em busca de trabalho, mas acabam sendo forçados a fugir para a Europa para escapar de riscos de vida, da instabilidade, de difíceis condições econômicas, assim como da exploração e dos abusos generalizados no país.

Os cidadãos estrangeiros que estão indo para a Líbia fazem parte de um fluxo migratório misto, ou seja, diversas pessoas vindas de diferentes contextos, mas que viajam juntos pelas mesmas rotas, muitas vezes com o auxílio de contrabandistas e gangues criminosas. Os grupos são compostos por refugiados, solicitantes de refugiados, migrantes econômicos, menores desacompanhados, deslocados por motivos de catástrofes ambientais, vítimas de tráfico humano, entre outros.

Nos últimos anos, o número de pessoas que cruzou o mar do norte da África para o sul da Europa aumentou consideravelmente. Ao que tudo indica, a tendência é que continue nesse ritmo. Das três principais rotas utilizadas por refugiados e migrantes para chegar à Europa – as rotas ocidental, central e oriental do Mediterrâneo – A Líbia se tornou a mais comum e também a mais mortal.

O estudo encomendado pelo ACNUR descobriu que os perfis e nacionalidades das pessoas que chegaram à Líbia têm modificado nos últimos anos, apresentando uma considerável diminuição na quantidade que vem do leste da África e aumento daquelas que vêm do oeste. Estas últimas representam atualmente mais da metade do total que chega à Europa, vindas da Líbia para a Itália, pela rota do Mediterrâneo central (mais de 100.000 chegadas em 2016).

De acordo com o estudo, refugiados e migrantes na Líbia são predominantemente homens jovens (80%), com idade média de 22 anos de idade e que viajam sozinhos (72%). As mulheres tendem a transitar pela Europa por um período mais curto de tempo, e muitas delas, particularmente aquelas da África central e ocidental, são vítimas de tráfico humano. O número de crianças separadas e desacompanhadas viajando sozinhas está crescendo, e agora representam 14% das chegadas à Europa pela rota do Mediterrâneo central. Essas crianças vêm principalmente da Eritreia, da Gambia e da Nigéria.

Na Líbia, refugiados e migrantes costumam ter um baixo nível de escolaridade, sendo que 49% deles tiveram pouco ou nenhum acesso à educação. Apenas 16% recebeu formação profissional ou educação superior. Eles vêm de diferentes contextos, mas podem ser agrupados em quatro diferentes categorias:

Nacionais de países vizinhos (Níger, Chade, Sudão, Egito e Tunísia). A maioria deles afirma terem ido para a Líbia por razões econômicas, e muitos envolvem-se em movimentos migratórios sazonais, circulares e repetitivos.

Nacionais de países da África central e ocidental: Principalmente da Nigéria, Guiné, Costa do Marfim, Gambia, Senegal, Gana, Mali e Camarões. Grande parte deles aponta dificuldades econômicas como o motivo de terem deixado seus países. Alguns são vítimas de tráfico humano, especialmente mulheres nigerianas e camaronesas, em alguns casos com necessidade de proteção internacional.

Nacionais dos países da África Oriental: Vindos da Eritreia, Somalia, Etiópia e Sudão. Eles relatam terem feito a jornada por uma série de motivos, incluindo perseguição política, conflitos e miséria em seus países de origem.

Indivíduos de outras regiões: Sírios, palestinos, iraquianos, marroquinos, bengalis e outros. Alguns estão fugindo de conflitos e violência enquanto outros estão em busca de oportunidades de subsistência.

O estudo examinou a mudança de dinâmica e desafios de proteção que afetam os fluxos migratórios mistos para a Líbia e dentro da evolução das tendências da migração, o tráfico de redes e rotas. Também traçou as comunidades de refugiados e migrantes, enfocando a situação no sul do país.

Além da localização estratégica da Líbia, o conflito e a instabilidade no país contribuíram para criar um ambiente onde o tráfico de pessoas e redes criminosas se expandam. Ao mesmo tempo, o colapso do sistema de justiça e a reincidência da impunidade levaram muitos grupos armados, bandos criminosos e indivíduos a participar da exploração e abuso de refugiados e migrantes.

O estudo foi encomendado pelo ACNUR e feito pela Altai Consulting, uma empresa de consultoria especializada que se concentra na pesquisa, monitoramento e avaliação em estados frágeis, juntamente com o IMPACT Initiatives, um grupo de reflexão com sede em Genebra que avalia, monitora e avalia programas de ajuda. As conclusões do relatório baseiam-se principalmente em dados qualitativos - incluindo entrevistas com refugiados e migrantes - recolhidos na Líbia, Argélia, Chade, Itália, Níger e Tunísia, entre outubro e dezembro de 2016.

O ACNUR procura expandir suas atividades na Líbia para atender às maiores necessidades humanitárias e de proteção de refugiados, solicitantes de refúgio e líbios afetados pelo conflito em curso. Recentemente, fez um apelo pelo financiamento de 75,5 milhões de dólares para fortalecer o monitoramento e as intervenções de proteção na Líbia, bem como advocacia sobre questões relacionadas ao respeito pelos direitos humanos, acesso a serviços básicos, procedimentos de refúgio e liberdade de circulação. O ACNUR também está multiplicando esforços na Líbia e nos países vizinhos para oferecer alternativas confiáveis, encontrar soluções duradouras e estabelecer caminhos legais para refugiados e solicitantes de refúgio, como alternativas para viagens perigosas para a Líbia ou pelo Mediterrâneo Central para a Europa.

Link para o relatório http://www.unhcr.org/595a02b44