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Seleção Malaika é campeã da inédita Copa do Brasil de Refugiados

Comunicados à imprensa

Seleção Malaika é campeã da inédita Copa do Brasil de Refugiados

21 Novembro 2018
Equipe Malaika, cujo significado em árabe é “anjos da guarda”, posa para a foto oficial ao receberem o troféu de campeã da Copa do Brasil de Refugiados 2018. © ACNUR/MiguelPachioni
São Paulo, 21 de novembro de 2018 (ACNUR) - A seleção Malaika, time misto formado por jogadores refugiados sub-20 de oito diferentes países, participou como equipe convidada da inédita Copa do Brasil de Refugiados e se sagrou campeã do torneio. O que parecia ser uma conquista quase impossível, tornou-se realidade.

“Esse time foi formado muito recentemente, com jovens jogadores que disputaram a etapa de São Paulo da Copa dos Refugiados deste ano. Temos aqui jogadores da Síria, Nigéria, Angola, Togo, Guiné Bissau, República Democrática do Congo e de outros tantos países que amam o futebol e mostram em campo uma determinação de campeões, como hoje nos tornamos”, disse o nigeriano Mavis, técnico da equipe.

A Copa dos Refugiados já se tornou uma referência do calendário esportivo de São Paulo, onde há cinco anos é realizada na capital paulista e tem grande prestígio entre as diferentes comunidades de pessoas refugiadas - são 25 seleções que disputam essa etapa regional, vencida pelo Níger em setembro deste ano.

Mais recentemente, a Copa dos Refugiados se integrou também às atividades esportivas das capitais Porto Alegre e Rio de Janeiro. As seleções finalistas de cada cidade participaram de um quadrangular que contou também com a presença da equipe Malaika, que venceu o Líbano, representante de Porto Alegre, nas semifinais pelo placar de 3x0 e a Angola na grande final da competição, depois do empate por 1x1 no Estádio do Pacaembú, em São Paulo.

“A vitória veio só nos pênaltis, mas nosso jogo é assim mesmo, com garra e determinação. Temos esse espírito do brasileiro de não desistir nunca. Foi incrível essa experiência de jogar aqui, nesse estádio onde grandes jogadores já pisaram e agora estamos mostrando no nosso valor”, disse o atacante Virgílio, de 19 anos, que há três anos vive no Brasil.

Ironia do destino, Virgílio é angolano e, jogando pelo Malaika, fez o gol que abriu o placar contra a seleção de Angola, campeã da etapa do Rio de Janeiro. O empate aconteceu apenas no último minuto do jogo, levando a decisão para os pênaltis, onde o goleiro e os batedores do Malaika se destacaram.

Jogadores do Malaika e da Angola se cumprimentam na abertura da final da Copa do Brasil de Refugiados, jogo realizado no notório Estádio do Pacaembu, em São Paulo. © ACNUR/MiguelPachioni

Para o técnico da seleção angolana, o empresário Garcia Zacarias, o que vale é a confraternização e entre os diferentes jogadores refugiados que vivem em diferentes cidades, valorizando o fator humanitário do Brasil bem acolher a quem chega em busca de recomeçar suas vidas.

“Tive que deixar o meu país por conta da guerra, há mais de três décadas. Cheguei aqui com 21 anos e hoje sou empresário graças as oportunidades que o Brasil me proporcionou. A Copa dos Refugiados é uma oportunidade que temos de mostrar nossos talentos dentro de campo, mas também temos muitas qualidades como profissionais”, disse o treinador que incentiva constantemente sua equipe do banco de reservas.

O tema da Copa dos Refugiados deste ano, “não me julgue antes de me conhecer”, sintetiza os objetivos traçados pela África do Coração, organização parceira do ACNUR e responsável pela realização do torneio nas três capitais.

“Esse evento é muito mais do que futebol. Representa a integração entre as pessoas sem distinção de raça, nacionalidade ou religião. Ninguém se torna refugiado porque quer, mas é obrigado a deixar para trás sua terra, sua cultura, seus familiares e amigos para buscar proteção. As dificuldades nos obrigam a ser fortes, mas isso não significa que a dor e as saudades não estejam presentes”, disse Abdul Jarour, refugiado sírio coordenador da Copa dos Refugiados.

Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, recebe um certificado de agradecimento do diretor da ONG África do Coração, o congolês Jean Katumba. © ACNUR/MiguelPachioni

O pronunciamento do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, no encerramento da competição, reafirma a importância do convívio pacífico e respeitoso na marcante data em que a final do torneio aconteceu, no Dia da Consciência Negra, feriado municipal.

“Nesses tempos estranhos em que a defesa dos direitos humanos é atacada, em que a defesa das minorias e dos mais necessitados é tido como algo criminosa, a cidade de São Paulo reafirma o seu compromisso na luta contra o preconceito. São Paulo não admite qualquer tipo de racismo e xenofobia porque seria inclusive ir contra a história do Brasil, em especial a história de São Paulo”, afirmou o prefeito, sob aplausos.

Em 2018, mais de 800 refugiados, imigrantes e mesmo brasileiros estiveram na disputa dos jogos em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, representando 41 seleções formadas de 27 diferentes nacionalidades. Em 2019 os jogos finais da Copa do Brasil de Refugiados será realizada no Rio de Janeiro, cujo convite já foi feito na cerimônia de premiação dos jogadores pelo Secretário de Assistência Social, João Mendes.

A Copa do Brasil de Refugiados contou com o apoio da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ-SP), Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) e dos Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), SESC Rio de Janeiro, Sodexo On-site, ABACE, Conectas Direitos Humanos e Cruz Vermelha Brasileira.