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Sírio busca refúgio na Colômbia para sobreviver à violência de seu país

Comunicados à imprensa

Sírio busca refúgio na Colômbia para sobreviver à violência de seu país

Sírio busca refúgio na Colômbia para sobreviver à violência de seu paísMilhares de pessoas deslocaram-se internamente na Síria em virtude do conflito, outras foram obrigadas a deixar o país, mas poucas foram tão longe para escapar da violência como fez Ahmed*.
24 Junho 2013

BOGOTÁ, Colômbia, 24 de junho de 2013 (ACNUR) – Milhares de pessoas deslocaram-se internamente na Síria em virtude do conflito, outras foram obrigadas a deixar o país, mas poucas foram tão longe para escapar da violência como fez Ahmed*. Refugiado em Bogotá, ele está aprendendo espanhol para se adaptar à nova vida na Colômbia.

Aos 25 anos, Ahmed levava uma vida normal na Síria, tinha emprego, casa e amigos. No entanto, há dois anos, com o início da Primavera Árabe, o rapaz uniu-se aos protestos por mais liberdade.

“Quando o movimeno surgiu eu não poderia ser somente um espectador, nem permanecer em silêncio. Por isso, participei de uma manifestação pacífica pedindo mais liberdade e direitos”, conta Ahmed.

Mas os protestos pacíficos se converteram no conflito armado que conhecemos hoje. Ao ver que seus amigos estavam sendo presos ou morrendo em uma sociedade cada vez mais desintegrada, Ahmed decidiu partir.

Mais de 4,5 milhões de sírios são deslocados internos e aproximadamente 1,5 milhões buscaram refúgio fora do país, principalmente em Estados vizinhos. Há poucos casos como o de Ahmed.

Com a mochila nas costas, pegou taxi até a fronteira com o Líbano e cruzou. Em Beirute pegou um vôo até a Colômbia, onde chegou em maio de 2012.

Porém, a vida na América Latina era mais dura do que havia imaginado e teve que batalhar para sobreviver com uma renda pequena. Foi nessa época tão difícil que Ahmed conheceu um sírio que mudou sua vida. O homem, que é tradutor do ACNUR e trabalha também com o parceiro da Agência -  a Pastora Social – acompanhando as entrevistas com os solicitantes de refúgio, explicou para Ahmed a importância de obter o reconhecimento como refugiado.

“Consegui o reconhecimento seis meses depois de fazer a solicitação. Agora não tenho que me preocupar nunca mais com o visto”, afirmou Ahmed.

Sem saber nada de espanhol era difícil se integrar a uma nova sociedade, mas com a ajuda da Pastoral Social e do ACNUR, Ahmed está aprendendo a nova lingua para encontrar um trabalho e ser mais independente. Ele recebe um salário mínimo de 500 mil  pesos colombianos por mês (USD 250), dos quais destina 60% para aluguel e o restante para transporte e se manter.

Ahmed mantém contato com sua família pela internet, mas mesmo com a distância ele toma cuidado para não colocar a família em perigo. Ahmed não sabe se seus amigos ainda estão vivos.

“A mídia não informa com exatidão a situação do meu país e da minha região, posso assegurar que a condição de vida do meu povo é deplorável”, comentou. “Estive lá por um tempo ajudando, e em seguida trabalhei como voluntário numa ONG e vi coisas inimagináveis”.

“As pessoas não podem se mover, não podem circular, não possuem acesso a medicamentos ou comida e os controles estão cada vez mais restritivos, sobretudo na fronteira”, adicionou.

Ahmed quer que a comunidade internacional faça mais para ajudar a todos os deslocados sírios e sonha em voltar para casa algum dia, para um país diferente e mais livre do que aquele que deixou. Segundo ele, ninguém sabe quando o conflito acabará.

“Se a Síria continuar como está perderá uma geração inteira que poderia ajudar a construir um novo país”, disse Ahmed, um dos muitos jovens sírios bem formados que levou suas habilidades para outro país, onde elas são valorizadas.

*Nome trocado a pedido do entrevistado por questões de segurança.