Solidariedade marca a celebração do Dia Mundial do Refugiado em Manaus
Solidariedade marca a celebração do Dia Mundial do Refugiado em Manaus
MANAUS, 20 de junho de 2013 (ACNUR) – No calor úmido da capital amazonense, famílias de refugiados colombianos esquentaram a barriga no fogão e prepararam pratos típicos de seu país para outros refugiados, solicitantes de refúgio e migrantes haitianos que vivem na cidade. Realizada nesta terça-feira na Casa de Passagem São Francisco de Assis, a “Culinária Solidária” reuniu cerca de 70 pessoas em celebração ao Dia Mundial do Refugiado 2013. O evento foi promovido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em parceria com a Obra São Francisco de Assis e a Cáritas Arquidiocesana de Manaus (CAM).
Além das arepas, pataconas e empanadas colombianas, os refugiados trouxeram quitutes que aprenderam a fazer em cursos profissionalizantes da Pastoral do Migrante e do Centro de Educação e Tecnologia do Amazonas (CETAM), parceiros da CAM e do ACNUR. A decoração da festa também foi feita por uma refugiada que passou pela capacitação.
Este é o segundo ano que a culinária solidária acontece em Manaus. “É uma festa para refugiados feita pelos próprios refugiados, uma forma de incentivar seu protagonismo e valorizar seu trabalho”, disse Isabela Mazão, responsável pelo escritório do ACNUR em Manaus.
“Gosto de preparar o que as pessoas têm prazer em comer”, disse o colombiano Carlos, que está no Brasil há dois anos e meio. Dono de uma padaria em Manaus, ele emprega solicitantes de refúgio e refugiados em retribuição a ajuda que recebeu no difícil recomeço de sua vida.
Já para a refugiada Angélica Bossa, que dividiu o preparo dos pratos com seus três filhos, oferecer as comidas mais gostosas de seu país é uma forma de resgatar boas lembranças e matar a saudade de sua terra. “Mas não vou te contar o segredo das arepas”, disse ela, rindo.
Para o Frei Jorge Luiz Soares da Silva, vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus o mais importante deste evento é promover a integração e a identificação de pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades. “É uma oportunidade de suscitar nelas o sentimento de confiança de que as coisas podem melhorar e de que elas não estão sozinhas”, disse. Segundo ele, para as famílias que deixaram seu país numa situação indesejada, “acolher é fundamental para que possam retomar sua história.”
Localizada no centro de Manaus, a Casa de Passagem São Francisco de Assis foi criada em 2010 para abrigar migrantes haitianos que chegavam ao Brasil em virtude do terremoto que no mesmo ano devastou o país. Com espaço para cerca de 40 pessoas, hoje a casa acolhe mulheres migrantes – muitas delas ainda haitianas – e também famílias de refugiados.
Em Manaus vivem cerca de 30 refugiados, a maioria é de colombianos que deixaram seu país por causa do conflito armado, e um pequeno grupo de peruanos. A região tem aproximadamente 170 solicitantes de refúgio.
As atividades no marco do Dia Mundial do Refugiado em Manaus prosseguem no dia 4 de julho (quinta-feira) com o seminário “O Impacto dos Conflitos nas Famílias”, a partir das 18h30, no auditório da Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas (ESO/UEA). Aberto ao público, o encontro reunirá especialistas e estrangeiros (solicitante de refúgio e refugiado) que tiveram suas famílias afetadas por guerras e perseguições (veja programação abaixo). As inscrições podem ser feitas pelo email [email protected] ou pelo telefone (92) 3233-0288.
O Dia Mundial do Refugiado é comemorado em dia 20 de junho, conforme resolução da Assembleia Geral da ONU aprovada no ano 2000. Este ano, ao longo do mês de junho, diversos eventos promovidos pelo ACNUR e as agências parceiras em todo o Brasil têm celebrado a data.
Por Karin Fusaro, em Manaus.