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A somali Hawa Aden Mohamed ganha o Prêmio Nansen para os Refugiados 2012

Comunicados à imprensa

A somali Hawa Aden Mohamed ganha o Prêmio Nansen para os Refugiados 2012

A somali Hawa Aden Mohamed ganha o Prêmio Nansen para os Refugiados 2012A ganhadora do Prêmio Nansen para os Refugiados 2012 é Hawa Aden Mohamed, fundadora e diretora de Centro Educacional para a Paz e o Desenvolvimento de Galkayo, na Somália.
18 Setembro 2012

GENEBRA, Suíça, 18 de setembro (ACNUR) – O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) anunciou hoje em Genebra que este ano a ganhadora do Prêmio Nansen para os Refugiados é Hawa Aden Mohamed, fundadora e diretora de Centro Educacional para a Paz e o Desenvolvimento de Galkayo (GECPD, na sigla em inglês). A entidade fica em Puntlâdia, no nordeste da Somália. O prêmio foi concedido a Hawa Aden Mohamed em reconhecimento a seu trabalho humanitário excepcional, incansável e inspirador em favor das mulheres e meninas refugiadas e deslocadas na Somália. Trabalho realizado em circunstâncias extremamente difíceis e desafiadoras em um país assolado por décadas de violência, conflitos e violações de direitos humanos.

Em 1954, o ACNUR instituiu o Prêmio Nansen com o objetivo de promover o interesse mundial pela situação dos refugiados e manter vivo o espírito de Fridtjof Nansen, o primeiro Alto Comissário para os Refugiados na Liga das Nações. Até hoje, o Comité do Prêmio Nansen para os Refugiados outorgou a distinção a 68 pessoas, grupos ou organizações.

A vencedora da edição 2012 é uma ex-refugiada que em 1995 decidiu voltar a seu país, devastado pela guerra, com o objetivo de colocar em prática um ambicioso programa de educação para ajudar os deslocados pelos persistentes conflitos armados e recorrentes secas na região. O trabalho visionário de Hawa Aden Mohamed transformou a vida de milhares de mulheres e meninas, que estão entre os grupos mais vulneráveis da sociedade somali e, em muitos casos, lidam com o trauma da marginalização, maus-tratos, abuso sexual e estupro.

"Quando Hawa Aden Mohamed resgata uma menina deslocada uma vida se transforma por completo," disse o Alto Comissário da ONU para  Refugiados, António Guterres. "Hoje a homenageamos pelo seu empenho em salvar, alimentar e educar centenas de mulheres e meninas, muitas delas vítimas do pior tipo de violência".

Mais de duas décadas de conflitos desestruturaram a sociedade somali, obrigando mais de 2 milhões de pessoas a deixarem suas casas em busca de segurança e abrigo, seja dentro do próprio país ou além das fronteiras da Somália. A situação foi agravada pela seca do ano passado e a consequente fome, obrigando outro meio milhão de pessoas a se deslocar.

Hawa Aden Mohamed, que ficou conhecida em Galkayo como "Mama" Hawa, criou espaços onde mulheres e meninas deslocadas, vítimas de diversos tipos de abuso e violência, encontram segurança e oportunidades. Seu trabalho é inspirado na convicção de que a educação é a base de tudo, especialmente para as meninas.

"Acredito que a falta de formação é uma espécie de doença”, disse Mama Hawa. "Sem educação não temos discernimento para muitas coisas... Sem educação nós praticamente não existimos. Fisicamente, sim, mas do ponto de vista mental e emocional, não existimos".

O centro que ela fundou e dirige oferece educação secundária, assim como formação profissional, com o objetivo de estimular a autonomia de mulheres e meninas, além de influenciar o papel que elas mesmas desempenharão na sociedade somali.

A vencedora do Prêmio Nansen 2012 afirmou ainda: "É hora de promover uma mudança de cultura. Temos que manter o que é bom e deixar de lado o que não serve. E o bom é empoderar as meninas ".

Mama Hawa é também uma convicta defensora dos direitos da mulher, particularmente da luta contra a mutilação genital feminina (MGF). Sua irmã morreu em decorrência de uma infecção depois de ter passado pelo procedimento aos sete anos de idade.

Além de defender os direitos da mulher, o centro de Mama Hawa oferece aconselhamento a mulheres e meninas circuncisadas e vítimas de violência de gênero. Todos os anos cerca de 180 mulheres participam dos programas, e muitas vidas são salvas.

Angelina Jolie, Enviada Especial do ACNUR, também saudou a ganhadora do Prêmio Nansen 2012: "A senhora Hawa Aden Mohamed é uma mulher valente. Ela dedicou a vida para promover a educação e o bem estar de mulheres e meninas somalis deslocadas, garantindo a elas acesso a educação, conhecimento e a perspectiva que precisam para criar um futuro melhor para suas famílias e seu país. Sendo ela própria um ex-refugiada, Mama Hawa é o exemplo da força que os refugiados podem ter na sociedade. Apesar de mais de duas décadas de conflito que assolam a Somália e já obrigaram mais de 2 milhões de pessoas a deixar seus lares, Hawa Aden Mohamed mostra que mesmo diante das circunstâncias mais difíceis, todas as crianças podem e devem ter a oportunidade de aprender. Ela mudou a vida de muitas pessoas, dando-lhes oportunidade de tornarem-se líderes: os mesmos que um dia ajudarão a reconstruir a Somália. O valor e o compromisso da senhora Hawa Aden Mohamed inspiram todos os trabalhadores humanitários que se esforçam para oferecer assistência e proteção aos refugiados de todo o mundo."

O Centro Educacional para a Paz e o Desenvolvimento de Galkayo também oferece formação porfissional em carpintaria e solda para manter os jovens longe das ruas e evitar que sejam vítimas dos diversos grupos armados que atuam na Somália.

Ao saber que receberia o Prêmio Nansen para os Refugiados deste ano, Mama Hawa declarou, "me sinto honrada por ter recebido do comitê este grande reconhecimento. Sem dúvida, não considero que seja um reconhecimento aos meus esforços pessoais apenas, mas também de todos os meus companheiros e companheiras do GECPD, assim como da comunidade internacional que apoia nosso trabalho, e da comunidade local. Por isso dedico este prêmio a todos eles".

Desde a sua criação em 1999, o Centro Educacional para a Paz e o Desenvolvimento de Galkayo (GECPD), sob a liderança de Mama Hawa, ajudou mais de 215 mil pessoas (deslocadas, vítimas e sobreviventes da violência) a recuperar-se, curar-se e reconstruir suas vidas. A Somália continua vivendo uma das piores crises humanitárias do mundo. Além dos milhões de refugiados nos países vizinhos, mais de 1,3 milhão de somalis estão deslocados no interior do país. Isto significa que um terço da população da Somália, composta de 7,5 milhões de pessoas, foi deslocada forçadamente.