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Sudaneses deixam tudo para trás em busca de relativa segurança no Sudão do Sul

Comunicados à imprensa

Sudaneses deixam tudo para trás em busca de relativa segurança no Sudão do Sul

Sudaneses deixam tudo para trás em busca de relativa segurança no Sudão do SulCom o conflito cada vez mais próximo de sua vila, Amuna enfrentou o terrível dilema de escolher que filhos levar na tentativa de sobreviver.
9 Outubro 2012

YIDA, Sudão do Sul, 9 de outubro (ACNUR) – Com o conflito cada vez mais próximo de sua vila, Amuna enfrentou o terrível dilema de escolher que filhos levar na tentativa de sobreviver. Era uma questão de tempo até que os Antonovs começassem a bombardear Timodongo, no estado de Kordofan do Sul, no Sudão. Se não saísse rápido, a família toda poderia morrer.

“Tínhamos de ir para Yida,” disse Amuna ao ACNUR. O remoto campo de refugiados é hoje o lar de dezenas de milhares de pessoas no estado de Unit, no Sudão do Sul. Seus dois filhos mais novos, Ali Amou, 5 anos, e Kadimala, 3 anos, não aguentariam viajar a pé até Yida. E ela não poderia carregá-los e cuidar dos mais velhos ao mesmo tempo. Então, Amuna optou por  deixar o menino Ali Amou com uma irmã dela que ficou na vila, mas não para de pensar no filho.

O sofrimento dela é compartilhado por outras pessoas que também se viram obrigadas a deixar familiares para trás enquanto tentavam se salvar dos ataques nas cidades ao longo das montanhas de Nuba, no Kordofan do Sul.

Além de a comida ser escassa em Kordofan do Sul, o que ainda resta no estoque foi danificado pelos ataques aéreos. Fazendeiros relatam o receio de trabalhar nas plantações e outros locais abertos. Grande parte da colheita da última estação foi perdida, afetando a família de Amuna e tantas outras.

“Há pouco tempo os refugiados chegavam desnutridos por causa da falta de alimentos provocada ao longo de um ano de conflito”, afirmou Alessandro Telo, oficial de registro do ACNUR. “Hoje chegam apenas com a roupa do corpo, relatando intensos bombardeios e insegurança.”

Em 13 meses, 63 mil pessoas buscaram refúgio em Yida – cidade cercada de pântanos numa das regiões mais inóspitas do Sudão do Sul - tentando sobreviver à violência e à fome em Kordofan do Sul, no Sudão.

O campo de refugiados de Yida recebe cerca de 100 pessoas por dia e este número poderá aumentar em breve com o fim da temporada de chuvas. “Como as estradas voltarão a ser transitáveis mais refugiados devem chegar a Yida”, disse Marie-Helene Verney, chefe do ACNUR no estado de Unit, no Sudão do Sul.

No entanto, Yida está perigosamente próxima da fronteira com o Sudão e sofreu um bombardeio aéreo no ano passado. Segundo Verney, “a prioridade é encontrar campos mais afastados para garantir a segurança das pessoas.”

Com a possibilidade de um aumento significativo de refugiados, essa tarefa se tornou ainda mais urgente. Por causa do atual isolamento do campo, tanto trabalhadores humanitários quanto o material para assistência estão chegando por via aérea. E a entrada em massa de pessoas aumentará os desafios logísticos de uma operação já tensa.

“Estamos trabalhando para conseguir mais suprimentos, porque os estoques são suficientes apenas para a população atual”, disse Verney. Também vamos precisar de ajuda para prover o atendimento de saúde, assim como garantir as condições de higiene e acesso à água potável.

Apesar dos problemas em Yida e sua proximidade da fronteira militarizada, Amuna se sente mais segura do que em Kordofan do Sul. Sua prioridade é construir um abrigo para ela e seus filhos. Não é a primeira vez que ela é forçada a deixar sua casa. Em julho de 2011, sua cidade natal, Buram, foi atacada. “Por causa do bombardeio, peguei meus filhos e nunca mais voltamos”, disse.

Amuna e sua família foram para as montanhas de Nuba, onde viveram em cavernas, alimentando-se de folhas e sorgo. Depois caminharam para o sul de Timodongo, mas a falta de comida na regiao tornou-se um problema. Logo vieram os ataques, o que fez Amuna deslocar-se mais uma vez.

Em Yida, Amuna e os filhos foram registrados como refugiados, passaram por exames médicos, receberam comida e frascos para estocar água. Nas últimas semanas, o ACNUR distribuiu milhares de mosquiteiros e toalhas de plástico para os recém-chegados. Amuna fica atenta aos recém-chegados na esperança de encontrar o filho entre eles. “Estou ansiosa, espero que ele venha com minha irmã”, disse.

O Sudão do Sul abriga quase 200 mil refugiados, 170 mil deles estão nos estados de Unit e Alto Nilo. O ACNUR já recebeu US$ 71 milhões e precisa urgentemente de outros US$ 20 milhões para garantir a assistência das pessoas que estão para chegar. A agência conta com o apoio dos governos, setor privado e doadores individuais.

Por Kathryn Mahoney in Yida, Sudão do Sul