Tecnologia transforma metodologia de ensino para refugiados na África
Tecnologia transforma metodologia de ensino para refugiados na África
BRASÍLIA, 20 de março de 2017 - Dekow Mohamed ainda continuou animada mesmo alguns dias depois de Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel e ativista de educação, ter visitado sua escola no campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, em maio de 2016.
“Você não pode imaginar o quanto fiquei feliz quando a vi, cara a cara”, diz Dekow, uma refugiada da Somália. Aos 18 anos, ela é um ano mais jovem que a ativista paquistanesa que escapou de uma tentativa de assassinato depois de desafiar a proibição imposta pelo Taliban, segundo a qual as mulheres não podem estudar.
A história de Malala se espalhou pelo mundo e inspirou milhões de pessoas. Mas poderia ter passado despercebida por Dekow se não fosse a inovadora iniciativa chamada Instant Network Schools (INS), que trouxe educação online e conectividade à sua escola no campo de refugiados.
Escolas e centros comunitários selecionados são equipados com um “kit digital” que inclui um conjunto de tabletes, baterias recarregáveis via energia solar, uma rede de satélite móvel e materiais para a aprendizagem online. Os professores recebem suporte em tecnologia da informação e treinamento contínuo.
“Ouvimos de alunos e professores que o programa aumentou a motivação de ambos os lados”.
Desde a fase piloto, em Dadaab, no ano de 2014, o programa foi adotado por 31 centros em quatro países da região: Quênia, Tanzânia, Sudão do Sul e República Democrática do Congo.
O projeto cresceu organicamente a partir de uma parceria entre o ACNUR, a Agência da ONU para refugiados e a Fundação Vodafone, que trabalhava em escolas em Dadaab. As enormes lacunas em matéria de recursos e conectividade no campo deixaram claro como a tecnologia móvel poderia melhorar a qualidade da educação nessas áreas remotas.
Atualmente, mais de 65 milhões de pessoas estão fora de suas casas por conta de guerras e perseguições em todo o mundo, incluindo mais de 21 milhões de refugiados. Metade deles são crianças, muitas das quais não estão frequentando a escola. De acordo com um relatório do ACNUR, apenas 50% estão matriculadas na educação primária, 22% no ensino secundário e 1% no ensino superior.