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A terapia criativa de um médico do ACNUR transforma a vida de refugiado

Comunicados à imprensa

A terapia criativa de um médico do ACNUR transforma a vida de refugiado

A terapia criativa de um médico do ACNUR transforma a vida de refugiadoCom um sorriso no rosto, o refugiado Kamal Hossain olha para seu telefone celular, que ele está aprendendo a consertar...
30 Junho 2010

Campo de Refugiados de Kutupalong, Bangladesh, 30 de Junho (ACNUR) – Com um sorriso no rosto, o refugiado Kamal Hossain olha para seu telefone celular, que ele está aprendendo a consertar, e explica seu desejo de se tornar um mestre nessa atividade: “Eu quero um futuro melhor para minha vida.”

É graças ao extraordinário tratamento – e habilidade – de um médico da ACNUR que Kamal ainda sobrevive.

Primeiramente, Kamal chamou a atenção de funcionários do ACNUR em Bazar de Cox - no sul de Bangladesh, em Janeiro de 2005 - quando residentes de um dos dois campos, que juntos abrigam a 28.500 refugiados de Rohingya oriundos de Myanmar, começaram a reclamar de um cheiro fétido que exalava de um dos abrigos.

Selim Reza Chodhury, até então assistente de campo responsável pelas operações da agência de refugiados, foi investigar.

A imagem que ele encontrou o deixou desolado: Kamal, com suas costas quebradas, estava grudado a um lençol imundo no chão, com uma dor dilacerante resultado de uma ulceração nas costas que já estava apodrecendo por uma infestação de insetos.

Depois de deixar o campo de refugiados pra trabalhar ilegalmente na Malásia como pedreiro, Kamal caiu do segundo andar de uma construção e quebrou as costas. De alguma maneira seus amigos lhe trouxeram de volta pro campo de refugiados e o deixaram no abrigo de seu primo. Como ele não estava mais registrado no campo de refugiados – e as autoridades de Bangladesh não permitem que refugiados se registrem mais de uma vez – nem ele, nem seus primos ousaram buscar ajuda.

“Ele realmente necessitava ir a um hospital, mas se nós tivéssemos lhe enviado pro hospital, ele correria o risco de ser detido e enviado para prisão,” relembra Dr. Zahid Jamal, o médico da ACNUR que foi chamado para ajudar.

Sendo o melhor substituto possível, Dr. Jamal, Coordenador Médico da ACNUR em Bazar de Cox, coletou  bandagens, loção anti-séptica, cremes e pomadas. Foi então que ele começou a cuidar de Kamal, e também ensinou à sua prima como fazer o tratamento para quando ele não pudesse vir.

Demoraram seis meses para que as ulcerações fossem curadas, e as visitas constantes de funcionários da ACNUR foram um grande alívio para o pedreiro. “Sempre que alguém da ACNUR vinha me ver, minha mente ficava em paz,” disse Kamal. “Eu me sentia seguro sabendo que alguém estava lá para me ajudar”.

Em dezembro de 2005, o governo permitiu que Kamal se registrasse novamente com a ACNUR. Em 2008 ele recebeu a carteira de identidade do ACNUR, evento que, segundo ele, mudou sua vida de uma maneira que pessoas nascidas com documentação oficial não podem compreender.

“Quando eu não tinha identidade, eu tinha que me esconder, eu era privado de todos os direitos,” relembra com uma feição nebulosa. “Eu não podia consultar um médico mesmo estando com dores severas. Eu não podia aparecer em público porque eu estava com medo de ser detido como um imigrante ilegal. Eu não podia me misturar com pessoas que eram registradas como refugiados. Eu não tinha liberdade de ir e vir. Agora eu tenho assistência médica, e estou ganhando treinamento profissional. Conseguir essa carteira de identidade me deu um futuro.”

Ter ajudado Kamal também transformou a vida do Dr. Jamal. “Essa foi a minha primeira experiência em Bangladesh,” disse ele, “e depois dele eu comecei a procurar outros refugiados que pudesse ajudar. Eu trabalhei para ONGs (organizações não-governamentais) durante 20 anos, mas um sentimento como o que eu tive após ajudar Kamal, eu nunca havia experimentado na minha vida.”

“Eu sou uma única pessoa procurando ajudar refugiados. O ACNUR é o mecanismo que se encarrega de que as pessoas não sejam deixadas de lado.”

Agora Kamal vai de um lado para outro no campo com a sua cadeira de rodas fornecida pela Handicap International e freqüenta diariamente a aulas para aprender a consertar telefones celulares. Ele tem a esperança de ser reassentado em um país onde possa começar uma vida nova – mas promete que nunca esquecerá o Dr. Jamal, pra onde quer que ele vá.

“Eu me lembrarei do Dr. Jamal por toda a minha vida,” fala Kamal com simplicidade. “Lembrarei dele até o dia que eu morrer.”

Por Kitty McKinsey, do Campo de Refugiados de Kutupalong