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Tráfico de pessoas: uma indústria criminosa de rápido crescimento

Comunicados à imprensa

Tráfico de pessoas: uma indústria criminosa de rápido crescimento

Tráfico de pessoas: uma indústria criminosa de rápido crescimentoFuncionários públicos, agentes policiais e trabalhadores humanitários participaram de uma conferência sobre o tráfico de pessoas no norte da França, organizada por ACNUR e OIM.
11 Outubro 2010

LILLE, França, 11 de Outubro (ANCUR) - Funcionários públicos, membros do poder judiciário, agentes policiais e trabalhadores humanitários expressaram suas preocupações, durante uma conferência no norte da França, sobre as vítimas do tráfico de pessoas, uma das indústria criminais de maior crescimento no mundo.

A agência da ONU para os refugiados, que organizou o encontro de quinta-feira passada em Lille em colaboração com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), expressou sua preocupação em particular com as crianças desacompanhadas. Os mais jovens podem ser pegos por redes de tráficos de pessoas, que, diferente de outros grupos que se dedicam ao contrabando de seres humanos,  levam as vítimas contra sua vontade, a fim de explorá-las.

“Estamos particularmente preocupados com crianças desacompanhadas que se encontram nesta situação e que são especialmente vulneráveis à exploração. É muito difícil acompanhar seus movimentos e não sabemos o que acontece com elas após sua saída da França”, disse aos participantes Véronique Robert, representante do ACNUR  na França.

De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Estados Unidos, o tráfico de pessoas é a segunda maior indústria criminal e a primeira em maior crescimento no mundo, fora o tráfico de armas.

Cerca de 12,3 milhões de pessoas ao redor do mundo já foram vítimas dessa tormenta. Muitas sofrem exploração, seqüestro, reclusão, violação e escravidão sexual. Podem ser obrigadas a prostituir-se, a trabalhar forçosamente ou são vítimas do comércio de órgãos, de torturas físicas e psicológica, entre outros abusos graves.

Na conferência da quinta-feira, se analisou sobretudo o tráfico de pessoas que ocorre entre o norte da Europa e o Reino Unido, dando foco ao porto francês de Calais. Entre os oradores foram convidados o prefeito da região de Nord-Pas-de-Calais, Jean-Michel Bérard, e o Advogado Geral do Tribunal de Justiça da República, Yves Charpenel.

Funcionários da segurança pública do Reino Unido e trabalhadores de organizações não-governamentais que atuam no resgate e proteção das vítimas do tráfico, também participaram na conferencia, que avaliou os mecanismos de assistência existentes para o apoio as vítimas do tráfico no Reino Unido e na França.

“Ainda que não tenhamos dados sobre o número de migrantes que são vítimas das redes de tráfico de pessoas nos arredores da cidade portuária de Calais, sabemos que muitas são vítimas de exploração, em alguns casos para pagar as redes criminais que as atraem com a promessa de levá-las ao outro lado do Canal [da Mancha]”, disse Maurizio Busatti, chefe de missão da OIM em Paris.

“Sabemos que mulheres de diferentes países, entre eles o Vietnã, a China e os países da Europa Oriental, são levados ao Reino Unido por meio dos portos franceses, com a promessa de oportunidade de emprego”, disse Sally Montier, do POPPY Project do Reino Unido, que trabalha com as vítimas do tráfico de pessoas.

“Uma vez que chegam ao Reino Unido, se vêem obrigadas a trabalhar na prostituição, na escravidão doméstica e em outras formas de exploração do trabalho e atividades criminais, tais como o cultivo de cannabis”, adicionou.

Montier disse que estas pessoas devem ser consideradas vítimas de abusos graves contra os direitos humanos e não como criminosas ou migrantes ilegais. “As vítimas necessitam que lhes dêem tempo e apoio para que se recuperem de suas experiências e comecem a reconstruir suas vidas...não fazê-lo e devolvê-las imediatamente aos seus países de origem pode ter como resultado a transformação mais uma vez dessas pessoas em vítimas de tráfico”, acrescentou.

O tráfico de pessoas freqüentemente se confunde com o contrabando de migrantes. Ambas são atividades ilegais, porém a principal diferença é que os contrabandistas ajudam as pessoas a cruzar a fronteiras em troca de dinheiro, enquanto os traficantes tem suas vítimas completamente submetidas mediante o uso da força, da coação ou do engano, com o fim de explorá-las.

Nem todas as vítimas de tráfico são refugiados, contudo essas últimas com freqüência precisam recorrer a traficantes ou contrabandistas, que acabam aproveitando de sua vulnerabilidade. Outras vítimas de tráfico também podem tornar-se refugiados porque não podem regressar a seus países de origem por medo de serem estigmatizadas pela sua participação forçada no trabalho sexual, por exemplo, ou correm o risco de transformar-se de novo em vítimas do tráfico.

William Spindler em Lille, França