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Ucrânia: Número de deslocados aumenta mais que o dobro desde início de agosto

Comunicados à imprensa

Ucrânia: Número de deslocados aumenta mais que o dobro desde início de agosto

Ucrânia: Número de deslocados aumenta mais que o dobro desde início de agostoO conflito no leste da Ucrânia, em particular em torno de Donetsk, Luhansk e cidades vizinhas, está levando mais pessoas a deixar suas casas e aumentando a necessidade de ajuda humanitária.
2 Setembro 2014

GENEBRA, 2 de setembro (ACNUR) - A Agência de Refugiados da ONU afirmou na terça-feira que o conflito no leste da Ucrânia, em particular em torno de Donetsk, Luhansk e cidades vizinhas, está levando mais pessoas a deixar suas casas e aumentando a necessidade de ajuda humanitária.

Vincent Cochetel, diretor do ACNUR Europa, disse a jornalistas em Genebra que o número de pessoas deslocadas no interior Ucrânia mais do que dobrou nas últimas quatro semanas. O ACNUR estima que 260 mil pessoas foram deslocadas desde segunda-feira, em comparação com 117 mil da primeira semana de agosto.

O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, disse que o aumento acentuado no número de deslocados ao longo das últimas três semanas foi uma grande preocupação. "Se esta crise não for rapidamente interrompida, terá não só devastadoras consequências humanitárias, mas também o potencial de desestabilizar toda a região. Após as lições dos Balcãs, é difícil acreditar que um conflito dessas proporções poderia se desenvolver no continente europeu", disse ele.

A maioria dos deslocados - 94% - são do leste da Ucrânia e estão permanecendo nas regiões Donetsk, Kharkiv e Kiev. O ACNUR acredita que o número real de pessoas deslocadas é maior já que muitos estão hospedados com famílias e amigos, optando por não se registrar com as autoridades.

"Por causa da insegurança, agentes humanitários não têm sido capazes de avaliar a situação das pessoas deslocadas na região de Luhansk", disse Cochetel, acrescentando que o ACNUR planejava uma missão para averiguar ainda esta semana. As autoridades ucranianas dizem que 2,2 milhões de pessoas permanecem atualmente em áreas de conflito.

O número de pessoas utilizando três corredores criados pelas autoridades ucranianas para fugir de áreas de conflito está diminuindo, principalmente devido a incidentes recentes, quando civis perderam suas vidas nos ataques. Foram reportadas 6 mil pessoas que partiram por estes corredores, desde o final de julho.

Na região de Donetsk, desde terça-feira passada, as autoridades locais informaram que cerca de 10 mil pessoas deixaram a cidade portuária de Mariupol para Zaporizhzhia, Berdiansk e outros locais, após atividades militares das forças anti-governamentais.

Cochetel do ACNUR disse que o bombardeio tinha deixado as pessoas em áreas de conflito com acesso limitado a alimentos, água e outras necessidades básicas. Em Donetsk, Makiivka e Gorlovka, as autoridades regionais estimam que exista 20 mil pessoas com deficiência e que necessitam de ajuda.

Em Luhansk, os moradores ficaram sem suprimentos de comida e água, e lidaram com a escassez de energia e problemas de comunicação durante um mês. Edifícios e estradas estão seriamente danificados, impedindo os esforços de ajuda humanitária.

Em Yasynuvata, cerca de 150 pessoas teriam supostamente encontrado abrigo em porões sem eletricidade. Muitas delas são pessoas mais velhas. Novos deslocados estão chegando com recursos limitados e são ainda mais dependentes de ajuda.

Depois que o governo ucraniano restabeleceu controle sobre várias cidades no norte da região de Donetsk no início de julho, muitas pessoas internamente deslocadas voltaram rapidamente. Por exemplo, cerca de 20 mil pessoas deslocadas retornaram para a cidade de Slovyansk vindas de outras áreas da região de Donetsk.

Enquanto isso, o número de ucranianos que fazem solicitação de refugio ou pedem asilo na Rússia aumentou quase 66 mil em agosto. De acordo com o Serviço Federal de Migração, mais de 121 mil ucranianos solicitaram refúgio ou asilo temporário desde 1 de Janeiro.

Desde o final de julho, as quotas de asilo temporário para várias regiões, incluindo Moscou, São Petersburgo, Rostov e na Chechênia foram preenchidas, o que significa que os cidadãos ucranianos precisam procurar asilo em outras regiões. Além disso, 138.825 ucranianos procuraram outras formas de permanência legal, tais como autorizações de residência temporárias / permanentes e o programa de "reassentamento de compatriotas."

Um número maior de ucranianos está chegando na Rússia sob o regime de isenção de vistos. As autoridades russas dizem que cerca de 814 mil ucranianos entrou na Rússia desde o início do ano. Este número inclui as pessoas que solicitaram refúgio/asilo temporário e outras opções de residência.

A maioria dos ucranianos chega a Rússia e fica com parentes e amigos, encontra acomodação privada com uma família anfitriã ou aluga seu próprio apartamento. As autoridades adotaram regulamentos para facilitar a estadia temporária dos ucranianos.

O ACNUR continua a apoiar o governo local e a sociedade civil, bem como prestar assistência direta aos mais vulneráveis​​. Até o momento, a agência de refugiados da ONU já distribuiu mais de 150 toneladas de ajuda humanitária para as regiões Donetsk e Kharkiv, hospedando mais de 100 mil pessoas deslocadas. O ACNUR também coordenou a distribuição de alimentos fornecidos por diferentes instituições.

Um total de 4.106 ucranianos pediram asilo na União Europeia, entre janeiro e julho, comparado com 903 pedidos em todo ano de 2013. A maioria das solicitações ucranianas de asilo foram na Polônia (1082), Alemanha (556) e Suécia (500). Além disso, 380 ucranianos buscaram asilo na Belarus.