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Uma casa do saber onde os conhecimentos ancestrais se integram à educação escolar

Comunicados à imprensa

Uma casa do saber onde os conhecimentos ancestrais se integram à educação escolar

Uma casa do saber onde os conhecimentos ancestrais se integram à educação escolarNa comunidade de Alto del Tigre, na Colômbia, o ACNUR desenvolve um trabalho para o fortalecimento organizacional e comunitário e para a busca de soluções sustentáveis.
22 Março 2017

CÁCERES, Antióquia, 22 de março de 2017 (ACNUR) – Dom Pedro Juan Nisperuza, um homem de aproximadamente 80 anos, é líder comunitário da aldeia indígena Senú, localizada na reserva de San Andrés de Sotavento, no departamento de Córdoba, ao norte da Colômbia.

Em 1973, ele, sua esposa e sua pequena filha saíram de sua aldeia natal localizada em Puerto Bélgica, no departamento de Antióquia, em busca de uma vida melhor. Entretanto, as coisas não saíram conforme o planejado. Puerto Bélgica foi assolado pelo conflito armado que afetava fortemente a região nos anos 80. Dom Pedro e sua família foram forçados a fugir.

E foi assim que ele chegou à remota aldeia chamada Alto El Tigre, localizada no município de Cáceres, também no departamento de Antióquia. “Lá, consegui comprar um terreno e erguer um pequeno rancho para viver”, disse Dom Pedro. Depois dele, seu irmão José e outros membros da comunidade, que ainda permaneciam na reserva indígena, decidiram ir para Alto El tigre. Todos com a ilusão de recomeçar suas vidas e construir um futuro melhor.

Assim que a comunidade indígena se estabeleceu no território, o desejo de viver longe da violência foi interrompido. Grupos armados ilegais começaram a se instalar no território já que sua localização estratégica o tornava o lugar ideal para o desenvolvimento de diversas atividades ilícitas, gerando riscos de deslocamento e afetando, principalmente, as estruturas organizacionais e comunitárias.

Diante desta situação, e devido ao aumento dos riscos de deslocamento nesta comunidade, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, iniciou em 2014 um trabalho em estreita colaboração com a comunidade, tanto para promover o seu fortalecimento, como para buscar soluções. “No ano de 2016, em uma das diversas atividades de avaliação de necessidades da aldeia, a comunidade de Alto El Tigre manifestou interesse em conseguir um espaço digno para a educação étnica de meninos, meninas e adultos”, comenta Jorge Alzate, Oficial de Proteção do ACNUR. “Desta maneira, em articulação com a Organização Indígena de Antióquia e a corporação Opción Legal, deu-se início à construção de um espaço comunitário que hoje se chama Casa do Saber Pedro José Nisperuza, em homenagem a Pedro e José, os primeiros habitantes da aldeia”, acrescenta Jorge.

Trinta e três anos depois de ter chegado a esse lugar, Dom Pedro Juan e as quase 80 pessoas presentes na inauguração da Casa do Saber, ficaram entusiasmadas ao verem se tornar realidade o sonho de ter um espaço digno para a escolarização e o intercâmbio de conhecimentos entre as pessoas que vivem no povoado indígena Senú, em Alto El Tigre. “Quando chegamos aqui, nunca imaginamos que teríamos uma escola assim. Às vezes pensamos que as coisas são impossíveis, mas nos demos conta de que se formos uma comunidade unida e esforçada, podemos conquistar muito mais. Não apenas para nós mesmos, mas também para nossos meninos e meninas”, disse José Nisperuza, membro da comunidade.