Violência crescente leva milhares de congoleses a saírem de suas casas
Violência crescente leva milhares de congoleses a saírem de suas casas
"Eles cortaram a garganta dos meus pais e os mataram porque eram velhos demais para correr. Nós nos escondemos no mato por três dias, quase nus, quase sem nada.”
Outra sobrevivente da violência, Charlotte, de 60 anos, perdeu seu sobrinho e duas sobrinhas que foram mortas na noite em que ela fugiu:
"Ouvimos tiros e corremos para o mato e dormimos lá. Voltamos para ver nossa casa, mas eles haviam queimado ela."
Charlotte nos contou ainda que toda a população de duas grandes aldeias fugiu naquele dia.
Os assassinatos brutais no território de Beni, na província de Kivu do Norte, República Democrática do Congo, obrigaram milhares de pessoas, como Priscilla e Charlotte, a abandonarem suas casas nas últimas semanas. A região ficou conhecida como “triângulo da morte”.
Agora, a maioria das pessoas forçadas a abandonarem suas casas está morando em locais improvisados ao redor das cidades de Mavivi, Oicha e Eringeti, onde as condições são sombrias. Famílias estão dormindo no chão, mal protegidas por abrigos frágeis. A maioria tem poucos meios de sobrevivência, já que não podem mais caçar na floresta, que agora está sob controle de grupos armados.
A violência por grupos armados - dos quais mais de 100 são considerados ativos na região – já deslocou mais de um milhão de pessoas na província, a maior concentração de deslocados internos em qualquer parte da RDC.
O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, já chamou atenção para a deterioração da situação humanitária no Território de Beni - que tem uma população de 1,3 milhões de pessoas.
"O ACNUR está extremamente preocupado com a situação em Beni e nos arredores, onde a população civil está presa há meses em um conflito armado que não mostra sinais de diminuir", disse Marie-Hélène Verney, chefe do sub-gabinete do ACNUR em Goma, na província do Kivu do Norte.
Estamos trabalhando com as comunidades de acolhimento, os deslocados e as autoridades locais para encontrar soluções para a crise.