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Violência na Colômbia desloca mais pessoas para o Equador

Comunicados à imprensa

Violência na Colômbia desloca mais pessoas para o Equador

Violência na Colômbia desloca mais pessoas para o EquadorO governo equatoriano indica que, por mês, entre 1.200 e 1.500 pessoas entram na região de Esmeraldas devido à instabilidade e o aumento da violência no outro lado da fronteira.
17 Abril 2012

SAN LORENZO, Equador, 18 de abril (ACNUR) – No final de fevereiro, o sr. Rodríguez*, a esposa e dois de seus filhos deixaram a cidade onde viviam na Colômbia em direção ao pequeno porto equatoriano de San Lorenzo, região fronteiriça entre os dois países.

Rodríguez e a família se uniram ao grupo de mais de 55 mil colombianos que se refugiam no vizinho Equador para escapar da violência causada pelo conflito entre governo e grupos insurgentes. “Nós viemos porque duas facções paramilitares e um grupo guerrilheiro causaram estragos na região onde vivíamos. Eles estão matando muitas pessoas”, disse Rodríguez ao ACNUR.

Cada vez mais pessoas têm chegado à província de Esmeraldas em busca de segurança. Assim como Rodríguez, os refugiados relatam que a instabilidade e o aumento da violência no outro lado da fronteira são as principais causas de seu deslocamento para o Equador. Segundo Oscar Sánchez Piñeiro, chefe do escritório do ACNUR em Esmeraldas, estimativas do governo equatoriano indicam que, por mês, entre 1.200 e 1.500 pessoas entram na região chegando de Colômbia.

Piñeiro acredita que mais de mil pessoas tenham chegado à província de Esmeraldas nas últimas semanas e ainda não tenham sido cadastradas. O cadastro é feito na cidade de Esmeraldas, capital da província que leva o mesmo nome. Para Piñeiro, a dificuldade para deslocar-se entre a região fronteiriça e a capital é o principal motivo para que esses colombianos ainda não tenham solicitado refúgio.

“Os recém-chegados dizem que a situação na Colômbia continua volátil”, afirmou o oficial do ACNUR. “Entre a população que chega, estão muitas mulheres e crianças que tiveram que fugir por conta de ameaças, assassinato de parentes ou ocupação da terra por grupos armados irregulares. Muitos vivem em condições precárias, especialmente devido a proximidade às zonas de conflitos e ao aumento da violência na fronteira”.

Funcionários do ACNUR conheceram Rodríguez e sua família em um abrigo em San Lorenzo, onde eles recebem assistência até encontrarem um local permanente para viver. A família deixou Tumaco, cidade portuária da Colômbia, após um dos grupos armados matar três pessoas em sua vizinhança. Segundo Rodríguez, “foi especulado que outras três pessoas desapareceram”.

Outros dois filhos de Rodríguez - uma menina de 10 anos e um menino de 13 – tiveram que ficar na Colômbia sob a tutela de parentes. A família não tinha dinheiro para pagar o transporte de todos. Rodríguez e a mulher têm esperança de que todos possam se reunir novamente, no Equador. “Doeu muito quando tive que deixá-los, pois nunca fiquei longe deles, nunca”, relata a mãe das crianças.

Algumas famílias que chegam à região se instalam em comunidades locais no trecho de costa de San Lorenzo. Piñeiro destaca que o ACNUR é um parceiro importante no local que está ali justamente para apoiar o refugiados. “Nós possuímos diversos locais onde podemos oferecer abrigo aos recém-chegados, especialmente àqueles vulneráveis em San Lorenzo”.

Além de acomodação, o ACNUR oferece instruções semanais aos recém-chegados em San Lorenzo, o principal ponto de entrada para a maioria dos refugiados. As sessões incluem orientações sobre como ter acesso ao processo de solicitação de refúgio e orienta a marcação de entrevistas com o Diretório para Refugiados, entidade do Governo Equatoriano encarregada dos registros e condução dos processos de refúgio.

Uma prioridade para o ACNUR na região é trabalhar para ajudar a rastrear os membros de famílias separadas e para melhorar as atividades de proteção ao longo da fronteira com a Colômbia. O trabalho é feito em conjunto com as redes de proteção estabelecidas na região fronteiriça.

Debbie Elizondo, representante do ACNUR em Quito, apontou que o Equador é o país que mais recebe refugiados na América Latina, com mais de 55 mil refugiados colombiados reconhecidos. Porém, ela também expressou preocupação com os perigos que os requerentes de asilo enfrentam nas regiões fronteiriças dentro do Equador.

“Muitas pessoas podem pensar que talvez não haja mais conflito na Colômbia, mas a realidade é que continuamos a ver milhares de colombianos saindo do país para escapar das áreas mais voláteis e das lutas fragmentadas”, disse Elizondo, ressaltando que há perigo também nas fronteiras.

“Apenas no ano passado, 15 pessoas entre refugiados e requerentes de asilo foram assassinados na província de Esmeraldas. Há também o aumento da presença de grupos ilegais armados no entorno da fronteira que operam na região e promovem violações sistêmicas dos direitor humanos”, completou.

* Nome trocado por razões de proteção.

Por Babar Baloch em San Lorenzo, Equador