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Vítimas das enchentes, deslocadas pela segunda vez

Comunicados à imprensa

Vítimas das enchentes, deslocadas pela segunda vez

Vítimas das enchentes, deslocadas pela segunda vezGul Hassan, 70, está acostumado às adversidades. Na década de 1980, a guerra no Afeganistão o obrigou a fugir com sua família para o Paquistão ...
4 Agosto 2010

PESHAWAR, Paquistão, 4 de agosto (ACNUR) - Gul Hassan, 70, está acostumado às adversidades. Na década de 1980, a guerra no Afeganistão o obrigou a fugir com sua família para o Paquistão, onde começou uma vida nova no campo de refugiados de Hajizai, localizado às margens do rio na parte noroeste do Paquistão.

Entretanto, na semana passada, as mais graves enchentes dos últimos 70 anos o obrigaram a deixar sua antiga casa e fugir pela segunda vez.

Por seis dias, ele e seus filhos foram viver a céu aberto em uma estrada, enquanto sua esposa e filhas ficaram com amigos.

"Era meia-noite, quando o nível da água começou a subir de repente”, me contou Hassan quando visitei a área como parte da ação do ACNUR para distribuir barracas na região. Os únicos bens que a família havia conseguido levar estavam amontoados sob lonas de plástico na calçada. “Houveram enchentes no passado também", disse ele, mas estas foram as piores de que se tem lembrança. "Isso foi devastador”.

As águas das enchentes continuam descendo no assentamento e está chovendo novamente. Em uma ponte nas proximidades, uma multidão de crianças se reuniu para ver os níveis das águas barrentas que começavam a subir de novo. Os caminhões do ACNUR estão descarregando barracas, utensílios de cozinha e outros materiais em uma escola local, situada em uma área de terreno mais alto.

Hassan é uma das mais de 1,5 milhões de pessoas deslocadas pela pior enchente dos últimos tempos no Paquistão. Incluídos nesse número estão cerca de 700.000 pessoas que, como Hassan, já haviam sido deslocadas anteriormente por conflitos no Afeganistão ou no próprio Paquistão e que, portanto, encontraram-se desabrigadas pela segunda vez.

 A família de Hassan é uma das 10.000 famílias afegãs que vivem em quatro campos de refugiados, agora destruídas pelo turbilhão de enchentes. Organizações humanitárias estão se esforçando ao máximo para chegar às vitimas que estão em áreas isoladas pelas inundações, por causa das muitas estradas e dezenas de pontes que foram destruídas pelas águas.

Na estrada entre Peshawar e Charsadda, eu conheci Jan Bibi e sua família. Como Hassan, ela está vivendo na estrada, porque é um terreno mais alto. Ao redor, as casas estão até a metade submersas pelas águas das enchentes. Ela me disse que quando as águas começaram a subir na semana passada, ficou presa no telhado por dois dias, e assistiu impotente ao afogamento de seu rebanho que era seu meio de subsistência.

"O nível da água continuou subindo", disse ela. "Eu estava preocupada com as minhas (cinco) crianças que estavam todas presas comigo. Pensei que nós não iríamos sobreviver". Finalmente, depois de 48 horas, ela foi resgatada por um barco que passava. "Eu me sinto afortunada porque, pelo menos estou viva e com minha família, ao contrário de muitos outros."

Miskeen, de 55 anos, é um dos vizinhos de Jan Bibi. "Eu só pensei na minha família e meus filhos pequenos", disse, contando-me sobre seu sofrimento. Ela também ficou presa durante dois dias no telhado antes de ser resgatada por um barco e transportada para um local mais alto. "Eu fui ver a minha casa e há quase 1 metro de barro! Perdi tudo que eu tinha." Disse ela, apontando para as casas submersas, que podem ser vistas da estrada onde estávamos. Mais de 1.400 pessoas morreram nas enchentes.

O ACNUR está trabalhando junto às autoridades locais e já distribuiu 10 mil barracas até agora, alem de outras ajudas para cerca de 50.000 pessoas em Khyber Pakhtunkhwa e Baluchistão.

"Nós estamos trabalhando em estreita coordenação com o governo do Paquistão para prestar ajuda emergencial às pessoas afetadas pela enchente", disse Ahmed Warsame, que é o responsável da ACNUR na Filial Peshawar, acrescentando que 20 mil barracas mais já foram encomendadas.

Ali Rabia em Peshawar