Vítimas das enchentes no norte do Paquistão enfrentam um duro inverno
Vítimas das enchentes no norte do Paquistão enfrentam um duro inverno
UTROR, Paquistão, 23 de setembro (ACNUR) – Enquanto a maioria das vítimas das devastadoras enchentes no Paquistão vive na parte baixa do país, entre vários rios, como o Indus, um número significante vive nas remotas áreas altas do nordeste, incluindo o distrito de Upper Swat. Nessas áreas, as águas voltaram ao seu nível normal, mas os moradores precisam de ajuda com a chegada do inverno.
A agência das Nações Unidas para Refugiados começou a responder a essas demandas, enviando um carregamento aéreo de suprimentos, nesse domingo, para abrigos para as vítimas das inundações no Vale de Kalam, onde estima-se que começará a nevar em um mês. É uma área desesperadamente pobre e os efeitos adversos das rápidas enchentes provavelmente serão sentidos por um bom tempo.
“Era fim de julho... As estradas foram levadas pela enxurrada,” Durdana, mãe de cinco, declarou à equipe ACNUR que chegou de helicóptero em Utror, que foi isolada do resto do mundo quando várias pontes colapsaram. Durdana disse não ter nenhum dinheiro e não conseguir comprar farinha para fazer pão. “Nós só comemos nabos fervidos e batatas.”
A maior necessidade do vilarejo é abrigo, pois 300 casas foram levadas pela força das águas. O carregamento aéreo do ACNUR trouxe 56 kits de abrigo até agora. Eles proporcionam uma habitação grande e quente para o inverno, permitindo às famílias reconstruir. Mas muitas também perderam suas roupas de inverno e essa é uma necessidade urgente. O ACNUR planeja trazer itens não alimentares para o vale quando a principal estrada for aberta novamente.
“A devastação é enorme. Depois da resposta emergencial inicial, o próximo passo no nosso esforço de ajuda para o inverno é focar-nos em conseguir uma habitação quente para algumas das pessoas mais vulneráveis, que perderam tudo na enchente. As pessoas em Upper Swat serão as primeiras a enfrentar o duro inverno,” disse Mengesha Kebede, a representante do ACNUR no Paquistão.
A casa de Durdana, que já tem 40 anos, foi poupada porque está na parte mais alta, mas ela e sua família ainda enfrentarão um inverno e uma situação econômica extremamente difíceis. Ela tem esperanças de que seu marido chegará logo com estoques de comida e itens para a casa.
O restaurante onde ele trabalhava – perto de Mingora, capital do distrito de Swat – foi destruído pelas enchentes. Isso significa que uma boa parte da renda foi perdida também. Quando o ACNUR chegou ao local, ele estava fora, procurando trabalho em Mingora.
Muitos outros estão em situação semelhante, e acabaram perdendo, também, seus lares. Além disso, muitas terras cultiváveis, incluindo um terreno cultivado por Durdana e o marido, foi devastado. Eles dependiam dessa pequena fazenda para a maior parte da comida que consumiam.
E enquanto outros campos cultiváveis rseistiram às inundações, os aldeões enfrentam o problema de como transportar a produção para o mercado de Mingora. Eles precisam de dinheiro para pagar por suas necessidades mais urgentes.
Transporte também é um problema para questões de saúde pública: pessoas com sérias doenças precisam ser levadas do vale para o hospital mais próximo em Mingora, o que já demora várias horas quando a estrada está acessível.
Um aldeão, Zeenat, conseguiu uma carona de helicóptero para Utror depois de levar a filha de quatro anos para o hospital em Mingora. “Minha filha estava muito doente [com febre alta]. O médico no povoado prescreveu alguns remédios, mas ela não melhorou. Tive que esperar dois dias para que um helicóptero me levasse a Mingora,” ela disse.
Ela também teve que pagar por comida e um quarto de hotel, mas pelo menos sua filha esta se recuperando. Agora eles enfrentaram o implacável inverno.