Voluntários gregos recebem do ACNUR o Prêmio Nansen para Refugiados 2016
Voluntários gregos recebem do ACNUR o Prêmio Nansen para Refugiados 2016
GENEBRA, 06 de setembro de 2016 – Uma valente equipe de resgate marítimo, composta por 2 mil pessoas, reconhecida por ter salvo a vida de milhares de pessoas durante a crise de refugiados de 2015, e uma dedicada ativista de direitos humanos, que estruturou uma comunidade para milhares de refugiados que chegaram à Grécia em situação de vulnerabilidade, receberão de forma conjunta o Prêmio Nansen 2016, oferecido pela Agência da ONU para Refugiados, o ACNUR.
Konstantino Mitragas, em nome do Hellenic Rescue Team (HRT) e Efi Latsoudi da comunidade PIKPA, na ilha grega de Lesbos, foram escolhidos por seu trabalho voluntário e incansáveis esforços empreendidos no litoral da Grécia durante a crise de refugiados de 2015. A HRT por suas ações ininterruptas para salvar refugiados e migrantes que corriam perigo no mar, e Efi Latsoudi por sua compaixão e cuidado pelos refugiados e migrantes que chegaram a Lesbos em situação de grande vulnerabilidade.
Esse prêmio reconhece o trabalho de voluntários, o apoio e assistência oferecidos pelas pessoas na Europa e por todo mundo no ano passado, e que continuam recebendo refugiados em suas comunidades e colaborando com a sua integração.
Em 2015, mais de 850.000 pessoas chegaram à Grécia pelo mar, sendo que destes, 500.000 chegaram na ilha de Lesbos. Em outubro de 2015, conforme os conflitos na Síria, Afeganistão e Iraque continuaram a arrancar pessoas de seus lares, as chegadas atingiram um pico de mais de 10.000 pessoas por dia. Lamentavelmente, mais de 270 pessoas morreram em águas gregas no último ano.
Sobre a nomeação dos voluntários para o prêmio, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados disse: “No último ano, as centenas de milhares de pessoas foram forçadas a fugir de conflitos e perseguições enfrentaram tentativa desesperada de chegar à Europa em busca de segurança. Muitos arriscam suas vidas em barcos e botes incapazes de navegar, numa viagem que muitas vezes se mostrou intransponível. Tanto o Hellenic Rescue Team, quanto Efi Latsoudi, recusaram-se a ficar indiferentes diante da dramática situação humanitária que testemunhavam e são totalmente merecedores do Prêmio Nansen. Seus esforços refletem a intensa resposta da sociedade à emergência de refugiados e migrantes na Grécia e por toda a Europa, na qual milhares de pessoas se solidarizaram com aqueles que foram forçados a fugir. Reflete também a humanidade e generosidade das comunidades em todo o mundo que abriram seus lares e corações para refugiados”.
Mais de 2.000 voluntários fazem parte da HRT e têm resgatado pessoas do mar Egeu e pelas montanhas gregas desde 1978. Em 2015, os voluntários estavam trabalhando 24 horas por dia atendendo a incessantes ligações para resgates no meio da noite. Ao longo do ano, os voluntários realizaram 1.035 operações de resgate, salvaram 2.500 vidas, a ajudaram mais de 7.000 pessoas a alcançar segurança. Por seus incansáveis esforços para salvar tantas pessoas, os voluntários da HRT são um exemplo para o mundo.
Em Lesbos, a comunidade de PIKPA tem oferecido um ambiente seguro e receptivo na ilha desde 2012. Efi Latsoudi foi uma das idealizadoras do local, transformando um antigo acampamento de colônia de férias em um local seguro e protegido, que conta com o apoio da prefeitura de Lesbos. Com o passar dos anos, o local tornou-se superlotado principalmente por refugiados em situação de vulnerabilidade, incluindo mulheres que perderam seus filhos durante a travessia e adultos e crianças com deficiências físicas ou de aprendizagem. Durante o auge da crise, PIKPA recebia cerca de 600 refugiados por dia, apesar da capacidade de receber apenas 150, e distribuía mais de 2.000 lanches diariamente. O comprometimento de Efi foi reforçado pelo trabalho de centenas de heroicos voluntários.
Konstantinos Mitragas, é capitão, secretário geral do Hellenic Rescue Team e empresário por vocação. “2015 foi o ano mais difícil que já enfrentamos como uma equipe de resgate. Vivemos momentos de absoluto terror. Foram muitas vítimas, entre elas diversas crianças, isso era o que mais nos impactava”.
“Acredito que o que te torna voluntário é algo que vem do seu coração e te impulsiona, e posso afirmar com toda certeza que voluntários são heróis. Não importa de onde a pessoa vem, ou qual é a sua religião, fazendo parte de uma equipe de resgate, precisamos permanecer unidos em momentos de crise”.
Efi Latsoudi, experiente psicóloga e ativista de direitos humanos, é a força motriz da comunidade PIKPA. Ela diz que “PIKPA começou como um sonho – um local onde os refugiados receberiam um tratamento justo e decente. Nossa ideia é que a PIKPA seja uma comunidade para pessoas. Tanto refugiados como voluntários fazem parte dessa comunidade”.
“Para mim, apoiar os refugiados não é algo excepcional, é algo que temos que fazer. Acredito que o que traz voluntários gregos e de outros países à ilha todos os dias tem a ver com solidariedade. Acho que temos isso em nosso sangue. Existe uma face da Europa que é muito humana e isso é incrível. Essa face pode fazer milagres. E isso aqui é um milagre”.
O anúncio dos vencedores do Prêmio Nansen deste ano chega em um momento em que o ACNUR pede com veemência que governadores de todo o mundo trabalhem juntos para buscar soluções para a atual crise global de refugiados por meio da petição #ComOsRefugiados, que já conta com mais de 700.000 assinaturas.
O Prêmio Nansen do ACNUR homenageia o serviço extraordinário prestado às pessoas que foram forçadas a se deslocar e nomeia Eleanor Roosevelt, Graça Machel e Luciano Pavarotti entre os seus homenageados. A cerimônia de 2016 será realizada no dia 3 de outubro em Genebra, Suíça. O cantor senegalês, Baaba Maal; a Campeã Mundial de Poesia de 2015, Emi Mahmoud; o grupo de dança, Grey People e Lyse Doucet, correspondente Chefe da BBC Internacional estarão entre os oradores e artistas no evento.
Sobre o Prêmio Nansen do ACNUR
O Prêmio Nansen para os Refugiados é oferecido em reconhecimento a extraordinários trabalhos humanitários pela causa dos refugiados, deslocados internos e apátridas. O prêmio contempla uma medalha comemorativa e um prêmio em dinheiro no valor de US$ 100.000. Em consultas junto ao ACNUR, os homenageados utilizam o prêmio em dinheiro para financiar projetos que complementem seus trabalhos já existentes.