ACNUR lamenta morte de Dom Eugênio Sales, defensor da causa dos refugiados e Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro
ACNUR lamenta morte de Dom Eugênio Sales, defensor da causa dos refugiados e Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro
BRASÍLIA, 10 de julho de 2012 (ACNUR) - O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) lamentou hoje a morte do Cardeal e Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio de Araujo Sales, ocorrida na noite desta segunda-feira.
Em sua longa trajetória eclesiástica, o cardeal foi um defensor da causa dos refugiados, atuando de forma decisiva durante os anos 70 e 80 no acolhimento de milhares de pessoas forçadas a deixar seus países durante a vigência de diferentes regimes militares no Cone Sul.
Estima-se que a atuação de Dom Eugênio à frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Cáritas Arquidiocesana permitiu que aproximadamente 5.000 pessoas vindas principalmente da Argentina, Uruguai e Chile fossem abrigadas temporariamente no Rio de Janeiro antes de seguir para o refúgio na Europa - numa época em que o Brasil também era governado sob regime militar.
Em carta encaminhada ao Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o representante do ACNUR no Brasil afirmou que o trabalho evangélico de Dom Eugênio Sales foi “marcado pela fraternidade”. “Ele superou obstáculos para cumprir o que considerava ser o dever do ser humano: proteger todos os que estão abandonados”, disse Andrés Ramirez, na carta encaminhada a Dom Orani.
O representante do ACNUR disse ainda que Dom Eugênio “será lembrado pelos fiéis devido à sua importância para a Igreja, seu dinamismo social, sua preocupação com o próximo e sua atenção especial aos refugiados de todo o mundo”.
A atuação de Dom Eugênio Sales em favor da causa dos refugiados se iniciou em 1976, quando começou a ser pessoalmente procurado por jovens dissidentes dos regimes militares no Cone Sul em busca de proteção da Igreja Católica no Brasil. Com o aumento dos casos, ordenou que recursos da igreja fossem utilizados para o aluguel de apartamentos, onde famílias eram acomodadas antes de seguir rumo a outros países.
Paralelamente, comunicou às autoridades militares da época que a Arquidiocese do Rio passaria a receber solicitantes de refúgio do Cone Sul, evitando que o trabalho fosse interrompido pelo regime. Com o apoio posterior do ACNUR, os dissidentes conseguiram refúgio em outros países, principalmente na Europa.
Atualmente, o ACNUR e a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro implementam projetos de assistência, proteção e integração de refugiados no Brasil. Aproximadamente dois mil refugiados (quase metade da população refugiada no Brasil, estimada em cerca de 4.500 pessoas) são atendidos por esta parceria.