Declaração do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, para o Dia Mundial do Refugiado 2013
Declaração do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, para o Dia Mundial do Refugiado 2013
News Stories, 20 June 2013
BRASÍLIA, 20 de junho de 2013 (ACNUR) - No Dia Mundial do Refugiado vim a Jordânia apoiar o povo sírio neste momento de intensa necessidade. Também gostaria de saudar à Jordânia, Líbano, Turquia e todos os países na região, cuja generosidade tem salvado centenas de milhares de vidas.
Em todos estes anos de trabalho com refugiados, este é o momento mais preocupante que já testemunhei. Estas pessoas passam necessidades extremas, sua angústia é insuportável. Hoje existem mais de 1,6 milhão de refugiados sírios registrados. Mais de um milhão deles chegou somente nos últimos seis meses e milhares de outros chegam todos os dias em busca de um lugar para ficar, sustento e alguém que os ouça e os ajude.
Dentro na Síria, a escala do sofrimento humano está além da compreensão. A Síria não é mais o país que conhecíamos. No coração de uma região turbulenta do mundo, o país abrigava mais de um milhão de refugiados iraquianos e meio milhão de refugiados de palestinos. Penso nos sírios que conheci em tantos anos de visitas a refugiados iraquianos na Síria. Eles nunca poderiam imaginar que tal violência os afetaria – que eles próprios se tornariam refugiados – desesperados, destituídos e abandonados.
Me preocupa que uma nação inteira esteja à beira da autodestruição, perdendo sua população. Fico consternado de ouvir o trauma que as crianças enfrentam. Os pesadelos as assombram quando estão acordadas, assim como quando dormem. A escola é uma memória distante.
Aqui na Jordânia, mais de 500 mil sírios registrados como refugiados vivem em segurança. O campo de refugiados de Zaa’tri tornou-se a quinta maior cidade do país e o segundo maior campo de refugiados do mundo. É raro encontrar uma cidade jordaniana que não acolha sírios. Assim é também no Líbano, Turquia, Iraque e Egito. Esta hospitalidade é uma notável demonstração de humanidade num contexto de destruição.
Sem uma solução política em curso, esta guerra civil tem potencial real de tornar-se um conflito regional. Não é mais fantasia prever uma explosão no Oriente Médio que o mundo não será capaz de lidar.
Continuaremos a fazer todo o possível para ajudar a aliviar o sofrimento dos sírios. Mas o rastro de morte e destruição espalha-se rapidamente. Reitero meu apelo àqueles que têm responsabilidades políticas para que superem suas diferenças, unam-se, e façam tudo o que estiver a seu alcance para parar esta guerra.