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Milhares de pessoas ainda fogem do Sudão diariamente, após um ano de guerra

Comunicados à imprensa

Milhares de pessoas ainda fogem do Sudão diariamente, após um ano de guerra

12 Abril 2024
Retornados sul-sudaneses e refugiados sudaneses entrando no Sudão do Sul através do ponto de cruzamento de Joda, em novembro de 2023. ©ACNUR/Ala Kheir
Genebra, 9 de abril de 2024 – Um ano depois, a guerra no Sudão continua a causar estragos, com o país e seus vizinhos enfrentando uma das maiores e mais desafiadoras crises humanitárias e de deslocamento forçado do mundo. O número de sudaneses forçados a fugir agora ultrapassou 8,5 milhões de pessoas, com 1,8 milhão delas tendo cruzado as fronteiras em busca de proteção internacional.

O conflito em curso tem arruinado as vidas das pessoas, enchendo-as de medo e perdas. Ataques contra civis e violência sexual e de gênero relacionados ao conflito continuam sem cessar, violando o direito humanitário internacional e os direitos humanos. O Sudão experimentou a quase completa destruição de sua classe média urbana: arquitetos, médicos, professores, enfermeiros, engenheiros e estudantes perderam tudo.

Restrições de acesso, riscos de segurança e desafios logísticos estão dificultando a resposta humanitária. Sem renda e com entregas de ajuda e colheitas interrompidas, as pessoas não conseguem obter comida, levando ao alerta de piora da fome e desnutrição em diversas partes do país.

Embora a guerra tenha começado há um ano, milhares estão cruzando as fronteiras diariamente como se a emergência tivesse começado ontem. No Sudão do Sul, em média, mais de 1.800 pessoas ainda estão chegando todos os dias, aumentando a pressão sobre infraestruturas e exacerbando as vastas necessidades humanitárias. O país recebeu o maior número de pessoas do Sudão – quase 640.000 pessoas – muitas delas sul-sudanesas que retornaram após muitos anos.

O Chade experimentou o maior influxo de pessoas refugiadas em sua história. Embora equipes da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros, tenham conseguido realocar a maioria dos refugiados para assentamentos novos e ampliados, mais de 150.000 permanecem em áreas de fronteira em condições insalubres devido a superlotação dos espaços, em grande parte devido à falta de financiamento.

Na República Centro-Africana, somente em março, mais de 2.200 pessoas chegaram do Sudão a áreas de difícil acesso onde desafios logísticos dificultam a entrega de ajuda humanitária.

O número de sudaneses registrados no ACNUR no Egito aumentou cinco vezes no último ano, com uma média diária de entre 2.000 a 3.000 refugiados e solicitantes de asilo do Sudão se aproximando das áreas de recepção do ACNUR na Grande Cairo e Alexandria.

A Etiópia, que já abriga uma das maiores populações de pessoas que buscam proteção no continente africano, também relata continuadas novas chegadas de pessoas refugiadas, recentemente ultrapassando 50.000.

Aqueles que cruzam as fronteiras, na maioria mulheres e crianças, estão chegando a áreas remotas com praticamente nada em suas mãos e desesperadamente precisam de comida, água, abrigo e cuidados médicos. Muitas famílias foram separadas e chegam traumatizadas, em angústia. Pais e filhos testemunharam ou sofreram violências horríveis, tornando o apoio psicossocial uma prioridade.

Muitas crianças chegam desnutridas. No Chade, foram identificados 33.184 casos de desnutrição aguda moderada e 16.084 casos de desnutrição aguda grave entre crianças com menos de cinco anos nos últimos meses.

À medida que o conflito continua e a falta de assistência e oportunidades se aprofunda, mais pessoas serão forçadas a fugir do Sudão para países vizinhos ou a se deslocar ainda mais, arriscando suas vidas ao embarcar em jornadas longas e perigosas em busca de proteção.

No último ano, Uganda – que já abriga mais de 1 milhão de refugiados – acolheu 30.000 refugiados sudaneses, incluindo mais de 14.000 desde o início do ano. A maioria dos sudaneses que chegam é de Cartum e tem educação universitária. As estatísticas do ACNUR mostram um aumento nos movimentos de refugiados sudaneses para a Europa, com 6.000 chegando à Itália da Tunísia e Líbia desde o início de 2023 – um aumento quase seis vezes maior em relação ao ano anterior.

Os países anfitriões têm sido extremamente generosos ao receber as pessoas forçadas a fugir, fazendo esforços para garantir que possam acessar serviços públicos, incluindo documentação, educação, assistência médica e moradia. Estamos trabalhando arduamente para mobilizar uma resposta de desenvolvimento para apoiar os serviços nacionais de acordo com o Pacto Global sobre Refugiados.

Apesar da magnitude desta crise, o financiamento continua criticamente baixo. Apenas 7% dos requisitos estabelecidos no Plano Regional de Resposta a Refugiados para o Sudão em 2024 foram cumpridos. Da mesma forma, o Plano de Resposta Humanitária para o interior do Sudão está apenas 6% financiado.

O ACNUR e seus parceiros continuam salvando vidas, mas em muitos locais, não conseguimos fornecer nem mesmo o mínimo necessário. Compromissos firmes da comunidade internacional são necessários para apoiar o Sudão e os países que acolhem refugiados, garantindo que aqueles forçados a fugir pela guerra possam viver com dignidade.