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Dois anos de guerra no Sudão: uma combinação devastadora de deslocamento recorde e ajuda humanitária escassa

Notas informativas

Dois anos de guerra no Sudão: uma combinação devastadora de deslocamento recorde e ajuda humanitária escassa

Este é um resumo do que foi dito pela porta-voz do ACNUR, Olga Sarrado Mur – a quem o texto citado pode ser atribuído – na coletiva de imprensa de hoje no Palácio das Nações, em Genebra sobre os dois anos da guerra no Sudão.
11 Abril 2025
Um grupo de pessoas, incluindo mulheres e crianças, está reunido em uma área externa com abrigos improvisados feitos de paus e tecido. O chão é seco e árido, com vegetação esparsa. Os abrigos parecem ser construídos com vários materiais, como pano e lonas. Algumas pessoas estão em pé, enquanto outras estão sentadas ou agachadas no chão. A cena sugere um assentamento temporário ou campo de refugiados em um ambiente árido.

Refugiados recém-chegados do Sudão montam seu abrigo no superlotado centro de trânsito de Renk, no Sudão do Sul.

 

 

Dois anos desde o início da guerra no Sudão, as notícias continuam extremamente sombrias. A crise de deslocamento forçado mais impactante do mundo está acontecendo em meio à pior situação de financiamento humanitário em décadas.

O conflito brutal, que mostra poucos sinais de alívio, causou um rastro colossal de sofrimento, com famílias separadas, deixando sem soluções o futuro de milhões e colocando em risco a estabilidade regional. À medida que o deslocamento aumenta, as necessidades são mais urgentes hoje do que nunca.

Quase 13 milhões de pessoas fugiram de suas casas até agora, com quase 4 milhões cruzando para os países vizinhos Egito, Sudão do Sul, Chade, Líbia, Etiópia, República Centro-Africana e mais além, para Uganda. O deslocamento continuou a crescer no segundo ano do conflito, com mais de 1 milhão de pessoas fugindo do Sudão. As pessoas que buscam proteção internacional relatam experiências de violência sexual sistêmica e outras violações dos direitos humanos, além de testemunhar massacres. Metade são crianças, incluindo milhares desacompanhadas, sem qualquer família. O Sudão é agora o país com o maior número de pessoas deslocadas como refugiados na África.

O recente fim dos combates em Cartum ofereceu uma oportunidade para alcançar refugiados e pessoas deslocadas que estavam amplamente isoladas da ajuda por dois anos. Milhares começaram a retornar a Cartum, bem como a outros grandes centros urbanos em Omdurman, Wad Madani e Estado de Jazeera, mas esses números são relativamente pequenos em comparação com os milhões ainda deslocados. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros estão intensificando o apoio para ajudar essas famílias que estão optando por retornar para casa. A guerra devastou a infraestrutura da cidade e os serviços essenciais, como hospitais e escolar.

À medida que o conflito e o deslocamento se intensificaram, o financiamento ficou para trás. O financiamento para a resposta regional é menos de 10% do necessário, tornando impossível cobrir as necessidades básicas.

Os cortes globais mais recentes no financiamento humanitário colocam programas críticos em risco, com equipes forçadas a fazer difíceis escolhas e pessoas refugiadas sendo deixadas ao que minimamente existe para atender às suas necessidades mais básicas. As reduções ocorrem quando as necessidades de ajuda humanitária nunca foram maiores.

Dentro do Sudão, o financiamento reduzido cortará o acesso à água potável para pelo menos meio milhão de pessoas deslocadas, aumentando significativamente o risco de cólera e outras doenças transmitidas pela água. Também está dificultando a capacidade de mover pessoas recém-chegadas para áreas mais seguras, longe de centros de trânsito superlotados na fronteira em lugares como Sudão do Sul e Chade, onde mais de 280 mil refugiados permanecem sem perspectivas, vivendo em locais improvisados, sem abrigo adequado, água potável, assistência médica ou proteção.

Em Uganda, o aumento de pessoas recém-chegadas do Sudão que buscam proteção, juntamente com outras pessoas refugiadas da República Democrática do Congo, colocou uma pressão imensa na educação. O financiamento reduzido significa que estudantes refugiados e da comunidade anfitriã enfrentam superlotação extrema nas escolas. O impacto negativo na qualidade do ensino está desencorajando a matrícula. Para muitas meninas jovens, isso aumentará o risco de casamento precoce. Para os meninos, significa pressão para trabalhar ou tentar novos deslocamentos inseguros.

Em todos os países anfitriões de refugiados, espaços seguros estão sendo fechados e assistentes sociais descontinuados, deixando dezenas de milhares de mulheres e meninas sem o devido aconselhamento, assistência médica e apoio vital.

A ausência da situação de paz, de ajuda humanitária necessária e de oportunidades de integração nos países de acolhimento estão levando mais pessoas a buscar segurança muito além das fronteiras do Sudão. Já são mais de 70 mil refugiados sudaneses que chegaram a Uganda. Outros continuam a tentar travessias perigosas para a Europa. Embora o número de sudaneses chegando à Europa permaneça baixo, as chegadas aumentaram 38% ano a ano nos primeiros dois meses de 2025. Tememos que mais não tenham outra escolha a não ser se juntar a eles por caminhos incertos.

Apesar das restrições, os países vizinhos estão mantendo suas fronteiras abertas, com comunidades compartilhando os recursos limitados que têm. O ACNUR e parceiros estão mantendo as intervenções em andamento, fazendo o melhor para fornecer proteção e assistência e acompanhar os refugiados neste cenário completamente incerto. Junto com a ajuda humanitária, mais financiamento para o desenvolvimento é necessário para evitar que as comunidades anfitriãs sucumbam ao número esmagador de pessoas recém-chegadas, e para que aqueles que estão voltando para casa possam reconstruir.

Mas com as linhas de conflito mudando, pessoas constantemente em deslocamento forçado e recursos se esgotando, a esperança está diminuindo. Uma solução política para a paz no Sudão é necessária agora mais do que nunca.

Para mais informações, por favor, entre em contato

Para o Sudão, Assadullah Nasrullah, nasrulla@unhcr.org +254 113 676 413

Em Nairobi (escritório regional), Faith Kasina, kasina@unhcr.org +254 113 427 094

Em Genebra, Olga Sarrado, sarrado@unhcr.org +41 797 402 307

Em Brasília, Miguel Pachioni, pachioni@unhcr.org +55 61 99914 4049