Dois anos depois, o Sudão é uma catástrofe que o mundo não pode mais ignorar
Dois anos depois, o Sudão é uma catástrofe que o mundo não pode mais ignorar

O Sudão está sangrando. Seu povo tem sofrido por tempo demais.
Civis estão sendo bombardeados todos os dias. Milhões estão presos entre o conflito, o abandono e o dilema da fuga.
Dois anos de guerra criaram o que agora é a pior crise humanitária e de deslocamento do mundo, agravada por cortes extremos na ajuda internacional. Nos últimos dias, vimos ataques brutais contra pessoas vulneráveis no Norte de Darfur. Trabalhadores humanitários estavam entre os mortos. Estas são violações flagrantes do direito humanitário.
Os sudaneses estão cercados por todos os lados – pela guerra, por abusos generalizados, indignidade, fome e outras dificuldades. E enfrentam a indiferença do mundo exterior, que nos últimos dois anos demonstrou pouco interesse em trazer paz ao Sudão ou alívio aos seus vizinhos.
Acabo de retornar do Chade, um refúgio para quase um milhão de refugiados sudaneses que fogem desse massacre.
As pessoas que encontrei na fronteira compartilharam histórias de experiências que ninguém deveria ter que viver. Ainda assim, apesar da dor, disseram-me que não sentiam mais que estavam em perigo. Essa é a força silenciosa do asilo.
Mas a grave falta de financiamento significa que teremos dificuldades para aliviar o sofrimento. Os estoques de alimentos e medicamentos estão acabando. O abrigo já é precário. Não podemos transferir as pessoas refugiadas para áreas mais seguras.
Não são apenas os sudaneses que se tornaram invisíveis. O mundo, em grande parte, virou as costas para os países e comunidades que acolheram tantos refugiados. O Chade tem recursos escassos, mas permitiu que as pessoas refugiadas encontrassem segurança em seu território. Um número enorme – 1,5 milhão – fugiu para o Egito. Centenas de milhares de sul-sudaneses, eles mesmos ex-refugiados, voltaram para escapar da violência no Sudão, apenas para encontrar sua terra natal novamente à beira da guerra.
A estabilidade de toda a região está ameaçada. Há não apenas uma necessidade urgente de proteção humanitária, mas também de ajuda ao desenvolvimento, para que os governos anfitriões possam oferecer melhores futuros tanto para as pessoas refugiadas quanto para seus próprios cidadãos. Precisam de investimento na paz, na prosperidade e na estabilidade – e precisam disso agora.
Mas o impacto desta emergência vai ainda mais longe. Refugiados sudaneses estão chegando a Uganda e atravessando a Líbia – em jornadas cheias de perigos – rumo à Europa. Essas pessoas refugiadas precisam e merecem seus direitos básicos – à segurança e dignidade, à educação e ao trabalho, à saúde e moradia, à paz. Muitos fizeram essas jornadas em busca desses direitos, e muitos mais ainda o farão.
Após dois anos de sofrimento incessante, o mundo não pode mais se dar ao luxo de ignorar esta emergência. Devemos fazer todo o possível para levar a paz ao Sudão. O apoio humanitário e ao desenvolvimento precisa ser intensificado. Continuar a desviar o olhar terá consequências catastróficas.
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- Para Sudão: Assadullah Nasrullah, nasrulla@unhcr.org, +254 113 676 413
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