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Mulheres refugiadas lideram organizações comunitárias no Brasil

Histórias

Mulheres refugiadas lideram organizações comunitárias no Brasil

ACNUR mapeou 20 organizações sociais lideradas por mulheres refugiadas no Brasil e apoiou 14 delas com recurso em 2024. Com os cortes de financiamento, organizações correm risco de não seguirem com o trabalho prestado às comunidades
28 Março 2025
Três pessoas de pé, todas com colares coloridos. A pessoa no centro está usando uma camiseta branca com o texto 'MOBILIS' e um mapa do mundo. As duas outras pessoas estão usando camisetas verdes com a imagem de Nossa Senhora de Coromoto e o texto 'Nossa mãe Coromoto Patrona de Venezuela'

Líder do Conselho Warao Ojiduna, Mariluz Mariano (de branco) participou da etapa nacional da 2ª Comigrar, em Brasília

No Brasil, há mais de 800 mil organizações sociais, associações e coletivos que desempenham um papel fundamental no atendimento às necessidades sociais, culturais e ambientais em diferentes territórios. Elas atuam em áreas como educação, saúde, direitos humanos, meio ambiente, entre outras. Algumas destas instituições são lideradas por pessoas refugiadas, e apoiam suas comunidades no acesso aos seus direitos. Elas contribuem com interpretação, tradução, inserção no mercado de trabalho, atividades esportivas, culturais e promovem encontros para debater direitos e deveres.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) já mapeou 20 organizações lideradas por mulheres refugiadas e contribuiu financeiramente com 14 delas como forma de fortalecer a proteção comunitária e incentivar a convivência pacífica com a comunidade de acolhida. Algumas destas organizações oferecem seus serviços também para pessoas brasileiras em situação de vulnerabilidade. Com os cortes de financiamento humanitário, os serviços prestados por estas organizações estão ameaçados e, por consequência, milhares de pessoas refugiadas que são atendidas e apoiadas em sua autossuficiência no Brasil. 

Embora a maior parte das pessoas refugiadas tenha deixado suas casas com poucos pertences e em circunstâncias adversas, elas carregam consigo uma enorme bagagem de conhecimentos, experiências, tradições e cultura. Reconhecer a resiliência e as habilidades, bem como fortalecer estas capacidades são passos fundamentais para que elas se sintam integradas em seus bairros, nas comunidades e possam contribuir para a construção de soluções adequadas para suas necessidades. 

“O ACNUR acredita no imenso capital social que as mulheres refugiadas trazem consigo. Assim, ninguém melhor para pensar em soluções para suas necessidades do que elas próprias. Esse processo também integra uma estratégia mais ampla de fortalecimento das organizações lideradas por pessoas refugiadas, pois oferece ferramentas para o empoderamento das estruturas comunitárias, garantindo autonomia e sustentabilidade às populações”.

Davide Torzilli, Representante do ACNUR no Brasil

Conheça quatro destas organizações e as mulheres frente a estas potentes redes: 

Ação Social Irmandade Sem Fronteiras – Curitiba (PR)

A Ação Social Irmandade Sem Fronteiras tem como objetivo assegurar a promoção da assistência social, saúde física e mental de refugiados e migrantes com respeito e valorização de todas as pessoas, independentemente de sua etnia, cor, sexo, idade, nacionalidade, religião, identidade de gênero, orientação sexual, deficiência ou aparência física. Da mesma forma, incentivá-los a complementar sua formação, ser proativos na geração de sua própria renda, estimular o intercâmbio cultural, esportivo e alimentar, fornecer-lhes as ferramentas necessárias para crescimento pessoal e profissional por meio do planejamento de vida. Oferece atendimento e orientações para regularização no Brasil, capacitação, elaboração de currículo, encaminhamento para vagas de emprego, orientação no planejamento de vida, assessoria jurídica e apoio na revalidação de títulos. A presidente Rockmillys conta mais no vídeo. (link is external)Conheça mais sobre a Ação Social Irmandade Sem FronteirasLink is external.

Rockmillys Basante, presidente da Ação Social Irmandade Sem Fronteiras, explica sobre o trabalho da organização.

Associação dos Haitianos no Brasil – Porto Alegre (RS)

Desde o terremoto no Haiti em 2010, a presença de haitianos no Brasil vem se tornando mais comum em diferentes regiões do Brasil. A comunidade cresceu e tem se organizado para apoiar entre si. Em Porto Alegre, Anne lidera a Associação dos Haitianos no Brasil, que tem como principal missão “escutar as pessoas refugiadas e migrantes” e apoiá-las em suas necessidades. A associação oferece serviços de interpretação e tradução de idiomas, cursos básicos de português, entrega cestas básicas, faz doações de roupas, acompanha consultas médicas, ajuda na elaboração de currículos e realiza atividades culturais para integração social. Anne comenta que ainda precisam de uma sede própria e uma pessoa que possa trabalhar, já que atualmente contam com voluntários. (link is external)Saiba mais no Instagram da Associação dos Haitianos no BrasilLink is external.

Anne, presidente da Associação dos Haitianos no Brasil, dá mais detalhes sobre a organização e o impacto em políticas públicas do trabalho desenvolvido.

 

Centro de Apoio para Mães Migrantes e Acompañadas – Manaus (AM)

A organização liderada pela venezuelana Lis Carolina Martinez Perez acredita que a educação é a chave para a conquista da autonomia, seja por meio de trabalho ou do fortalecimento da autoestima e empoderamento.  É por isso que o Centro de Apoio para Mães Migrantes e Acompañadas oferece cursos e atividades de capacitação para facilitar a inclusão laboral delas no mercado de trabalho brasileiro. Atendem também brasileiras de baixa renda, provando que comunidades refugiadas promovem impactos positivos no Brasil. O desafio: um local para trabalhar e recursos para seguir apoiando a autossuficiência das mulheres, muitas delas são as únicas provedoras de renda da família. (link is external)Saiba mais no Instagram AcompañadasLink is external.

Lis Carolina é fundadora do Centro de Apoio para Mães Migrantes e Acompañadas e conta umpocuo do trabalho desenvolvido em Manaus 

 

Conselho Warao Ojiduna – Belém (PA)

O povo Warao forma a comunidade indígena mais antiga da Venezuela, caracterizada por suas relações com a água, sendo descrito como "povo da canoa", o que reflete sua profunda conexão cultural e econômica com os rios e áreas alagadas da região em que originalmente viviam. Muitos destes indígenas precisaram deixar seu país para buscar proteção internacional no Brasil. O Conselho Warao Ojiduna tem como missão representar a comunidade da região metropolitana de Belém e dialogar para a conquista de seus direitos em todas as instâncias e espaços. O conselho organiza demandas e necessidades para apresentá-las às autoridades locais, regionais e federais e compartilha informações importantes das instituições para as comunidades. Atua sob a ótica da auto-organização e fortalecimento comunitário, com foco especial à prevenção de violência baseada em gênero. 

Na rede há grupos de artesãos: Nona Anonamo Tuma reúne 132 artesãos de 13 grupos de produção diferentes, em maioria mulheres. Entre as principais necessidades estão: recurso para o funcionamento da organização, sede própria, telefone para as lideranças e apoio para capacitações de mediadores culturais em saúde. Com a palavra, a presidente Mariluz. (link is external)Conheça mais sobre a organização no Instagram do Conselho Warao OjidunaLink is external

Quando entrevistada, Mariluz era líder do comitê de mulheres do Conselho Warao Ojiduna. Hoje ela é presidente da organização e conta um pouco do trabalho desenvolvido com a comunidade indígena em Belém