Com apoio do ACNUR, pessoas refugiadas levarão propostas de políticas públicas ligadas ao clima ao G20 Social
Com apoio do ACNUR, pessoas refugiadas levarão propostas de políticas públicas ligadas ao clima ao G20 Social
Cerca de dez propostas de ações e de políticas públicas com foco nas mudanças climáticas e grupos vulnerabilizados serão entregues ao Governo Brasileiro durante o G20 Social. Elas foram debatidas e elaboradas por mais de 600 pessoas no último domingo, 3/11, durante o Mural do Clima, ação organizada pela Mawon e apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
As propostas estão sendo sistematizadas a partir de demandas e sugestões apresentadas por diferentes grupos – pessoas refugiadas, migrantes, catadoras de materiais recicláveis, mulheres negras e moradoras de favelas. A atividade de debate foi organizada pela Mawon, organização liderada por pessoas refugiadas e apoiada pelo ACNUR. No próximo dia 14, elas serão entregues a lideranças durante o G20 Social, iniciativa da presidência da república para ouvir a sociedade civil durante o G20.
“Buscamos discutir as causas e as consequências das catástrofes naturais. Reunimos grupos vulneráveis para poder dialogar com empresas e com o poder público e trazer soluções eficientes e propor políticas públicas que considerem as maiores vítimas das questões climáticas”, explica o haitiano Robert Montinard, cofundador da Mawon. “Vamos entregar as propostas ao Governo Brasileiro, que vai poder escutar as necessidades e os desafios da população mais vulnerável, que são as maiores vítimas e as que pagam mais caro quando os desastres naturais acontecem. Ter o apoio do ACNUR nos traz notoriedade e credibilidade, legitima nosso projeto”, completa.
Entre as propostas apresentadas estão a inclusão da educação ambiental no currículo escolar desde as primeiras séries, o reconhecimento da vulnerabilidade das pessoas forçadas a se deslocar em função das mudanças climáticas e ofertas de serviços de acolhimento e integração específicos para essas pessoas à sociedade brasileira.
A venezuelana Mili Yanez foi uma das participantes da atividade. Aos 61 anos, ela demonstra preocupação com o planeta que está sendo deixado para as próximas gerações. “Se seguirmos desse jeito, vamos acabar com tudo, e quem vai sofrer com isso são nossos filhos e netos”, lamenta. “O Mural do Clima é um aprendizado para todo mundo, são questões que temos que aprender desde a escola, para termos consciência e conseguirmos olhar adiante.”
“As mudanças climáticas e os desastres naturais acontecem em muitas regiões que também passam por conflitos.
Essas mudanças têm potencializado uma série de deslocamentos e problemas para a população refugiada, que acaba tendo que sair de seus países em busca de proteção”, destaca o associado de Proteção do ACNUR, William Laureano. “É muito importante a participação de pessoas refugiadas e migrantes no debate e na construção de políticas públicas dos países que as acolheram. Essa atividade é exemplo dessa participação, onde elas compartilham suas demandas, seus entendimentos, e constroem coletivamente propostas”, completa.