ACNUR e ECHO lançam publicação sobre como jovens refugiados veem o mundo
ACNUR e ECHO lançam publicação sobre como jovens refugiados veem o mundo
QUITO, Equador, 23 de setembro de 2014 (ACNUR) – Graças ao apoio da iniciativa Crianças de Paz da União Europeia, o ACNUR lançou nesta semana a publicação “Eu me vejo”, um documento sobre como crianças e adolescentes refugiados veem seu mundo. Desenvolvido pela pesquisadora Diana Rodríguez Gómez*, da Columbia University, a publicação mostra uma realidade complexa, onde se combinam desafios de adaptação, mas também a criatividade, habilidades e desejos para o futuro dessa população.
“Eu me vejo” é fruto da colaboração da pesquisadora em Educação e Conflito, Diana Rodriguez Gomes, com o escritório da Agência da ONU para Refugiados no Equador. Graças ao apoio do Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da União Europeia (ECHO), que financia projetos para favorecer crianças e adolescentes em situação de refúgio através de sua iniciativa “Crianças de Paz” (Children of Peace, em inglês).
O documento compila as experiências coletadas por Diana Rodriguez Gomez durante as várias entrevistas realizadas com meninas e meninos nas províncias equatorianas de Pichincha e Sucumbios, assim como o material fotográfico elaborado pelo próprios jovens sobre sua realidade cotidiana.
Além disso, “Eu me vejo” inclui o manifesto Jovens X Soluções, fruto de um processo de trabalho em 2014 entre jovens de diversas províncias do país que formam a Rede de Jovens sem Fronteiras. O manifesto destaca como a participação e o acesso a direitos dos jovens em situação de refúgio no Equador segue sendo um desafio a ser considerado por toda a sociedade.
“Crianças de Paz” é uma iniciativa da UE que decidiu destinar aos mais desfavorecidos os fundos obtidos pela conquista do Nobel da Paz, em 2012: crianças vivendo em zonas de conflito. Através do Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da Comissão Européia (ECHO), a iniciativa já beneficiou cerca de 23 mil crianças em todo o mundo.
No Equador, o ACNUR executou entre 2013 e 2014 uma série de projetos em benefício de mais de 5 mil crianças e adolescentes, em sua maioria refugiados de origem colombiana. Estes projetos, focados em promover a inclusão educacional, a integração e participação em atividades que fomentem a coexistencia pacífica, tem se desenvolvido nas zonas fronteiriças de Esmeraldas, Carchi e Sucumbíos, assim como em Quito e Guayaquil. Além disso, na Colômbia, outras 4 mil crianças se beneficiam do programa.
Dos cerca de 60 mil refugiados reconhecidos vivendo no Equador, dos 98% de origem colombiana, 23% têm menos de 18 anos. Eles são especialmente vulneráveis aos efeitos do conflito interno em seu país. Ao ter que fugir forçadamente de seus lugares de origem, muitas vezes em meio a extrema violência, eles consequentemente abandonam também a escola. Uma vez no Equador para muitos deles é difícil continuar os estudos. As limitações econômicas na Colômbia geram dificuldades para eles.
Na época, o fato de que muitos refugiados se estabelecem em áreas isoladas e periféricas, na fronteira ou em ambientes urbanos, faz com que os limitados serviços educacionais existentes, ou as dificuldades de acesso aos mesmos, reduzam suas oportunidades de continuar estudando. Em outros casos é a necessidade de contribuir para a renda familiar ou cuidar dos irmãos mais novos que aumentam as limitações.
“Crianças de Paz” apoia os esforços para permitir que crianças e jovens permaneçam no sistema educacional e se integrem às suas comunidades e bairros. A educação é crucial para a proteção e para o desenvolvimento das crianças; além de contribuir com seu desenvolvimento, as atividades educacionais oferecem um apoio psicossocial que cria uma sensação de normalidade.
O que é o ECHO?
O Departamento de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da Comissão Européia (ECHO) se encarrega de gerir a assistência humanitária da Comissão, um dos maiores doadores desta ajuda no mundo. Este apoio beneficia vítimas de conflitos, violência e desastres desencadeados por fenômenos naturais, tanto dentro como fora da UE.
O ECHO distribui seus fundos para mais de 200 contrapartes (agências humanitárias da ONU, ONGs internacionais e a Cruz Vermelha). Em 2013, o ECHO proporcionou assistência a mais de 124 milhões de pessoas em 90 países fora da EU, um total de € 1.350 milhões.
*Diana Rodríguez Gómez é Candidata a Doutorado em Educação Internacional e Desenvolvimento na Teachers College – Columbia University.