Angelina Jolie faz declaração sobre oito anos da crise na Síria
Angelina Jolie faz declaração sobre oito anos da crise na Síria
A violência e a destruição na Síria continuam a infligir sofrimento a milhões de pessoas sírias, alertou a enviada especial do ACNUR, Angelina Jolie, nesta sexta-feira (15), no marco do oitavo ano da crise na Síria.
Desde o início da crise, em março de 2011, metade da população da Síria foi deslocada à força. Mais de 5,6 milhões de sírios vivem como refugiados em toda a região e milhões estão deslocados internamente.
Nesta importante data, a enviada especial fez a seguinte declaração:
“Ao chegarmos a mais um ano desse conflito devastador, meus pensamentos estão com o povo sírio. Penso, especialmente, nos milhões de sírios que sofrem com a condição de refugiado na região, nas famílias deslocadas no interior do país e em todos que sofrem com ferimentos, traumas, fome e a perda de familiares.
Milhões de sírios não participaram da guerra, mas vivem suas consequências. É impossível descrever a resiliência e a dignidade das famílias sírias que conheci. Todos os refugiados sírios com quem passei tempo nos últimos oito anos, jovens e idosos, falaram ansiar pela paz na Síria, para que possam voltar em segurança para casa. Famílias deslocadas internamente e refugiados, em menor escala, já começaram a retornar ao país. É fundamental que os retornos sejam de iniciativa própria dos refugiados, baseada em suas decisões e não em pressões políticas. Ouvir os refugiados e suas perspectivas e preocupações é vital para o planejamento dos seus futuros retornos – é uma questão de direitos.
Nos últimos anos, a lacuna entre o que os refugiados sírios e os deslocados internos precisam para sobreviver, e a assistência humanitária disponível para eles, cresce a cada dia. Há sírios dentro do país que estão tentando reconstruir suas vidas rodeados por escombros, sem o apoio necessário. Milhões de famílias refugiadas estão vivendo abaixo da linha da pobreza, e acordam todos os dias sem saber se vão encontrar comida ou remédios para seus filhos. Elas também lutam diariamente com o acúmulo de dívidas contraídas durante os oitos anos de exílio.
Mulheres e meninas enfrentam desafios adicionais, incluindo as limitadas oportunidades de trabalho, e a violência sexual e de gênero, como o casamento forçado e prematuro, os abusos, a exploração sexual e a violência doméstica. Os países vizinhos – Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito – têm feito muito para ajudar os refugiados, mas seus recursos são limitados e precisam de financiamento para continuar a apoiar milhões de refugiados e ajudar suas populações locais a lidar com as pressões econômicas e sociais.
Enquanto o conflito continua e até que os sírios sejam capazes de retornar às suas casas, o mínimo que podemos fazer é tentar atender as mais urgentes necessidades humanitárias: minimizar o máximo possível o sofrimento humano e tentar mitigar alguns dos danos causados por esses oito anos perdidos neste conflito sem sentido.
Esse é o mínimo que podemos fazer para um povo que merece muito mais: o direito de viver em paz, com segurança e dignidade em seu país”.