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Com fome e frio, Afeganistão se prepara para um inverno rigoroso

Comunicados à imprensa

Com fome e frio, Afeganistão se prepara para um inverno rigoroso

25 Outubro 2021
Pessoas deslocadas internamente fazem fila do lado de fora de uma instalação do ACNUR perto de Cabul para receber ajuda. © ACNUR / Tony Aseh

Em uma instalação operada pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, a cerca de 15 quilômetros de Cabul, um grande grupo de homens, mulheres e crianças faz fila sob o sol de outono. Com cupons de socorro nas mãos, eles esperam para entrar no complexo por um portão guardado por um soldado do Taleban.

Lá dentro, o ACNUR e outras agências humanitárias estão distribuindo ajuda a mais de 1.000 afegãos deslocados de todo o país que agora vivem em Cabul. Eles recebem cobertores, lençóis plásticos, fogões, baldes, galões de água, sabonete, kits de higiene e utensílios de cozinha. Os mais vulneráveis ​​também recebem ajuda em dinheiro.

Com o apoio de pessoas generosas como você, o ACNUR segue atuando no Afeganistão para salvar vidas. Doe agora mesmo e apoie os nossos esforços.

A maioria tem dormido ao ar livre ou em abrigos improvisados ​​em um dos dois parques públicos, enquanto aqueles que podem pagar estão alugando apartamentos em toda a cidade.

Com o inverno se aproximando rapidamente, as temperaturas na capital já estão chegando perto de 0° C à noite e podem cair para até –25° C no meio do inverno, colocando quem dorme ao ar livre em risco de hipotermia.

Enquanto as pessoas recolhem seus itens de socorro, uma mulher idosa sentada sozinha em um banco começa a tremer incontrolavelmente. Funcionários do ACNUR correm para ajudá-la e descobrem que ela não comia há dias e que estava prestes a desmaiar de fome.

“Passamos dias sem comida”

Ela não é a única que precisa desesperadamente de ajuda. Uma mãe pede mais um pacote de cereal para alimentar os filhos. E um avô de 65 anos explica que está tentando cuidar de 26 parentes desde que eles voltaram do Paquistão para sua terra natal, em julho, quando descobriram que sua casa havia desaparecido. Eles se mudaram para Cabul, onde vivem ao ar livre desde agosto.

“Passamos dias sem comida”, disse ele, acrescentando que um pacote de itens de socorro para uma família de sete pessoas não iria durar muito. “Mas, agora, qualquer coisa é alguma coisa”.

O Afeganistão enfrenta um agravamento da emergência humanitária com a economia à beira do colapso e cerca de metade da população agora depende de ajuda. Há mais de 3,5 milhões de pessoas deslocadas pelo conflito dentro do país, incluindo cerca de 700.000 forçadas a fugir apenas este ano.

“Eu costumava rebocar prédios antes de fugir de nossa aldeia”, disse Safi Ullah, 25, que fugiu da província de Nangarhar em julho. “Os mísseis não paravam de cair perto de nossas casas. Fomos forçados a nos mudar para Cabul apenas com as roupas do corpo quando nossa casa pegou fogo depois de ser atingida.”

A insegurança não é o único fator que força as pessoas a abandonar suas casas. O Afeganistão vive atualmente sua segunda seca severa em quatro anos e a produção de alimentos foi duramente atingida.

“Em nossa própria região enfrentamos secas e problemas econômicos porque nossas fazendas não tinham safras suficientes e não tínhamos nenhuma outra fonte de renda”, disse Ullah ao receber sua parte da ajuda.

A fome já era generalizada antes mesmo de o Taleban assumir o controle do governo, há dois meses, mas piorou significativamente de acordo com a última atualização do Programa Mundial de Alimentos. Em meados de setembro, apenas 5% dos afegãos tinham o suficiente para comer e um em cada três enfrentava crises ou níveis de emergência de insegurança alimentar.

Nas últimas duas semanas, o ACNUR ajudou cerca de 100.000 pessoas em todo o Afeganistão com abrigos de emergência, cobertores, painéis solares e dinheiro para os mais vulneráveis. No total, atingiu mais de meio milhão de pessoas deslocadas com assistência até agora.

Faça uma doação mensal e garanta a segurança, a saúde e o bem-estar de crianças, mulheres e homens refugiados forçados a fugir.

A agência estabeleceu um centro de logística em Termez, no país vizinho, o Uzbequistão, para se preparar e entregar rapidamente ajuda ao Afeganistão, e está aumentando sua resposta para alcançar mais pessoas deslocadas antes que o inverno rigoroso chegue, mas precisa de mais recursos. Apenas 35% dos fundos necessários para apoiar as operações nos próximos dois meses foram recebidos.

Ahmad Seraaj, 14, e sua família fugiram da província de Maidan Wardak, no centro do Afeganistão, para buscar segurança na capital.

“Somos uma família de 13 membros e nos mudamos para Cabul depois que nossa casa foi atingida por projéteis de morteiro”, disse o garoto, enquanto fazia fila com seu pai para receber ajuda. “Trouxemos apenas alguns pertences e estamos enfrentando problemas econômicos porque não encontramos trabalho aqui. Precisamos urgentemente de ajuda”. Embora os combates tenham parado, a insegurança persiste em sua área de origem e a família tem muito medo de voltar.

"Eu não posso voltar"

Cerca de 156.000 pessoas deslocadas optaram por voltar para casa desde que os combates diminuíram, de acordo com números da ONU. Na semana passada, o ACNUR apoiou 660 famílias para que voltassem para casa nas regiões do norte do país. Os repatriados recebem US$200 (R$ 1.142,08 reais) por família para pagar o transporte e outros US$400 (R$ 2.284,16) para ajudá-los a se reintegrarem. Outras 280 famílias receberão ajuda para retornar ao planalto central antes do final de outubro.

Mas muitos dos deslocados para Cabul temem encontrar pouca coisa quando retornarem, pois suas casas e meios de subsistência foram destruídos pelos combates.

“Não posso voltar”, disse Mehraboudin, 28, que fugiu dos confrontos em sua cidade natal, na região de Parwan, em julho. “O que eu vou fazer lá? Não tenho casa e não tenho emprego”.