Novo filme da Netflix retrata a história inspiradora de Yusra Mardini
Novo filme da Netflix retrata a história inspiradora de Yusra Mardini
O novo filme da Netflix, As Nadadoras (The Swimmers), conta a história notável de Yusra Mardini, uma jovem refugiada síria e Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, que escapou do conflito e competiu em duas Olimpíadas.
“Este é um filme com o qual qualquer pessoa no mundo pode se identificar”, disse a jovem de 24 anos pouco antes da estreia mundial da obra na prestigiosa noite de abertura do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF). “Queremos que o filme faça a diferença.” Descrito como “épico”, a expectativa vem crescendo entre o público e a crítica desde o lançamento do dramático trailer.
Dirigido pela aclamada cineasta egípcia-galesa Sally El Hosaini de My Brother the Devil, o filme é estrelado por atores libaneses e por Nathalie e Manal Issa, que são irmãs na vida real, como Yusra e sua irmã mais velha Sara.
O longa conta a história de sua infância em Damasco, seu foco na natação desde cedo e sua dramática jornada para a Europa em 2015. Na ocasião, ela precisou guiar o bote onde estava rumo à costa em meio às águas escuras do Mar Egeu, salvando assim a vida de diversas outras pessoas refugiadas.
Antes de pisar no tapete vermelho em Toronto, a empolgação de Mardini pelas possibilidades do filme era palpável.
“Nós contamos toda a história. Queríamos que fosse a história real”, diz ela, acrescentando que os cineastas visitaram a família na Alemanha, onde moram agora, bem como os campos de refugiados gregos onde ficaram pela primeira vez. “Eles realmente investiram muito tempo e energia, e não duvidamos nem por um segundo que fariam um ótimo trabalho.”
Enquanto o público terá que esperar até 23 de novembro para o lançamento do filme, Mardini já o viu duas vezes e diz que é impossível para ela escolher os melhores momentos. “Honestamente, o filme inteiro é a minha cena favorita!” ela diz.
No entanto, sendo baseado na história real de deslocamento de Yusra e Sara do conflito e do início de suas novas vidas como refugiadas, nem sempre é um filme fácil para ela – ou qualquer outra pessoa – assistir. “Eu chorei a cada dois minutos”, diz Yusra.
Ela espera que seja muito mais do que simples entretenimento. “Este filme vai colocar a conversa na mesa sobre o que é uma pessoa refugiada, o que queremos mudar”, diz Yusra.
El Hosaini, a diretora, ecoa essa ambição. “Minha maior esperança para o filme é que ele subverta os estereótipos desgastados sobre pessoas refugiadas e jovens mulheres árabes. Quero que o filme nos lembre que as pessoas refugiadas são pessoas normais com vidas plenas e regulares, com esperanças e sonhos. Pessoas comuns que tiveram que fazer escolhas inimagináveis, deixando suas casas e arriscando tudo em busca de uma vida melhor e mais segura.”
Desde que se tornou a mais jovem Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR em 2017 e competiu como nadadora nas Olimpíadas do Rio 2016 e Tóquio 2020, Yusra emergiu como uma voz líder para as pessoas refugiadas, uma voz que The Swimmers ampliará ainda mais.
- Veja também: A jornada de Yusra Mardini em busca de segurança
Como muitos ao redor do mundo, o termo “refugiado” significava pouco para Yusra até que ela foi forçada a deixar sua casa. “Quando eu morava na Síria, nem pensava no que é uma pessoa refugiada. Ninguém me educou sobre isso”, diz.
Para mudar a percepção sobre as pessoas refugiadas, a compreensão deve vir em primeiro lugar, diz ela. “Os sistemas educacionais precisam mudar: eles precisam ser mais abertos, precisam ensinar as histórias de pessoas migrantes e refugiadas”, diz Yusra, que espera compartilhar sua história por toda parte, por meio de seu livro de memórias de 2018 Butterfly e agora The Swimmers, que ajudará a educar as pessoas sobre o potencial e o valor que todos as pessoas refugiadas têm. “Temos que tratar todos da mesma forma”, diz.
“Muito ainda precisa mudar para as pessoas refugiadas”
A história surpreendente de Yusra não é apenas uma em um milhão, é uma em 100 milhões, que é o número atual de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. É claro que nem todos podem nadar os 100 metros borboleta nas Olimpíadas, mas o talento e o sucesso de Yusra impulsionam seu compromisso de falar pelas pessoas refugiadas e influenciar comportamentos.
“Os Jogos Olímpicos mudaram a maneira como eu penso sobre ser uma pessoa refugiada. Entrei no estádio no Rio e percebi que posso inspirar tantas pessoas. Percebi que ‘refugiado’ é apenas uma palavra, e o que você faz com ela é a coisa mais importante.”
Além da natação, os planos de Yusra para o futuro incluem seu papel contínuo como Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, estabelecer uma fundação de caridade focada em esportes e educação, estudar e talvez até atuar.
Apesar de estar no centro das atenções de Hollywood, Yusra não perdeu de vista sua vocação. “Muito ainda precisa mudar para as pessoas refugiadas”, diz ela. "Este não é o fim. É apenas o começo."