Refugiados dão toque africano a festa “julina” no Rio
Refugiados dão toque africano a festa “julina” no Rio
Rio de Janeiro, 31 de julho de 2015 (ACNUR) - Milho, canjica, espetinho, bolos variados e... kwanga. Festa “julina” com refugiados é assim, multicultural. Na celebração realizada esta semana pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro em parceria com a ONG IKMR, os tradicionais quitutes brasileiros de "arraiá" ganharam a companhia de um prato típico da África. Os chapéus e trajes caipiras se misturaram a turbantes e vestidos coloridos, e a trilha sonora de quadrilha deu lugar a músicas africanas.
A temperatura elevada do Rio de Janeiro lembrava mais o calor do carnaval do que o friozinho dos tradicionais festejos do inverno brasileiros, mas o ambiente e a decoração não deixavam dúvidas: era dia de celebrar uma das mais populares festas populares do país. Enquanto os adultos procuravam entender o significado do evento, crianças se deixavam pintar barbas e pintinhas de caipira no rosto e se revezavam entre o pula-pula e a barraca das brincadeiras.
"Estou achando legal! É divertido pular", disse o ofegante congolês Josi, de 7 anos, enquanto aguardava na fila da pescaria. "É muito legal ter a oportunidade de estar com as crianças refugiadas no Rio", comentou Vivianne Reis, diretora da IKMR. "Elas estavam muito ansiosas para poder aproveitar tudo. Isso mostra o quanto é importante realizar iniciativas como esta."
A festa não proporcionou novidades apenas para os refugiados. Quando a kwanga foi servida, foi a vez de os brasileiros conhecerem algo diferente. De tradição africana, a iguaria é elaborada a partir da conhecida mandioca, um dos ingredientes mais presentes nas festas juninas. A diferença está no preparo, que inclui uma série de cozimentos, com duração de até três dias.
"Está tudo bom: a comida, o acolhimento... Meus filhos já falaram até que querem dormir aqui hoje", contou a congolesa Katia, mãe de dois meninos e uma menina. Ela ainda tentava entender a tradição por trás do evento, mas um compatriota mostrou que estava por dentro. Ou quase isso. "É uma festa em volta do fogo, com camisas e chapéus de cowboy", arriscou Lerby. "Já conhecia antes de vir para o Brasil, mas aqui aprendi que se chama festa junina."
Entre risadas e selfies, brasileiros e refugiados celebraram sobretudo o diálogo cultural e a coexistência pacífica de diferentes tradições. "Foi uma oportunidade para descontrair, mas também para apresentar a eles a nossa cultura", explicou Aline Thuller, coordenadora do programa de atendimento a refugiados da Cáritas RJ. "Quando saímos vestidas de caipira, as mulheres acharam o máximo e depois vieram perguntar sobre a roupa. Elas gostaram tanto que incentivaram as crianças a se pintar também. Foi um encontro de culturas."
Por Diogo Felix, do Rio de Janeiro