Refugiados e imigrantes concluem curso de português em Brasília
Refugiados e imigrantes concluem curso de português em Brasília
Brasília, 07 de julho de 2016 (ACNUR) – A noite da última terça-feira, em Brasília, foi marcada pelo uso de adjetivos entre os refugiados e imigrantes como forma de agradecimento ao curso de língua portuguesa que concluíram. Os cerca de 30 alunos presentes, oriundos de diferentes nacionalidades, fizeram bom uso do português que aprenderam para agradecer aos professores e voluntários durante a cerimônia de entrega da declaração de conclusão do curso.
Com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e de seu parceiro implementador de projetos em Brasília, o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), o curso Módulo Acolhimento é realizado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros (NEPPE) da Universidade de Brasília (UnB). Composto por três níveis sucessivos, o curso teve início no final de 2012, com a proposta de ensinar a língua portuguesa para atender as necessidades imediatas de refugiados e imigrantes.
Para a refugiada de Uganda, Aisha, que chegou ao Brasil em 2014, o curso do NEPPE foi fundamental para que ela tivesse mais conhecimentos da língua portuguesa e também da cultura brasileira. “Embora eu ainda não fale muito bem em português, sei que vou conseguir. Agradeço ao trabalho duro dos professores e a oportunidade de ter conhecido novas pessoas, de ter feito novos amigos”.
O aprendizado da língua nativa é um importante fator de integração de refugiados e imigrantes às sociedades de acolhida. É por meio do conhecimento da língua local que perspectivas de trabalho se tornam mais efetivas, assim como qualquer negociação que envolva os direitos trabalhistas, contratos de moradia e atendimentos nos sistemas de saúde, por exemplo.
“O aprendizado do português beneficia muitos refugiados e imigrantes que, por distintas razões, vieram morar neste maravilhoso país. O curso que fizemos é um meio importante de nos comunicar melhor com as pessoas, é uma porta importante para todos nós progredir e nos integrar na sociedade”, disse o aluno Marcelo, solicitante de refúgio boliviano e que vive no Brasil há dois anos.
Dentre os 95 refugiados, solicitantes de refúgio e imigrantes inscritos no início do ano, apenas um terço deste total conseguiu concluir o curso. A maior dificuldade não foi a aprendizagem em si, pois a dedicação e a vontade de aprender é notória entre esta população. O entrave se deu justamente pela forma de locomoção até a UnB, pois os estudantes não conseguiram ter direito ao passe livre estudantil, fazendo com que a oferta gratuita do curso se tornasse onerosa pelas despesas necessárias com o transporte.
Os diferenciais do curso condizem com a estrutura das aulas, que podem ser adequadas à demanda específica de cada turma, e o conteúdo do material didático, composto para ilustrar temas do cotidiano. Para a diretora do IMDH, Irmã Rosita Milesi, “o conteúdo do material didático permite que o estudante possa entender o contexto de vida em que ele passa a vivenciar, fazendo com que o idioma tenha uma perspectiva futura: permite ao estudante pensar em fazer um curso universitário, a conquistar um trabalho e a entender a cultura brasileira”.
Com o encerramento dos três módulos de acolhimento, a coordenadora do núcleo, Lúcia Barbosa, espera que os alunos já participantes possam dar continuidade aos estudos e novos alunos sejam recebidos pela equipe do NEPPE, que pretende ter um acervo de livros em português já no próximo semestre. Pela motivação por novos conhecimentos e por já estarem vivenciando o dia a dia da vida no Brasil, a aprendizagem costuma ser rápida e de forma promissora aos futuros falantes do idioma português.
Por Miguel Pachioni, de Brasília.