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Refugiados rohingya correm para reforçar abrigos à medida que as monções se aproximam

Comunicados à imprensa

Refugiados rohingya correm para reforçar abrigos à medida que as monções se aproximam

19 Janeiro 2018
Nur Hossen faz melhorias no abrigo de sua família no campo de refugiados de Kutupalong, em Bangladesh, enquanto sua filha Tamjina Munni, de 7 anos, segura no colo a irmã de dois anos, Noor. © ACNUR/Andrew McConnell
EXTENSÃO DO CAMPO DE KUTUPALONG, Bangladesh, 19 de janeiro de 2018 - Em um pedaço de terra neste assentamento informal, a refugiada Rohingya, Hafsa, de 55 anos, e seu marido Mohammed, de 60 anos, correm contra o tempo para construir um abrigo resistente ao clima.

Eles têm quatro estacas de bambu de 7,5m que servem como pilares de sustentação, fornecidos como parte de um kit dado pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados. Os kits contêm também peças mais finas de bambu, lonas e ferramentas como martelos, pregos e amarras de plástico para impermeabilizar o abrigo e proteger das chuvas de monções esperadas no mês de março.

"Nós agora temos o que precisamos para construir, e, se Deus quiser, o abrigo permanecerá firme enquanto estamos aqui", disse Hafsa.

Durante as primeiras semanas, após o final de agosto, quando os refugiados rohingya chegaram de Mianmar em Bangladesh, houve pouco tempo para planejar a localização ou a construção de moradias. Qualquer bambu ou revestimento que pudesse ser adquirido localmente foi usado para montar os abrigos e fornecer proteção básica.

Agora que o fluxo de deslocamento diminuiu - deixando 655 mil refugiados encurralados nesta área, a maioria no campo estendido de Kutupalong - o foco está em fornecer melhores materiais para os abrigos, ajudando os refugiados a construir estruturas mais robustas e, sempre que possível, a realocar famílias para terrenos mais estáveis.

As ações têm como objetivo salvar vidas antes que a estação chuvosa comece, dentro de alguns meses. Depois disso, esta planície localizada entre colinas se tornará suscetível a deslizamentos de terra e inundações.

"Nós temos uma enorme quantidade de trabalho a fazer", disse Richard Evans, especialista em abrigos do ACNUR em Cox's Bazar. "Antes da chegada das monções, precisamos mover o maior número de pessoas para um terreno mais alto e continuar a fornecer os kits de abrigo".

Até agora, o ACNUR já distribuiu 30 mil kits de abrigo e tem o objetivo de chegar a 80 mil em março. Ao todo, existem cerca de 100 mil abrigos em Kutupalong.

Para seguir adiante nessa segunda fase, o ACNUR e seus parceiros estão trabalhando com líderes comunitários para aconselhar as famílias no posicionamento de suas casas, além de ajudar na construção. O apoio adicional a milhares de famílias no amplo assentamento inclui cavar canais de drenagem e canalizar a fumaça das fogueiras usadas para cozinhar.

Entre os refugiados apoiados está Salim, de 80 anos, que conseguiu tornar seu abrigo mais resistente com a ajuda da BRAC, uma ONG local parceira do ACNUR e seus vizinhos.

Ele construiu prateleiras, uma área de armazenamento e um capacho de bambu elevado. Os lados de seu novo abrigo são feitos de lona e amparados por bambus, divididos habilmente em fibras mais finas, uma técnica comum no campo. Tudo isso deve tornar a moradia melhor durante as tempestades que estão por vir.

"Eu construí esse abrigo com a ajuda de outras pessoas", disse ele. "Nossas necessidades são grandes, mas mantemos esse abrigo limpo e arrumado e tento melhorá-lo quando posso".

Existe um componente comunitário na construção de abrigos em um acampamento. A atividade ajuda os jovens que têm pouca perspectiva de emprego a se sentirem valorizados. Em muitos casos, as comunidades e famílias que viveram juntas em Mianmar, e que talvez tenham feito juntos a jornada de deslocamento, se ajudam na construção.

De fato, as técnicas e os materiais não são tão diferentes dos usados por eles no estado de Rakhine, ficando de fora talvez apenas as fundações de concreto e a madeira, para os que tinham mais dinheiro.

Um dos desafios em Kutupalong é ambiental. Quando os refugiados chegaram em grande número no ano passado, muitos usaram a vegetação como lenha, por vezes arrancando as raízes. Isso, por sua vez, agrava o problema dos deslizamentos e da erosão do solo quando as monções chegavam. A água da chuva vai escorrer pelas encostas, enchendo as piscinas existentes de água estagnada em terras mais baixas.

O ACNUR vem tentando compensar o dano ambiental fornecendo cascas de arroz comprimidas para serem usadas como combustível. Já o bambu vem de fontes sustentáveis na região de Chittagong.

Um plano também está sendo criado com antecedência para reforçar os abrigos após as monções. Até agora, presume-se que o modelo de bambu e lona seja mantido. Os tipos de tendas e caravanas utilizados em outras áreas de refugiados não são adequados para a topografia e o clima da região.