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Revista Lancet pede melhorar tratamento médico em áreas de conflito

Comunicados à imprensa

Revista Lancet pede melhorar tratamento médico em áreas de conflito

Revista Lancet pede melhorar tratamento médico em áreas de conflitoArtigo na revista The Lancet produzido em co-autoria por um especialista do ACNUR afirma que o tratamento médico para pessoas em áreas de conflito precisa ser melhorado.
22 Janeiro 2010

GENEBRA, 22 de Janeiro (ACNUR) – Um artigo na revista médico-científica “The Lancet”, produzido em co-autoria por um especialista do ACNUR, afirma que o tratamento médico para pessoas em áreas de conflito precisa ser melhorado. O artigo recomenda mudanças em quatro áreas fundamentais: fornecimento de serviços de saúde, tratamento de doenças crônicas, desenvolvimento de serviços de saúde em áreas urbanas e supervisão, mensuração e monitoramento.

Os autores do artigo, liderados por Paul Spiegel, chefe da Seção de Saúde Pública e HIV do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), argumentam que governos, agências da ONU e organizações internacionais têm demorado a se adaptar às mudanças nos ambientes de operação, onde ajudam as pessoas afetadas pelos conflitos (incluindo refugiados e deslocados internos), no que diz respeito aos serviços de saúde.

Embora admitam que um progresso substancial na resposta às necessidades de tratamento de saúde de populações atingidas por conflitos foi conseguido nas últimas décadas, os autores destacam que o fornecimento destes tratamentos tem sido comprometido pela redução do espaço humanitário – as áreas nas quais civis podem procurar proteção e trabalhadores humanitários fornecem assistência em segurança.

O artigo publicado na renomada revista britânica afirma que tratamentos de saúde em áreas de conflito ainda são baseados em modelo desenvolvido durante os anos 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria, quando conflitos armados entre países inimigos eram mais comuns e “conflitos eram geralmente sinônimo de campos de refugiados lotados, abrigando populações jovens de países em desenvolvimento”.

No entanto, “os antigos paradigmas de países em desenvolvimento com grandes populações de refugiados em campos com doenças infecciosas e desnutrição não respondem à complexidade de conflitos presentes e futuros”, apontam os autores.

Atualmente, “a maioria das guerras contemporâneas tem longa duração, são dentro dos países, guerreadas por grupos armados irregulares e alimentadas por oportunidades econômicas e rivalidade étnica. Conflitos armados diretos são pouco frequentes, mas a violência contra civis, incluindo estupros, de destacam. Esta violência acontece num cenário de crescente urbanização e de envelhecimento da população”, afirma o artigo.

Além disso, conflitos dentro dos próprios países têm aumentado o número de deslocados internos, enquanto as populações de refugiados gradualmente diminuem. Atualmente, mais da metade dos refugiados vive em áreas urbanas, onde oferecer serviços de saúde é geralmente um desafio complexo.

Questões relacionadas a sistemas de saúde estão se tornando de grande importância. Estas incluem financiamento de saúde em crises prolongadas, dificuldades de acesso devido à cobrança de taxas e a necessidade de integrar serviços dentro do sistema de saúde formal, em parte para prevenir a desigualdade entre beneficiários e populações locais do país quando ambos possuem necessidades e vulnerabilidades semelhantes.

Enquanto isso, doenças crônicas não-infecciosas estão se tornando cada vez mais presentes em áreas de conflito. Este padrão provavelmente permanecerá no futuro, uma vez que a idade da população avança e a renda aumenta. E as evidências de conflitos e desastres naturais mostram que altos índices de morbidade e mortalidade resultam da expansão de doenças não-infecciosas, como hipertensão, diabetes e câncer.

Estes fatores, entre outros, “estão profundamente mudando a demografia e o fardo de doenças das populações afetadas por conflitos”, afirma o artigo publicado pela “The Lancet”, que exorta novas prioridades e recomendações nos tratamentos de saúde para responder adequadamente a conflitos futuros.

Para auxiliar na orientação de futuras estratégias, políticas e intervenções de saúde, o artigo propõe uma matriz composta por três cenários (acampamento, urbano e rural) e duas categorias de renda e expectativa de vida (baixa e média-alta). Dentro desta proposta, os autores recomendam mudanças nas quatro áreas antes mencionadas.

Spiegel e seus colegas afirmam que são necessárias novas estratégias para garantir serviços de saúde para populações dispersas e dificilmente acessáveis em cenários de baixa renda, com contínuo aumento de casos de doenças infecciosas e desordens neonatais. Para eles, doenças crônicas deveriam ser atendidas de forma mais sistemática em todos os cenários de conflito, independente de renda e expectativa de vida. Os autores também defendem o desenvolvimento de abordagens criativas para assegurar cobertura e acesso adequados de saúde para pessoas afetadas por conflitos e que vivem em áreas urbanas, e afirmam que desafios cruciais de mensuração e monitoramento precisam ser vencidos. 

Leja o artigo na íntegra