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Vôos de evacuação para pessoas que fogem da Líbia ainda são insuficientes

Comunicados à imprensa

Vôos de evacuação para pessoas que fogem da Líbia ainda são insuficientes

Vôos de evacuação para pessoas que fogem da Líbia ainda são insuficientesOs vôos de evacuação para trabalhadores migrantes e outros estrangeiros fugindo da Líbia não acompanham o ritmo do número de pessoas que cruzam as fronteiras.
11 Março 2011

GENEBRA, 11 de março (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados disse na sexta-feira que os vôos de evacuação para trabalhadores migrantes e outros estrangeiros fugindo da Líbia não acompanham o ritmo do número de pessoas que cruzam a fronteira para a Tunísia e para o Egito.

Pessoas continuam chegando à fronteira da Tunísia com a Líbia, numa taxa de aproximadamente 2,5 mil novos deslocamentos por dia. Entretanto apenas 800 a 1,2 mil pessoas são evacuadas diariamente, segundo informações da porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, aos jornalistas em Genebra.

“No momento, existem 17 mil pessoas de 25 nacionalidades no campo temporário em Choucha, sendo a maioria bengalesa. Todos aguardam evacuação ou outras soluções”, afirmou Fleming. Ela também reiterou que o ACNUR e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) renovaram o pedido de mais vôos de larga distância para Bangladesh e outros países asiáticos e subsaarianos, já que no momento estima-se uma escassez de 70 vôos.

“Somos gratos pelos financiamentos concedidos por doadores para o fretamento de vôos, os quais foram utilizados para elevar o número de partidas no fim de semana” disse.

Pessoas que acabam de chegar à Tunísia continuam reportando a existência de vários postos de controle entre Trípoli e a fronteira com a Tunísia em Ras Adjir. Alguns dizem que o número de postos de controle ultrapassa 100. O ACNUR também escutou relatos consistentes de que telefones, cartões SIM e dinheiro foram confiscados nesses pontos. “Temos também ouvido inúmeros relatos de ameaças e discriminação baseadas na cor da pele em todo o país”, afirmou Fleming em Genebra.

Um jovem do Zimbábue, entrevistado na Tunísia, disse que fugiu de Tripoli depois que uma gangue invadiu sua casa e atacou sua mãe e sua irmã, queimando-as vivas utilizando gasolina. “Eu não consigo dormir, vejo elas diante dos meus olhos”, disse. “Não tenho ninguém agora”.

Enquanto isso, os intensos combates no oeste têm resultado no acesso limitado aos hospitais, com muitos recém-chegados reportando medo de se aventurar fora de suas casas para conseguir comida. Ainda, de acordo com os refugiados eritreus e somalis que chegaram recentemente à Tunísia, alguns de seus amigos e membros da família em Trípoli estão com muito medo de viajar para a fronteira.

Fleming disse ainda que a equipe do ACNUR e seus parceiros em Trípoli continuam mantendo uma linha direta funcionando 24 horas para refugiados e solicitantes de refúgio na Líbia. “Por meio dessa linha, o ACNUR recebeu cerca de 800 ligações de refugiados e solicitantes de refúgio no país, bem como de alguns de seus parentes no exterior. Muitos dos refugiados estão pedindo ajuda e documentação ao ACNUR, que estão sendo concedidas em Tripoli”, diz. Os refugiados continuam relatando seus medos de serem apanhados em combate, a falta de recursos e o desejo de serem evacuados.

No campo de Choucha na Tunísia, essa frustração transbordou em raiva na quinta-feira, quando grupos de homens de Bangladesh começaram a protestar no acampamento. O protesto culminou em um gesto simbólico em que um homem era levado nos braços da multidão pela rua principal em direção à fronteira. Os manifestantes pediram a seus governos que os levassem para casa e também exigiram alimentos.

No início desta semana, o governo italiano evacuou 58 eritreus de Trípoli, incluindo 20 famílias, a maioria composta por mulheres e crianças. O ACNUR parabeniza o governo italiano por esta importante iniciativa humanitária.

Cerca de 4,5 mil pessoas continuam na fronteira com o Egito. Segundo a equipe do ACNUR, a maior parte está dormindo a céu aberto. A maioria dessas pessoas é proveniente de Bangladesh. A equipe do ACNUR tem relatado condições muito difíceis na região, com o frio intenso e a chuva aumentando a miséria dessas pessoas.

Os dados mostram que mais de 230 mil pessoas fugiram da violência na Líbia, sendo que 118 mil se deslocaram para a Tunísia, 107 mil para o Egito, mais de 2 mil para  Níger e 4,3 mil para a Argélia. O governo argelino informou formalmente ao ACNUR que suas fronteiras estão abertas a todas as pessoas que fogem da Líbia. Uma equipe do ACNUR se deslocará para a fronteira com a Argélia em breve.